LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL: PRÁTICAS ESSENCIAIS PARA O ENEM E PARA VIDA EM SOCIEDADE
Pela leitura de um só livro, pode-se chegar a todos os outros, com tempo e disposição.
Benedito Nunes.
Na atual conjuntura social, onde as informações caem a todo o momento, em todos os lugares e, muitas vezes de qualquer jeito, necessita-se cada vez mais de pessoas que saibam exercer a sua cidadania, analisando, criticando e “peneirando” as informações que a todo tempo são jogadas para uma sociedade, muitas vezes, passiva. Porém, além de analisar, criticar e peneirar é preciso elaborar ações que possam intervir de maneira satisfatória na realidade social, ou seja, é preciso que a sociedade forme mais cidadãos críticos, capazes de discutir a realidade social. Nessa perspectiva, parte-se do pressuposto que tais cidadãos precisam ser formados através de uma ferramenta essencial para a sociedade: a leitura.
Quando se fala em leitura aqui, quer-se pegar o bojo da concepção de leitura, apresentada, por exemplo, por Ingedore Koch que define leitura como uma atitude interativa, altamente complexa, de produção de sentido que se realiza com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de saberes prévios (Koch, 2006). Tendo-se essa habilidade, pode-se dizer que se tem, portanto, um bom leitor, um bom cidadão capaz de discutir as informações apresentadas pelos diversos meios sociais. É esse perfil que se espera, por exemplo, encontrar em um aluno que pretende fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que, como se sabe, caracteriza-se por ser um exame no qual se trabalha com propostas de leituras e produção textual voltadas para o contexto social do aluno, esperando, assim, que o estudante saiba lidar com informações que, diga-se de passagem, têm várias naturezas: matemática, científica, filosófica, religiosa, artística, vinda de vários rumos e meios sociais, como televisão, internet, rádio, dentre outros.
Saber lidar com todas essas informações é importante para fazer o ENEM, pois o Exame trabalha com uma proposta voltada para a interdisciplinaridade e intertextualidade, fazendo com que as diversas áreas do conhecimento dialoguem entre si, exigindo cada vez mais do aluno a busca por leituras de mundo, que, por sua vez, facilitará a interação do vestibulando com a prova.
Posto isto, cumpre ressaltar que para que a relação entre vestibulandos e ENEM seja estabelecida por meio de um viés sólido, será necessário, antes, fazer com que o aluno encare a atividade de leitura a partir de um prisma questionador, investigador, problematizador, tal como postula os PCNS (parâmetros curriculares nacionais).
A essa respeito Oliveira afirma que
A leitura critica pressupõe ao leitor dialogar com o texto, estabelecer relações entre o contexto do autor e o seu contexto, problematizando e reelaborando o lido, ou seja, requer o perguntar, o questionar sobre o que se lê. Enfim, não aceitar simplesmente o que se lê (OLIVEIRA,2006,p.77)
Tem-se, a exemplo dessa união umbilical entre ENEM e realidade sociocultural, a prova de redação do referido exame que, cada vez mais, cobra temas relacionados a diferentes áreas do conhecimento, como foi o tema da prova do Enem 2012: “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI” que exigia do aluno conhecimentos da área da geografia, economia, sociologia dentre outros conhecimentos com os quais o candidato precisaria dialogar para elaborar o seu texto. Uma das dificuldades de muitos candidatos surgiu pelo fato de que alguns estudantes não souberam trabalhar com a diferença entre imigração (movimento de entrada de estrangeiros em um país de forma temporária ou permanente) e emigração (saída de indivíduos do país), além, é claro, e também em consequência da dificuldade supracitada, destaca-se o bloqueio, apresentado por certos candidatos, em argumentar e defender um ponto de vista de maneira coerente e coesa acerca da temática exposta acima.
Diferentemente de muitos vestibulares que ainda trabalham com o tipo narrativo e o gênero carta, o ENEM faz uso do texto dissertativo-argumentativo, que tem por objetivo apresentar e defender uma ideia com vistas a influir sobre o comportamento do outro ou fazer com que compartilhe de determinadas de suas opiniões (Koch, 2002). Para se obter um bom êxito na redação dissertativo-argumentativa é de suma importância que o candidato tenha em mãos algumas habilidades que estão ao alcance de todos, tais como: Conhecimento do assunto a ser abordado, a fim de aplicar precisão e certeza àquilo que está sendo escrito; habilidade com a língua escrita, de maneira que se possam fazer boas construções sintáticas, uso de palavras adequadas e relações coerentes entre os fatos, argumentos e provas; boa organização semântica do texto, ou seja, organização coerente das ideias aplicadas à dissertação, para que as mesmas possam facilmente ser apreendidas pelos leitores; bom embasamento das ideias sugeridas; boa fundamentação dos argumentos e provas.
Deve-se lembrar de que tudo isso só é possível a partir de uma boa leitura, conforme foi discutido anteriormente e também através de um entendimento de escrita que a conceba como prática de linguagem que requer constantes reflexões referentes ao planejamento, operação e revisão do que se está escrevendo. Procedendo assim, elaborar-se-ão textos cujos autores estarão cientes que a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas socialmente específicas e relevantes. Ou seja, os produtores de textos levarão sempre em consideração que todas as vezes que se escreve em diferentes momentos e situações, seja uma carta, um e-mail para o namorado, um sms, uma carta protesto, seja a redação do ENEM, sempre ter-se-ão finalidades diferentes, interlocutores diversos, lugares de circulação determinados, isto é, produzir um texto nunca é a mesma atividade em diferentes circunstâncias em que essa prática ocorre, pois a escrita se caracteriza por diversas circunstâncias que determinarão a produção de textos.
Logo, seja na vida rotineira em sociedade ou na hora da realização do Exame Nacional do Ensino Médio, lançar mão de práticas consistentes de leitura e escrita ajudará o cidadão a se tornar cada vez mais um indivíduo crítico, capaz de trabalhar e moldar as informações que adquire ao longo de sua vida. Portanto, ler, escrever e refletir sobre o funcionamento da língua (que no fundo são tarefas que se resumem a uma coisa só: desenvolver o letramento) sempre é fundamental para se crescer socialmente e, também, para se fazer uma excelente prova no ENEM. Lembre-se, trabalhando e colocando em prática tudo o que se discutiu nesse artigo, a produção de um texto se tornará cada vez mais fácil, afinal, todo mundo escreve. Escrever é fácil. Você começa com uma maiúscula e termina com um ponto final. No meio, coloca as ideias, já diria o poeta Pablo Neruda.