Súplicas de um Desventurado

As atitudes do deputado Marco Feliciano parecem, a cada dia, estar ligadas à filosofia do absurdo, levantada por Albert Camus em seu ensaio de 1941: “O Mito de Sísifo”. Seja, em termos, pela revolta exigida quando ocorre a realização do absurdo, quanto pelo provável destino que terá sua “pedra ideológica” – já desgastada por séculos pela falta de lapidação devido à "incompetência da América católica", talvez, por conta do inexorável desespero em firmá-la no topo de algum Monte Sinai abstrato, ou de qualquer outro altar pseudo-apoteótico.

Se, porventura, o senhor deputado, por se achar fortalecido demais após receber tamanha evidência por tantas baboseiras já proclamadas, decidir seguir com seu “Trabalho de Sísifo”, não seria um mau agouro esperar que, durante uma pausa para descanso enquanto carrega sua pedra para o topo da montanha ou, até mesmo, após uma parte pontiaguda da pedra, indubitavelmente lascada, ferisse sua mão santa, a mesma deslizasse de volta com todo seu peso passando por cima dele e de todos que atrás o seguem, até que, enfim, a pedra encontrasse descanso no terreno plano (ou no “plano terreno”?), onde sempre pertencera.

(Já que o texto poderia ser denominado como “satânico” [não?], por quem não merece ser citado mais uma vez, eu suscitei só de pirraça a parte “a incompetência da América católica”, trecho da música Podres Poderes, de Caetano Veloso, o qual fez pacto com o diabo para obter sucesso, como foi insinuado pelo mais polêmico “Marco” de nossa sociedade atual)

Para a escassez de viés, restam apenas as súplicas de um desventurado:

"Irmãos da Frente Parlamentar Evangélica. Estou desempregado e, por conseguinte, ando sem tomar o vinho e sem dinheiro pra depositar o dízimo. Como anda o nepotismo ai na bancada divina, queridos IRMÃOS?"

(Em 11/04/2013)