DA PRÉ A HISTÓRIA ANTIGA: O CAMINHO DA COMUNICAÇÃO.

Acredita-se que a comunicação começa quando o hominídeo do Paleolítico Inferior (Idade da Pedra Lascada) passa a viver em pequenos agrupamentos (Sociedade dos Caçadores e Coletores), estimulando um inter-relacionamento social, fomentando, portanto, a comunicação.

Seus gritos e gestos para se fazer entender, levam o troglodita (homem que vive em caverna) a externar intenção e indicar objetos, sendo aprimorado com a linguagem, inicialmente, restrita, depois como vestimenta de idéias, transmitindo conhecimentos e criando um acervo de raízes culturais.

O uso de pinturas rupestres, nos interiores das cavernas, retratando o seu dia-a-dia, suas glórias, seus medos, a magia do desconhecido (mágico-religioso), ou, até mesmo, como forma estética, leva o hominídeo do Paleolítico Superior a dar o passo inicial para, através da pictografia, criar uma sucessão de relatos coerentes; designar conceitos abstratos e ideogramas, formando assim, as primeiras formas articuladas da escrita.

Já os primeiros sinais gráficos, supostamente, surgem com o caçador que risca em sua lança, o número de presas abatidas (Paleolítico) ou do lavrador que marca as luas para escolher a época do plantio (Neolítico) e, a escrita surge então, no final da Idade dos Metais, quando o homem une a pictografia, acrescida de ideogramas e incorpora sílabas, formando palavras, que juntas (letras ou sinais alfabéticos, correlacionadas com a escrita e a voz humana), representam graficamente a fala.

Através das pinturas rupestres, o homem cria a comunicação visual, bastante utilizada no mundo antigo, através da sua arquitetura (pirâmides, zigurates, templos, jardins, palácios, etc.) e com a comunicação oral, amplia seu poder sobre o clã, aldeia ou agrupamento, tão bem relatado na Bíblia, tendo como exemplo, os Patriarcas Hebreus, que através da oratória, massificavam, unificavam, transformavam costumes, culturas e crenças.

Com o advento da escrita, pelos Sumérios (povo da Mesopotâmia, que inventou a escrita cuneiforme), a comunicação passa a registrar seus acontecimentos, levar mais longe os fatos e documentar-se dos seus feitos, como as obras literárias sumerianas: O Mito da Criança e a Epopéia de Gilgamech.

Os babilônicos usaram o poder da comunicação escrita, para aplicar o primeiro código de leis da história – O Código de Hamurábi – baseado nas Leis de Talião e mantinham, provavelmente, historiógrafos incumbidos de escrever no seu dia-a-dia, os principais acontecimentos do país.

Os egípcios inauguram uma nova forma de comunicação – os correios – ao mandarem cartas gravadas em baixo relevo, sobre ladrilhos de cerâmica para os pontos mais distantes do reino, por mensageiros a pé e, os faraós Amenófis II e III trocavam correspondências com os soberanos da Babilônia, em cartas escritas com gravações em tábuas de argilas, para mais tarde aprimorarem o substrato utilizado na fixação da escrita, com a fabricação do papiro (planta encontrada às margens do Rio Nilo), que passou a abastecer várias regiões da Ásia e da Europa, e, cabem também aos egípcios, o maior acervo cultural da antiguidade, com a sua famosa biblioteca.

Os persas e as colônias jônicas se utilizaram do couro dos animais para registrar documentos, porém, foram os habitantes de Pérgamo (cidade da Ásia Menor), através do seu Rei Êumenes, quem melhor utilizou a pele de animal, principalmente, a de carneiro, acabando por ter seu reino servido de nome desse novo substrato da escrita: o pergaminho. Os persas também foram inventores na comunicação, ao dar início ao primeiro correio a cavalo da história, com linhas regulares por todo seu império, através da estrada real, num total de 2.400 km, além de retratar em seu livro (o Zend - Avesta), sua cultura e religião. Os Hebreus (povos bíblicos) usavam da oratória e do seu livro sagrado (profecias, salmos, cânticos, evangelho etc.), a comunicação que precisavam para difundir a sua crença em um só Deus.

