Homossexualidade – Deputado Feliciano
Eu fico a me perguntar, até onde vai à ignorância do homem, e até quando ele irá usar a religião para manipular e segregar as pessoas. E como num país de mais de 190 milhões de cidadãos/ãs, permite, que um representante seu, dos direitos humanos, tenha atitudes preconceituosas, desrespeitando a igualdade de direitos, quando esse representante, deveria ser o primeiro a dá exemplos e a combater atitudes dessa natureza. Pois, apesar de não ser especialista da palavra de “Deus”, acredito que em nenhum lugar na bíblia, esteja escrito que a opção sexual é doença e/ou pecado. O Sr. Feliciano, ele sim, é que deveria, o mais rápido possível, procurar um tratamento psicológico.
E como ele afirma que homossexualidade é doença, então eu posso afirmar que ele sofre de uma doença gravíssima: Homofobia! Uma praga que pode matar milhares de pessoas inocentes e cidadãos que só querem que “o seu direito de ser”, seja respeitado.
Como, segundo ele, se baseia nos ensinamentos da bíblia para julgar e determinar quem é merecedor de “dignidade”; e sendo, a bíblia o livro de todos os livros, e que embasa toda e qualquer defesa, como também acusação, eu como cidadã dessa sociedade hipócrita, com embasamento também nos ensinamentos da bíblia, digo que o Senhor Deputado, não está sendo um defensor dos direitos humanos, e muito menos da família, ele está sendo preconceituoso, e mais, usando da palavra de “Deus”, para se imunizar do seu ato de agressão aos direitos culturais e humanos.
Como mãe e cidadã, me sinto envergonhada ao explicar para o meu filho que o nosso representante na "Comissão dos Direitos Humanos", é um homem que semeia a discriminação e o desrespeito aos direitos do cidadão, e principalmente, que esse representante, infelizmente, está onde está, porque eu, juntamente com milhares de cidadãos e cidadãs brasileiros/as; somos coniventes. Apesar de ficarmos estarrecidos, mesmo assim, não saímos da nossa zona de conforto, porque o homossexual está na família do vizinho, no bairro vizinho, é o filho do cara, lá não sei de onde, e empurramos para debaixo do tapete. Não nos diz respeito.
E esquecemos que o que deve se discutir não é a homossexualidade, e sim, o respeito aos direitos dos cidadãos homossexuais, que como nós, “os normais”, são seres humanos, diante de Deus e dos homens, e se assim não for, está sendo ferido os seus direitos a liberdade de ser, os seus direitos a cidadania e a igualdade de direitos.
Para se chegar a tal conclusão, basta ler alguns artigos declarados na Declaração dos Direitos Humanos, declaração essa que o Brasil é signatário. Artigo: 1º, 7º. 18º, 19º, e em nossa Constituição artigo 215º; artigos esses, que ao que me parece, o Senhor Deputado anda negligenciando-os, como também, a leitura dos mesmos; algo inaceitável para um representante da 'Comissão dos Direitos Humanos'. E também, de ler com mais atenção os ensinamentos que ele tanto diz ser conhecedor e praticante, e que usa, como sustentação para suas falas preconceituosas, e de argumentação para aprovar a Lei da “Cura da homossexualidade”. E dessa forma desprezando o maior de todos os ensinamentos de Jesus: Todos são iguais, todos são filhos de Deus.
Só para constar: Quando quiseram apedrejar Madalena; Jesus disse: “Atire a primeira pedra aquele que não tiver nenhum pecado”. E como ninguém era salvo de pecados, não houve quem desse a primeira pedrada. O que quero deixar aqui registrado é o meu repúdio e vergonha a atitudes como as do Senhor Deputado, que usa de sua crença para ferir e descumprir direitos. E volto a perguntar: até quando o homem ainda vai usar a religião, a palavra de Deus! Para suplantar a sua “vontade” sobre os demais?!
*Nota: Desde que começou a massificação desse assunto pela mídia, e o Excelentíssimo Senhor Deputado Feliciano, como protagonista, eu disse a mim mesma, vou ficar calada, nesse país há milhares de pessoas, com mais poder e conhecimento do que eu para findar com esse absurdo! Mas percebi que a cada dia que passava a situação só piorava. Então resolvi dizer o que penso do Senhor Deputado e de suas atitudes (no texto em epigrafe). Não que eu seja a pessoa com poderes para freá-lo, mas o meu silêncio significaria apedrejamento a igualdade de direitos e de aceitação as suas falas tortas.
Não sou a voz representante da sociedade brasileira, mas sou uma das vozes que compõe essa sociedade!
Edna Maria Pessoa - Cidadã brasileira.
Natal-RN, quinta-feira, 20 de junho de 2013.