O poder e o homem da nova era: um hino à liberdade
A queda
Nos primórdios, o homem andava livre, em pequenos bandos, pelas planícies africanas. Talvez a maioria dos homens fosse nômade, talvez muitos se mantivessem em um mesmo local durante toda a vida. É provável, no entanto, que a maioria permanecesse fixada em um ponto por certo tempo, até exaurir os alimentos ao redor, sendo obrigada, então, a se deslocar para regiões adjacentes para depois retornar à original, como se tivesse saído em veraneio.
Tal fixação acarretou, naturalmente, o início da agricultura. Os frutos colhidos nos arredores eram trazidos para casa, onde eram comidos; ali suas sementes cuspidas e assim disseminadas pelos arredores dos locais onde viviam, gerando pomares compostos pelas fruteiras preferidas pelos indivíduos do grupo.
O uso do fogo deve ter consumido, preferencialmente, a madeira já em decomposição, disponível no solo. Depois de exauridas as reservas de lenha pelos arredores, as árvores próximas à habitação seriam o alvo mais óbvio. Deveriam ser poupadas, naturalmente, entre elas, as que propiciavam os frutos mais saborosos. As clareiras abertas, dessa maneira, viriam a ser ocupadas preferencialmente, pelas fruteiras vizinhas.
Dessa maneira, mesmo inconscientemente, o homem ia transformando o local onde vivia, construindo um imenso jardim povoado pelas plantas que lhe serviam de alimento.
A prática de fazer fogueiras acarretava o enriquecimento do solo em torno das habitações humanas devido ao acúmulo local de matéria orgânica e nutrientes vegetais trazidos para as redondezas. Desse modo, o homem construía seu próprio habitat, remodelava e aperfeiçoava seu ambiente. Certamente, os grupos que cuidavam de seu ambiente gerando espaços mais adequados à própria sobrevivência acabavam premiados por isso, enquanto os bandos predatórios, viriam a ser punidos pelo exaurimento das reservas alimentares.
Dessa maneira inconsciente mas seletiva, o homem foi remodelando seu ambiente, adequando o espaço à sua própria sobrevivência.
Só muito posteriormente a agricultura se tornou uma prática consciente. Após milênios de seleção inconsciente, os homens passaram a plantar as espécies desejadas e, ainda mais tarde, a abrir espaços para tais plantações.
É provável que, inicialmente, o homem tenha se dedicado ao cultivo das árvores e arbustos frutíferos, além das ervas comestíveis, e só posteriormente tenha se empenhado no plantio de grãos. Apesar disso, os homens se associaram aos grãos, de modo que todas as grandes culturas ao redor do mundo acabaram dependentes de algum deles, como o arroz, trigo, ou o milho; grãos podem ser guardados para os tempos de escassez.
O plantio de grãos pressupõe uma prática consciente; uns poucos grãos de trigo, ou arroz, dispersos aqui e ali, não constituem, de fato, alimento. É necessária a colheita simultânea de uma quantidade suficiente para justificar o cozimento e preparação do alimento.
O trigo, em especial, é uma cultura associada ao homem, dependente dele. O trigo surgiu da hibridização de duas ervas, e suas sementes não brotam naturalmente, exigindo o seu plantio consciente. Por essa razão, posso apostar que os primeiros plantadores de trigo cultivassem previamente algum outro grão, possivelmente o arroz. Era imprescindível que eles já soubessem plantar.
A produção de grãos por parte de agricultores gerou uma abundância de alimentos inaudita, o que permitiu o crescimento populacional dos bandos de agricultores, acarretando sua disseminação pelas planícies, e o aumento do tamanho dos grupos.
Ao mesmo tempo, e pelas mesmas razões, o homem se tornou dependente dos grãos. Tendo tido suas populações aumentadas pelo consumo dos grãos cultivados, teria sofrido imensa mortalidade na falta dos grãos que propiciaram o extraordinário aumento populacional. O eventual colapso das colheitas acarretava inexoravelmente fome e letalidade.
A escravidão
O advento da agricultura pode ser comparado à queda bíblica, à obrigatoriedade da labuta, da obtenção do pão com o suor do rosto. Também marca o inicio do cativeiro.
