Convivência: a parte que cabe a cada um

Convivência: a parte que cabe a cada um

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Em geral, cada um espera, senão tudo, pelo menos 90% dos demais, parecendo-lhe ainda muito esses 10% que põe de sua parte. Esta posição tão equivocada faz perder muitos afetos, muitas amizades e relações, às quais algumas vezes se seguirá vinculado, mas somente em aparência. Assim, pois, é mais conveniente que cada um coloque 100% de sua parte, confiando tudo, se possível, às próprias possibilidades. Isto dará a oportunidade de poder servir a si mesmo e, excedendo essa porcentagem, servir aos demais, podendo fazê-lo da melhor forma, inculcando-lhes que coloquem também de sua parte os 100% de suas possibilidades.

O grande dilema do mundo, desde o princípio até o presente, e que ainda alcançará o futuro, está na luta entre dois grandes: o indivíduo como figura humana, aquele que Deus criou sobre a Terra, e o coletivismo, ameaçando absorver o indivíduo. O primeiro é positivo, uma vez que existem nele uma inteligência e uma maneira de sentir que ninguém poderá dizer que lhe deu, senão um só: Deus; e o que Deus outorgou ao homem não pode ser modificado sem que a humanidade sofra os mais cruéis descalabros.

Para que o indivíduo possa enfrentar o coletivismo – o negativo –, que trata de absorvê-lo e anulá-lo, deve aperfeiçoar-se, completar-se; então será invencível, quando consiga ser digno de transitar pela Terra como Deus quis que transitasse, vivesse e se estendesse na família.

O homem deverá mover-se sem suplantar o semelhante ou tomar seu lugar,

pois cada um tem o seu, que pode ampliar sem incomodar ninguém

É necessário buscar, então, todos os fragmentos de imperfeição que diminuem a figura humana. Se, entre esses fragmentos, forem encontrados alguns que suplantem até a própria figura, deverão ser destruídos pouco a pouco; por exemplo, se um deles é o egoísmo, deverá ser combatido até que se consiga eliminá-lo e substituí-lo por algo útil para a existência e para os desígnios da Criação. Se for encontrado o da propensão ao ócio, será necessário destruí-lo, colocando-se em seu lugar o fragmento que corresponde, ou seja, o que enche a alma de vigor e induz à atividade, à ação e ao constante movimento, sempre sinal de vida, qualquer que seja sua manifestação.

Como já foi dito, devido a uma tendência muito enraizada no homem, se espera sempre 90% dos demais, e mesmo esses 10% que se oferecem parecem muito. Isto acontece em todas as manifestações da relação ou vinculação humana; valoriza-se muito mais o que se dá do que o que se obtém e, naturalmente, isso promove uma constante luta de apreciações, porque é lógico que, em tal situação, as partes que atuam não julguem o fato na mesma medida. Agora, se invertermos a imagem, isto é, se quem recebe aprecia em seu justo valor o que recebe, já não interessa em quanto possa estimá-lo quem deu e, de sua parte, cria a si mesmo uma obrigação moral à qual, se é inteligente e apto, saberá corresponder, ao mesmo tempo em que valorizará com exatidão o que seja capaz de dar.

Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 193

Carlos Bernardo González Pcotche
Enviado por Edlamar em 21/07/2013
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