O PAPA É POBRE?
Os Engenheiros do Hawaii, em 1990, lançaram o seu quinto álbum de estúdio e o intitularam: O PAPA É POP, no disco havia uma faixa homônima que hoje está presente em qualquer coletânea da banda gaúcha. Após o término da Jornada Mundial da Juventude e a ampla cobertura da mídia em decorrência da visita do pontífice romano, não há dúvidas de que como diz a canção, O POP NÃO POUPA NINGUÉM. Só que Francisco tem uma postura muito diferente de um POPSTAR e carrega uma simplicidade pouco vista por homens que exercem poder, e no seu caso é um poderio duplo, já que é Chefe de Estado e autoridade religiosa. Uns dizem que é puro marketing. Será mesmo?
Quando ainda era Cardeal em Buenos Aires, Jorge Bergoglio já era conhecido pelo desapego material. Um grande exemplo disso era que o mesmo usava o transporte público ao invés de acionar o chauffeur que a sua posição lhe permitia. Sua fala sempre foi direcionada aos pobres, os argentinos o amam. Jornalistas que cobriam assuntos reliosos na terra natal do Papa dizem que a sua postura não os surpreendem em nada. É o Bergoglio de sempre. Segundo eles, coerente em seu discurso e em sua prática. Mas os brasileiros estão boquiabertos com o que viram da "Sua Santidade" durante toda a sua estadia no Brasil.
Francisco chegou num avião comercial, carregando sua bagagem de mão, escolheu um carro popular para andar pelas ruas do Rio de Janeiro (e com o vidro aberto) e dorme numa cama de solteiro igual a dos outros sacerdotes que o acompanham. Não deveríamos nos espantar com isso, pois Cristo era simples e não tinha sequer um lugar para reclinar a cabeça. No entanto, ficamos admirados por causa dos incontáveis maus exemplos de homens que dizem-se cristãos e denominam-se sacerdotes do Evangelho, mas vivem numa ostentação absurda, morando em mansões e/ou fazendas milionárias, gerindo várias empresas ao invés de dedicar-se exclusivamente ao pastoreio, viajando em jatinhos particulares e exigindo hospedagem em hotéis 5 estrelas. Diante dessa postura, muitos tem se decepcionado com o Cristianismo e se admiram quando alguém com o prestígio do Papa anda na contramão da opulência.
Não sou católico e tenho várias divergências doutrinárias e políticas com a Sé de Roma. Sou cristão reformado e não considero o Papa como sendo o sucessor de Pedro, ou muito menos de Jesus. Conheço alguns reformados que repudiam os elogios feitos ao pontífice, pelo fato deste ser representante do catolicismo e suas falácias dogmáticas, todavia vi os mesmos, imprudentes, defenderem homens como Feliciano e Malafaia, apenas por estes serem evangélicos. Se há heresias na igreja romana das quais eu não me identifico, o mesmo ocorre com a teologia da prosperidade defendida por estes pastores. Heresia por heresia, colocando numa balança não sei qual vai pender mais. Só que este texto não é um tratado teológico. O que está em discussão aqui é a SIMPLICIDADE.
Pois bem, confesso que gostei da postura de Francisco e desejo que muitos líderes eclesiásticos prestem um pouco mais atenção no estilo de vida que tem levado. O Papa tem demonstrado que é humano e procura ter proximidade com os fiéis. Cristo, embora sendo Deus, se fez homem e se aproximou das pessoas com misericórdia. A pobreza de espírito foi a primeira bem-aventurança proferida por Jesus. Isso não é um fator aleatório. É essencial que sejamos pobres em espírito para que assim, possamos andar pelo caminho estreito. Nesse sentido, o Papa é pobre? Não sei ao certo. Sei apenas do meu dever em observar tal mandamento. Ao invés de criticá-lo, devo imitá-lo, pois ser SIMPLES não é ser igual a Francisco. SER SIMPLES É SER IGUAL A CRISTO.