Como experimentar a sensação do eterno?
Como experimentar a sensação do eterno?
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Há no ser humano duas tendências que, constantemente, estão flutuando: uma é a que trata de conduzi-lo em todos os movimentos mentais da vida para o que é passageiro, o instável; a outra, a que tende a levá-lo para o permanente. Desta última é de onde provêm as perguntas que o ser formula, buscando explicação para o muito que necessita explicar-se, para satisfazer às necessidades de seu espírito.
A Logosofia define as perguntas em dois planos totalmente diferentes, e atende somente as que correspondem ao plano do permanente, do eterno. Aquelas que são inspiradas pela curiosidade comum, que não tem nenhuma transcendência útil, são colocadas no plano do passageiro, do fugaz e instável.
As simples definições somente servem para acalmar uma inquietude momentânea. As indagações que o investigador expressa, devem ser antes elaboradas com plena consciência do valor que representarão para sua vida a explicação delas. E quando observa diariamente as coisas, os fatos, e em seus estudos medita sobre cada um dos aspectos que lhe interessam vivamente, deve tratar sempre de que tudo quanto recolha como explicação de suas interrogações seja transladado ao plano do permanente, do eterno; que essa explicação, uma vez recolhida e absorvida, não permaneça como traste inútil dentro da mente, senão que esteja ali para servir-se dela cada vez que as circunstâncias o requeiram, pois só assim é como a vida toma corpo e se faz possível sua expansão sempre mais ampla, tanto interna como externamente.
O conhecimento é a substância que permite ao homem experimentar a sensação do eterno
Não se há de fazer da vida algo inservível, que se desintegre por não se haver tido a precaução de uni-la a uma existência firme, permanente e eterna. Os fatos da vida comum, as atividades diárias transformam a vida em uma natureza inferior, que sucumbe frente às tantas contrariedades que a falta de conhecimento provoca.
É necessário refletir e meditar com serenidade e paciência sobre os altos alcances da vida, quando esta, em um contínuo esforço de superação, consegue transpor as limitações da humanidade, a qual não busca nem se esforça para alcançar a vida superior, ou seja, aquela que oferece o conhecimento de altas verdades que a mente comum não pode apreciar; porque não é possível que elas sejam compreendidas por uma razão incipiente, por uma mente indisciplinada. Quantas vezes uma desgraça não deveu iluminar a vida, quando poderia tê-la iluminado uma alegria!
Ninguém poderia dar um passo além de suas possibilidades, desde que a humanidade nasceu, se não tivesse sido pelo conhecimento, que, constantemente, acicateou o espírito dos homens e os estimulou e animou para prosseguir a luta e vencer.
O conhecimento é a substância eterna que, ao ser assimilada, permite ao homem experimentar a sensação do eterno. Aquele que não estuda, que não vai à procura do conhecimento, limita sua existência e restringe suas possibilidades ao mínimo.
Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 147