O Gigante Acordou Mesmo?

Quando Gandhi iniciou a Marcha do Sal, talvez não imaginasse o efeito que seu ato iria legar para a posteridade. Naquele tempo, o povo indiano vivia debaixo do colonialismo britânico. Uma gama de produtos industrializados era trazidos da Inglaterra, os pobres não tinham acesso, e ainda por cima, não poderiam lavrar sua própria terra e nem produzir o próprio Sal. Foi com o intuito de quebrar esse monopólio que a “Grande Alma” juntou 68 pessoas para uma caminhada de quase um mês até chegar ao mar. Por fim, o movimento não-violento teve quase 60 mil pessoas, e mesmo centenas dela sendo presas ou agredidas pelo policiamento, entre os detidos estavam o próprio Gandhi, não recuaram.

A luta não se resumiu aquela caminhada, e no ano seguinte, o Vice-Rei permitiu que o sal fosse produzido pela população. Não tardou para que a consciência coletiva fosse atrás de outras causas e lutasse por nada mais, nada menos, que a sua própria independência. Com muito esforço, algumas perdas e uma sede de justiça indescritível, tiveram êxito outras vez. E o boicote ao sistema foi a principal arma daquele povo. Boicotavam os produtos vindos da Inglaterra, teciam até as próprias roupas, mas não cooperavam com o sistema. Também eram insubmissos as leis que apenas asseguravam a manutenção das desigualdades econômicas e sociais.

Pois bem, aqui no Brasil ficam postando no Facebook que “O Gigante Acordou”, mas sinceramente eu ainda acho que esse tal gigante está muito sonolento. Ontem houve marcha pra tudo que é lado. Mas o que fico a perguntar é o seguinte: Qual o desfecho dessas manifestações? Será que o povo sabe a quem se reportar? Acredito até, que boa parte nem sabe ao certo o que estão reivindicando. Vejo uma série de frases de efeito, que falam de mudança e blábláblá. Todavia, como é que faz pra mudar? O que se faz pra mudar? Andar, andar e andar? Apitar? Vaiar? Cantarolar? Quebrar? Incendiar? Vou dizer como é que muda:

Na urna! Isso mesmo, na urna. Lembrem-se que 2014 é ano eleitoral. Será que os que vaiaram Dilma não serão os mesmos que irão votar nela? Os que foram as ruas exigindo mudanças, vão deixar de eleger o candidato corrupto? Os governantes que aumentaram tarifas, mandaram a polícia baixar o sarrafo nos seus cidadãos e faturaram muito com o evento da FIFA, porventura não serão reeleitos? Pensem nisso, pois já diz um velho ditado: Cão que muito ladra, não morde.

Hoje, vi pessoas postando uma sugestão de manifesto: Cantar o Hino de costas no próximo jogo da Seleção Brasileira. Ah vá...O importante não é cantar, de costas, de frente ou plantando bananeira. Se você comprou o caríssimo ingresso, a FIFA agradece. O Governo agradece, e você mais uma vez foi lesado, feito de trouxa, enrolado, achando que é um revolucionário que irá modificar os rumos de nossa nação. Quero muito ver a revolução acontecer. Quero primeiramente que a hipocrisia deixe de reinar em nossa sociedade, e que atos de justiça sejam praticados cotidianamente. Já dizia o Mahatma: “Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo.”

T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 18/06/2013
Código do texto: T4347604
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