Primorosas lições da natureza
Primorosas lições da Natureza
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Na Natureza todas as partículas que a configuram colaboram entre si. Daí que seja possível – pelo concurso de todos os elementos da Criação – que surjam os vegetais e deem formosas flores e frutos.
Se pusermos uma plantinha em um vaso de concreto, colocando-a depois num pátio, só servirá para distrair egoisti¬camente nossa vista, pois a planta se esterilizará, visto que sua semente terá caído sobre o piso frio, que não pode recolhê-la e, portanto, não será possível que continue existindo através de outras plantas surgidas de sua própria semente, pois, que concurso pode prestar o piso ou o mármore à semente?
Todavia, se em vez de cair em lugar infecundo, encontrar ter¬ra fértil, que se umedece com o orvalho da noite ou com a rega que lhe oferece alguma mão caridosa, veremos surgir uma planta aqui, outra ali e muitas mais, sucessivamente.
Se cada um de nós trabalha, adiantará; em vez disso, isolando-se em si mesmo, sua semente cairá, também, sobre a lousa fria e não terá continuidade de vida, porque ali mor¬rerá. Se, porém, como as plantas que crescem em terreno fér¬til, lança ao redor a semente do seu entendimento, e uns e ou¬tros estendam prodigamente a mão para regá-la, logo haverá muitas plantas da mesma estirpe, da mesma semente.
A Natureza, que é obra do Supremo Criador, nos dá um sublime exemplo
Não é possível ir contra os desígnios eternos, porque eles são os princípios inalteráveis que constituem a vida imortal; e se a Natureza, que é obra do Supremo Criador, está dando esse sublime exemplo, não pode o ser humano, dotado de inteligência, pensar opostamente, contrariando esse princípio de colaboração e de irmanação na própria vida.
Muitas vezes se tem visto um arbusto dar sua sombra a uma planta que nasce, preservando-a, deste modo, dos raios ardentes do sol ou protegendo-a do granizo. E tem-se visto, também, essa planta tomar corpo e alongar seu tronco protegendo depois o pró¬prio arbusto que, no princípio, lhe deu sua sombra protetora, e que, possivelmente teria morrido, açoitado pelos vendavais, se não se achasse sustentado pelo tronco dessa planta que lhe ofereceu generoso amparo.
Terão podido observar na Natureza algo também muito curioso: existem árvores que com suas raízes alimentam as de outras pequenas plantinhas, e também existem as que, debaixo da terra, lhes absorvem a vida e as secam. Espero que todos sejam como a primeira e ofereçam a vida às plantas pequenas, mostrando-lhes as raízes de seu conhecimento, de seu exemplo e de sua moral, para que essas plantinhas se nutram com esse exemplo, com esse conhecimento e com essa moral e cresçam robustas. Acaso não haverão de provar cada um desse fruto que irá nutrir depois sua velhice?
Trecho extraído do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico p. 116