Como tornar a vida mais fácil de ser vivida
Como tornar a vida mais fácil de ser vivida?
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Muitos, entre as tantas deficiências que apresentam, têm a de incomodar-se frequentemente por pequenas coisas; isto, naturalmente, impede que a capacidade de reação atue com serenidade e reprima o movimento interno de incômodo. Para isto, é mister acostumar-se a todos os incômodos; sentir felicidade até nos momentos em que a comodidade nos falta, pois devemos aprender a sentir-nos cômodos em meio a todas as incomodidades. Deste modo se conseguirá vencer a referida deficiência; depois, qualquer coisa nos proporcionará um grande agrado, até a menor comodidade, aquela que antes teríamos desprezado, pensando que merecíamos muito mais.
Outra coisa que se deve desprezar quando se vai em busca de um melhoramento, é o pensamento de que outros nos sirvam, já que, se fosse assim, deixaríamos esquecido nosso ser, a quem nós mesmos devemos servir. De outra parte, querer que os demais nos sirvam, permanecendo nós mesmos indiferentes às necessidades alheias, transforma-se em uma pretensão, e as pretensões têm o vírus da violência, por não haver dentro delas nenhuma aspiração.
A pretensão sempre quer impor-se; é algo caprichoso, que fecha os olhos da consciência para inflamar a imaginação com coisas irreais. Os seres se chocam, assim, uns contra os outros, desviando-se sempre mais da rota que devem seguir, justamente porque a pretensão, ao ser manifestada, não invoca outra razão mais do que a emanada de um desejo incerto, que o próprio ser não sabe explicar.
A aspiração é, em vez disso, sã e elevada; se vai atrás de sua realização pelo próprio esforço, sem escorregar nunca pela encosta da pretensão, que é um sinal de violência.
A felicidade se conquista pelo esforço individual
Cada ser humano deve aprender, pois, a servir a si mesmo, a ser capaz de levar a cabo, com bom ânimo, suas próprias obrigações. Deste modo, poderá, com seu exemplo, ajudar aos demais na adoção desta conduta, tão prática como benéfica. Fica entendido também que jamais deveremos nos sentir incomodados ou molestados; há que dominar essa deficiência e estar sempre bem dispostos; somente ante uma boa disposição as moléstias e as incomodidades fogem, as quais, com frequência, incitam o homem até fazê-lo cometer coisas em que nem sequer havia pensado.
Este é um nobre labor que cada um, como operário de si mesmo, deve ir realizando, para concretizar uma obra que representa a própria vida e na qual conseguirá obter para si o mais alto pagamento que possa ganhar, que é a felicidade conquistada pelo esforço individual, que a ninguém prejudica, antes, ajuda os demais a que possam também realizá-la, para ser igualmente felizes, aumentando-se deste modo a própria felicidade e tornando possível o cumprimento de todos os desejos, ao facilitar-se com isso a Obra Magna da Criação.
Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 267