Os cretenses e fenícios se utilizaram de pombos, grous e andorinhas, pintados com cores de determinados significados, de acordo com um código pré-estabelecido, para se comunicar.

Os fenícios, posteriormente, foram os maiores difundidores da comunicação, através do seu comércio marítimo, estreitando distâncias e acontecimentos, tendo sido, inclusive, os inventores do alfabeto, facilitando assim a maior comunicação em todas as áreas do conhecimento antigo.

Os gregos foram mestres na comunicação oral, e as informações sobre assuntos de interesse público eram, principalmente, difundidas pelo arauto, pelos avisos, por boatos e fuxicos, por relatórios orais e discussões nas diversas comissões e assembléias que formavam a sua democracia; os líderes políticos eram levados a ter um relacionamento direto e imediato com os seus eleitores. Mas também deixaram sua marca na comunicação visual e escrita, através do seu teatro e dos seus épicos: Ilíada e Odisséia, do cego Homero; dos historiadores Heródoto (pai da história) e de Lucídides, que narraram às guerras grego-pérsicas; dos filósofos Sócrates e Platão, no século do grande orador Péricles e, de Fídipedes, que correu, como se fosse um mensageiro do correio, por mais de 40 km, para dar a notícia da vitória grega sobre os persas na Batalha de Maratona, caindo morto de exaustão ao pronunciar a palavra “vitória”!

Os romanos foram, talvez, os senhores da comunicação na antiguidade, tendo disseminado de forma surpreendente e eficiente, os correios, por estradas pavimentadas, com toda a estrutura necessária, num total de 80.000 km de trajeto; foram os pais de um novo tipo de comunicação até então desconhecida: o jornal. Utilizava com freqüência o jornal mural, O Pontifex Maximus (era feito em uma tábua branca, denominada “álbum”, primeiramente), para publicar suas Leis, seus Decretos, as Datas Solenes, etc. E depois, seguindo a mesma linha, publicava o Acta Senatus (resumo dos debates e deliberações do Senado Romano) e, o Acta Diurna (composta diariamente para levar ordens e informações oficiais ao conhecimento do povo), que através do tempo foi se transformando, incorporando o noticiário da Casa Imperial e a vida privada do Imperador, além de noticiar fatos momentosos ou incomuns, fomentando no mundo romano uma abundância de informações atualizadas com variedade de matéria e com periodicidade, portanto um verdadeiro jornal, só que mural, e foram os primeiros a escreverem sobre um dos fundamentos do Direito, através das Leis das Doze Tábuas.

Os chineses também foram responsáveis, na antiguidade, por algumas das invenções na comunicação, sendo-lhes creditado, a invenção do papel, no início da era cristã, como também, para alguns, o correio. Portanto, a comunicação atravessa gritos e gestos, riscos e marcas, pinturas rupestres e pictográficas, ganha espaço com a fala e a escrita, ultrapassa barreiras com o comércio e os correios, impõe limites com suas leis escritas, cria mitos e lendas, se enriquece culturalmente com o teatro, a filosofia e a religião, abre espaço para o conhecimento através de suas bibliotecas, inventa o jornal e registra tudo isso na história dos primeiros povos civilizados, com tudo que foi possível servir de substrato: pau, pedra, casca, cera, osso, pele, tecido, papiro, pergaminho e papel.



 
Fontes: Costella – Do grito ao satélite.
Mota – História das Cavernas.
Borges Hermida – História Antiga e Medieval.
Rivair Macedo – Uma história em Construção.



Obs. Imagem da internet

Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 08/04/2007
Reeditado em 16/01/2012
Código do texto: T441551
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