É difícil pensar no surgimento da escravidão entre populações livres, vagando pelas planícies. O que fariam os escravos nessas condições? Qual seria o seu papel?
Entre agricultores, no entanto, pode-se imaginar crianças, provavelmente órfãs, sendo obrigadas a labutar desde cedo na plantação ou na produção de alimentos, jamais conhecendo uma vida livre.
Inicialmente, a prática da escravidão deve ter se iniciado com a espoliação de crianças órfãs. Crianças são dóceis e plásticas, e dependentes de adultos; um órfão se veria à mercê dos desejos dos adultos, sendo obrigado a cumprir exigências tais como a moenda de grãos, ou qualquer outra atividade cansativa que desagradasse aos demais.
Tendo crescido executando determinadas funções, dia após dia, manteriam a mesma prática por toda a vida, não vendo outra maneira de viver.
Assim, a agricultura propiciou a labuta, a divisão de trabalho, a opressão do homem pelo homem, e a escravidão. Foi o preço pago pela explosão populacional obtida do alimento excedente.
Tendemos a ver as relações de opressão sob a ótica do poder. Tendemos a esquecer que o escravizador se torna muito mais dependente do escravo que o escravo dele. Na falta de escravos, o escravagista, incapaz de executar as atividades que garantem sua própria sobrevivência, provavelmente sucumbirá. Na ausência de seu dono, ao contrário, liberto, o escravo provavelmente florescerá.
A escravidão é uma relação de parasitismo. A dependência, nessa relação, é do parasita pelo hospedeiro, não a oposta. Deveríamos ver os parasitas como seres fracos e dependentes, não o oposto, conforme impõe a ética do poder.
O poder
Podemos considerar o estabelecimento das hierarquias entre os animais de um mesmo bando como uma manifestação incipiente de poder. A ordem das bicadas no grupo, a determinação de dominância entre os indivíduos pode ser interpretada como uma relação de poder; o indivíduo dominante agride o mais fraco e impõe sua vontade sobre ele.
No reino animal, a relação de poder, usualmente, se estabiliza nessa situação. Definem-se as hierarquias entre os indivíduos de um bando, e nada mais ocorre, exceto a eventual troca de posições no grupo.
Insetos sociais apresentam um estranho modo de socialização. Costumamos nos referir aos indivíduos reprodutores desses grupos, com um título de nobreza, símbolo de dominação: são as rainhas!
O título sugere que as rainhas dominem as operárias, modo de ver o mundo nos tempos das monarquias, quando tais insetos foram descritos. Talvez fosse mais adequada a inversão da relação, descrevendo as “rainhas” como escravas reprodutoras dos indivíduos livres, que as manteriam confinadas à residência.
De qualquer forma, ao contrário do que ocorre com o homem, tais relações estabilizam quase imediatamente. Entre os homens, no entanto, o poder ganhou autonomia gerada pela instabilidade de seu mundo, de suas relações. Enquanto entre os animais as hierarquias atingem muito rapidamente um limite superior, entre os homens certas relações parecem virtualmente ilimitadas. Um animal pode chegar a número um na hierarquia do bando, passando a agredir todos os demais. Mas tal ordem se resume ao seu bando, é esse o limite de poder entre os animais.
A invenção da fala permitiu a expansão das relações de poder entre os homens, possibilitando o transbordamento do poder de um grupo para outros. Essa possibilidade deu autonomia ao poder, que passou a se alimentar vorazmente das almas humanas. É disso que o poder se alimenta, da alma do homem, de sua consciência. Enquanto a devora, cresce, se expande e se fortalece, deixando os homens vazios, vivendo a esmo, inconscientes. O poder suga as almas dos homens e deixa seu corpo, para que o homem se reproduza, perpetuando assim seus escravos.
Umas inversões
A ética do poder é bastante surpreendente, embora esteja muitíssimo entranhada em nossa cultura, tanto, que não nos espanta.
Não costumamos ver os parasitas com bons olhos; nem piolhos nem solitárias são vistos com bons olhos. Parasitas não costumam ser encarados como formas superiores; nos evocam asco,e são considerados reles.
