O inferno são os outros?

O inferno são os outros?

A comiseração social, o eu no todo, a adequação as expectativas dos outros, o espelho nos olhos dos outros, a linguagem verbal, a linguagem corporal, a linguagem escrita tradutora da comunicação social ascende e descende indivíduos.

Este império do poder entre o eu versus o social, a sociedade; o que sabemos sobre os outros? Qual objetivo tem o outro em relação a mim? Porque consideramos o outro amigo? Porque consideramos o outro inimigo? Que tem haver eu com o outro? Será que eu me basto? O outro é estranho? O outro é semelhante?

Podemos observar que tanto o eu como o outro sejam quem forem estão em processo de transição neste contexto.

O mundo é locatário de seres perenes, perecíveis, o outro existe mas pode não existir mesmo que eu exista; o outro pode existir mesmo que eu não exista.

Ninguém engana ninguém, mas todos enganam a si mesmos.

Quando colocamos o outro para nos avaliar, testar, argumentar, atribuir valores sobre nós mesmos estamos nos enganando e o pior é que nos acostumamos muito nesta situação.

Veja a questão do belo, o belo só existe em nós se alguém vier a afirmar que este belo foi enxergado pelo outro.

O que o outro sabe sobre o belo? Se meus olhos são a melhor visão que tenho de mim mesmo, porque indagar os outros sobre minha beleza?

O que o outro sabe sobre minha inteligência? Se minha mente é a melhor medida sobre a consciência do que sei, ou seja, da consciência de minha inteligência. Para que indagar os outros sobre minha inteligência?

Quando transferimos aos outros nossas indagações viveremos nos outros e os outros nos colocaram onde bem os quiserem seja no inferno ou no céu.

Mas este céu e este inferno é um habitat dos outros, posso estar nele e não estar porque meus valores podem não corresponder ao que os outros pensam de mim.

Uma solução plausível é tentar ouvir e filtrar o que ouve, ver e filtrar o que vê, sentir e filtrar o que senti, perceber e filtrar o que percebe, pensar e filtrar o que pensa.

Quando tratar dos outros deixemos livres para que os outros o deixem livre também.

E seu céu será seu habitat e seu inferno será seu quando quiseres, mas não terás como julgar e culpar os outros, mesmo porque eles não serão mais do que um nada na sua historia de vida.