RASGANDO AS CARTAS
Já não se terminam os romances como antigamente.
Era muito mais romântico (dramático, eu quero dizer) rasgar cartas e transformar fotos em picadinho ao final de uma história de amor.
Conheço casos em que a pessoa queimava tudo. Ou, pior, recortava o outro, restando apenas uma parte da fotografia.
Algumas pessoas até devolviam as cartas.
Que coisa mais antiga!
E mais bonita de se recordar!
Devo estar ficando velha.
Ficando não! Eu sou velha, assumida!
Pra essas e outras coisas voltadas para o romantismo, sou do passado, estou no tempo errado.
Ao invés de estar anos à frente, volto sempre ao tempo que eu gostaria que fosse o meu.
Eu queria sim, rasgar um monte de cartas, estraçalhar fotos, e chorar, desesperadamente fazendo isso, como se ali estivesse descarregando toda a minha ira (ou meu lamento pelo fim).
Deletar arquivos e imagens diante da tela de um computador não tem nada de emoção. É, no mínimo, estranho.