Cultivando a mente
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Nas pessoas em geral observa-se, com bastante frequência, que a maioria pretende resolver seus problemas ou encontrar soluções para as situações complicadas que se apresentam no curso da vida, somente nos breves momentos em que ocupa sua mente nisso, quando a ameaça de perigos já pressiona e é necessária, em curto prazo, uma decisão terminante.
A Logosofia define esta posição como inconsistente, irracional e ilógica, apresentando, como exemplo, um ser que pretendesse chegar ao destino antes de ter partido. Poderia oferecer também a mesma imagem um homem que forçasse desesperadamente o crescimento de uma árvore, a fim de obter a fruta muito antes do tempo, ou que amaldiçoasse o veículo que o transporta de um lugar a outro, por não acelerar a velocidade em mil por cento, conforme seus desejos e aflição.
Quem conhece a atuação dos pensamentos como entidades autônomas não força o livre exercício de suas faculdades mentais
O investigador da Logosofia, que já tem certos conhecimentos sobre a atuação dos pensamentos como entidades autônomas, não força – como faria quem pretendesse encontrar brusca e precipitadamente uma fórmula mágica para resolver os problemas que inesperadamente o pressionam – o livre exercício de suas faculdades mentais, senão que as estimula constantemente, proporcionando-lhes todo elemento propício e evitando-lhes, no possível, perturbações externas que dificultem o processo da solução que se elabora na retorta mental.
O homem vive geralmente sem rumo fixo, à mercê do destino que o leva de um lado a outro. Isto quer dizer que não pode ter a menor segurança de seu futuro. Não fixou uma rota a seguir nem um objetivo pelo qual deva trabalhar empenhadamente, com decisão indeclinável e firme entusiasmo. Daí, então, que não possa dirigir conscientemente o processo de amadurecimento de nenhuma ideia e, quando esta sobrevém por inesperada inspiração, seja o primeiro a surpreender-se. Não pode fazê-lo por falta do conhecimento técnico e da capacitação adequada para realizar, com êxito, um labor tão próprio da inteligência e de caráter tão eminentemente individual.
Ao contrário, quem experimenta os conhecimentos logosóficos prepara seu campo mental adubando científica e convenientemente seus cultivos, a fim de que nesse campo germinem as ideias e floresçam os conhecimentos.
Como ele faz? Muito simples: determinando com precisão o que se propôs cultivar, seja em ciência, em arte ou em tudo o que pertença à Sabedoria Universal; fixando as normas de conduta que haverá de seguir; definindo depois os exames a que deverá submeter o cultivo do conhecimento escolhido; efetuando ensaios dos primeiros resultados e, finalmente, experimentando a certeza que lhe dará a segurança de sua posse real.
Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 29