Estradas fantasmas do Brasil.
Um grupo de pesquisadores brasileiros concluiu o primeiro mapa de uma rede rodoviária que não consta em nenhum documento oficial do país.
São estradas ilegais que cortam a Amazônia. Essa malha ilegal chega a ser duas vezes e meia maior que a rede de estradas abertas legalmente, são 173.023 quilômetros de estradas ilegais!
Mato Grosso, Pará e Rondônia concentram 90% de todas as estradas ilegais da Amazônia e cresce rápido, calcula-se que por ano sejam abertos 1890 quilômetros.
O estudo mostra que essas vias de terra batida, já estão atingindo reservas ecológicas ou áreas indígenas para extração de madeiras nobres, principalmente o mogno.
Os ramais são abertos a partir de estradas já existentes. Tudo começa com empresas madeireiras, que usam tratores, chegando a entrar 10 quilômetros mata adentro, retirando árvores de maior valor comercial por cerca de dois anos.
Com a estrada aberta, após esse período, é a vez dos grileiros se apropriarem da terra, dividindo-a em lotes e forjando documentos de posse. Vendem depois aos agricultores que exploram os nutrientes do solo em duas ou três safras, limpando tudo com queimadas depois. Com a terra esgotada, os lotes então são repassados para os pecuaristas e onde existia a floresta, se torna pasto.
A punição para esses casos é quase nula e o lucro compensa o risco de desmatar e ocupar terras públicas. A fiscalização é ineficiente e quando alguém é autuado, é multado, o que acontece em apenas 12 % das notificações, com os Recursos Judiciais, as multas podem levar anos para serem pagas. E dificilmente os invasores são obrigados a deixar o lote invadido.
Todos esses fatores têm trágicas conseqüências, pois como esses ramais rodoviários são abertos ilegalmente, as ocupações das terras também se tornam clandestinas, o que gera grande violência na região por disputa dessas terras.
Outro estudo divulgado recentemente mostra o mapa da violência nos municípios brasileiros: cinco das dez cidades mais violentas do país estão na Amazônia.
Geralmente as estradas trazem desenvolvimento para uma região. Trazem energia elétrica, hospitais, escolas e emprego.
Mas nesse caso descrito na reportagem “Os caminhos da devastação” da Revista Época de março/2007, para a Amazônia, trazem somente a devastação da floresta.
A derrubada da mata não melhora a vida da população que é atraída pela abertura das estradas. De acordo com o IBGE, dos 16 milhões de pessoas que habitam a floresta, 70% estão em condições de miséria absoluta.
Esse estudo sobre as estradas ilegais na Amazônia, se tornou um importante documento para que os órgãos de fiscalização saibam onde está o grileiro, o madeireiro e o agricultor ilegal.
Vamos torcer para que as autoridades façam um bom uso desses dados e acabem de vez com esses caminhos da devastação.