A elfa nobre que caminha entre os humanos

A ELFA NOBRE QUE CAMINHA ENTRE OS HUMANOS

Miguel Carqueija




Uma das mais complexas sagas dos mangás e animês — e que começou em RPG — é “Record of Lodoss War” ou seja, as “Crônicas da Guerra de Lodoss”, que apresenta ingredientes muito semelhantes aos de J.R.R. Tolkien em “O Senhor dos Anéis”. Passa-se, da mesma forma, em um mundo alternativo onde, como na Terra Média de Tolkien, existem seres como elfos, anões, orcs e outras criaturas fabulosas. “A Bruxa Cinzenta”, com história de Ryo Mizuno e desenho de Yoshihiko Ochi, é uma das divisões da saga e nela surgem alguns dos personagens mais destacados, como o Cavaleiro Livre Parn (que não serve a nenhum reino) e a elfa nobre Deedlit.
Lodoss é um pequeno continente, com forma semelhante à Austrália, dividido em várias nações e onde coisas terríveis acontecem. Periodicamente ocorrem guerras medonhas e intensos confrontos entre o bem e o mal. E nesse contexto surge a bela, romântica e corajosa Deedlit, uma charmosa elfa nobre, majestosa com sua capa, a elfa que “caminha entre os humanos”.
Vocês que me lêem, com certeza sabem que os elfos são, por via de regra, metidos a besta, orgulhosos, arrogantes e pretensiosos. Eles se acham, pois têm consciência de seus poderes, conhecimentos e longevidade. Por causa disso, demonstram um solene desprezo para com as outras raças, tais como anões, goblins, orcs, ogros e, inclusive, os seres humanos. Para eles, são tudo raças inferiores e desprezíveis, por isso os elfos não se misturam e preferem se manter isolados nas suas florestas luminosas.
Deedlit não é assim. Humilde e bondosa, ela preferiu abandonar as terras elficas, por não suportar o cabotinismo dos seus, e viver nos territórios humanos. Ela enxergou que os humanos são um misto de miséria e grandeza e que, mesmo em meio a tantas guerras e brutalidades, eles são capazes de amor e generosidade. Abandonando a utopia, Deedlit tornou-se uma renegada entre os seus. A situação é tão atípica que mesmo o mago Slayn se admirou: o que faz uma elfa nobre numa cidade de humanos? E, de inicio, teme que ela carregue más intenções. Deedlit, mais tarde, dirá que havia conseguido enxergar “o brilho da alma humana”.
Um dos protocolos desses mundos de fantasia é que elfos e anões não se bicam. Podem até atuar juntos na mesma missão, desde que haja seres humanos presentes, que sirvam de moderadores (lembrando aqui que, em fantasia, os anões não são pessoas muito baixas por anomalia orgânica, mas uma raça à parte, e também não são tão pequenos: parrudos, fortes e zangados, com talvez 1,30 m, costumam ser ótimos guerreiros).
Quando a doce Deedlit conhece Ghim, o anão que faz parte do grupo de Parn (onde também estão Slayn e o monge Etoh), não faltam as farpas mútuas. Deedlit e Parn comem juntos e o jovem guerreiro bebe alem da conta; para retornar à estalagem, precisa ser amparado pela elfa. Ghim aproveitou para lançar uma farpa: “Ficar bêbado é lamentável... ou será que se embebedou com o charme perigoso de uma elfa?” A atingida, evitando perder a esportiva, dá uma resposta genial: “Pobres humanos que precisam conviver com tantos anões grosseiros... o ser humano não tem estômago tão forte. Ah, sim, só esclarecendo (dirige-se aí ao mago Slayn), diferente dos anões... elfos não são venenosos”.
A tradução de “A Bruxa Cinzenta” é de Kazuko Furuya e a edição da Panini, em três volumes.

 
Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 28/06/2013
Reeditado em 01/04/2017
Código do texto: T4362730
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