NAS CRISES... OS PACTOS
Desde o fim da ditadura, o Brasil vem tentando ser uma democracia. Infelizmente ainda estamos muito longe de respirar ares de uma democracia plena. Quando a sociedade precisa ir às ruas para ser ouvida, é a prova definitiva que a nossa democracia tem sérias falhas.
De repente, entre protestos e vandalismos, a classe política brasileira descobriu que nossa democracia está precisando de alguns ajustes. Outro grande engano deles. É preciso bem mais que ajustes. Nossa democracia carece de uma reformulação completa. Recomeçar do zero
Confesso que foi comovente. No entanto, ver e ouvir a presidente Dilma, cansada e envelhecida alguns anos em apenas duas semanas propor pactos, não me convenceu. Pacto é a palavra mais ouvida quando nossos governos enfrentam crises. Sabemos que esses pactos nunca foram além das promessas. E não será desta vez que irão.
E se estivessem idos, o junho de 2013 não entraria para a História do Brasil. O mais certo que poderá acontecer são duas coisas. A primeira é a presidente Dilma ficar isolada com os seus cinco pactos. A segunda, e só por essa seus aliados estão torcendo, é a oposição acabar se enforcando com a pouca corda que Dilma inteligentemente lançou. A oposição parece louquinha por uma corda apertando no pescoço
Dos cinco pactos, que contados nos dedos são seis, quatro deles se aconteceram, não será antes de duas ou três décadas. Uma poupança para nossos filhos e netos. Economia, saúde, educação e mobilidade urbana. Não é engraçado. Depois de quase obrigar os brasileiros a comprarem automóvel para o país não quebrar, falar de mobilidade urbana. E ninguém falou na conservação das estradas. Lula fez o tapa-buraco. Lembram-se?
Soa um pouco infantil a presidente Dilma, olhando nos olhos dos brasileiros, propor um pacto contra a corrupção. Justamente quando o seu próprio partido é o mais corrupto. E está ganhando de lavada. Como acreditar num pacto contra a corrupção vindo do Partido dos Trabalhadores. Alguém tem a resposta?
Quando a presidente Dilma propôs o pacto da reforma política, muitos dos presentes devem ter amarelados. Talvez, até a própria presidente. A sorte dela, é que sua maquiagem não deixou transparecer. Quem seria capaz de apostar um centavo que a classe política estará disposta a perder os seus privilégios.
Para que isso aconteça será necessário bem mais que multidões protestando nas ruas. Não devemos esperar o fim do corporativismo político que se instalou no Brasil, vindo da própria classe. Se o povo quiser uma reforma política acabando de vez com privilégios de alguns, o jeito vai ser com uma revolução. No amplo sentido da palavra, tomar o poder. E não apenas assustar. Tem alguém para ir à frente?