Do mesmo modo, bandidos e sequestradores que dominam suas vítimas e impõem suas vontades sobre elas são vistos como criaturas reles e vis, a exemplo dos parasitas citados antes.
Assim, de maneira geral os parasitas são criaturas mal vistas. Excetuamos os escravizadores.
Não há uma justificativa autêntica para tal exceção. A escravização é uma relação de parasitismo; difere da imposição do sequestrador apenas pelo fato de ser uma relação crônica, já aceita com resignação, enquanto a imposição do sequestrador ainda choca a vítima. Um sequestro duradouro equivaleria à escravidão.
Apesar de execráveis, a ética do poder atribui uma alta deferência aos escravizadores, enquanto vilipendiam suas vítimas. Esse mesmo tipo de inversão se dá quando consideramos sujos e porcos os lixeiros, faxineiros e todos aqueles que cuidam da limpeza, enquanto consideramos limpos os demais, os que se encarregam de sujar; ambos são paradoxos impostos pelo poder. Ele também ocorre sempre que culpamos as vítimas e enaltecemos o poder dos opressores. A ética do poder privilegia sempre o mais forte.
Umas considerações marginais
O surgimento e a imposição das relações de poder, embora estranhas, e paradoxais, se deveu a certas condições históricas. A agricultura havia gerado a necessidade da labuta. Sem suor não haveria comida para todos, muitos sucumbiriam. Era necessário devotar grande parte do tempo das vidas dos homens à produção do alimento; os que se livraram dessa tarefa, o conseguiram às custas da escravidão de outros.
Atente, leitor, que o poder nos impõe a ética da dominação. Por isso, sempre valorizamos os espoliadores, os que impõem sua vontade aos demais. Vemos com bons olhos os dominadores, enquanto menosprezamos os escravos. Insisto em que a vileza dos dominadores é a mesma dos sequestradores e outros facínoras, enquanto os escravos são vítimas.
Por outro lado, não costumamos atentar para a dependência dos dominadores. Assim como todos os outros parasitas, os espoliadores se tornam dependentes de suas vítimas, e não elas deles. Sob esse ponto de vista, os escravos são mais livres que seus dominadores; têm autonomia para se libertar do jugo; quero dizer: caso consiga se libertar do explorador, o escravo saberá viver uma vida livre, enquanto o espoliador depende de suas vítimas.
De fato, os exploradores são vítimas do poder, são mantidos cativos por essa estranha e poderosa entidade.
O poder se alimenta, cresce e se replica aliciando novos asseclas, e estruturando uma hierarquia entre as pessoas; uma hierarquia de dominação que não lhes é própria, mas imposta.
Desde o surgimento da agricultura, o homem vem se submetendo às rédeas do poder; em outros tempos não havia escolha.
O passado
Inicialmente os bandos humanos se estruturavam como os dos animais, a partir de uma “ordem de bicadas”. Isso definia um poder muito insipiente e estável; a estrutura de poder se restringia ao interior de um grupo. O desenvolvimento da fala e da agricultura desestabilizou essa relação, desamarrando o poder, permitindo que ele se alimentasse e crescesse indefinidamente, tornando-se gigantesco, monstruoso.
Os lacaios do poder, imaginando-se livres, e, em nome da liberdade, talvez, escravizaram o semelhante com volúpia cada vez mais intensa. A escravidão se adequava à era da labuta, à divisão de trabalho. Era necessário que o suor escorresse do rosto de uns para que houvesse alimento.
Foi a era da dominação. Enquanto a multidão labutava para produzir comida, uns poucos, os lacaios do poder, se viam livres para a construção do mundo. Embora atados ao poder, dependentes de seus escravos, a quem parasitavam, ou melhor, devido a essa dependência, se encontravam livres para construir o mundo, as sociedades, os países e todas as coisas que foram feitas pelo homem.
Nesse cenário de dominação os homens cultivaram inúmeros símbolos de poder. Inventaram as marcas, os símbolos, e passaram a viver por eles. Nesses tempos, os homens viveram vidas vazias, em busca de símbolos vazios. Labutavam durante a semana, executando tarefas despropositadas que seus executores não compreendiam. Labutavam de sol a sol, alienadamente, em uma função absurda cujo propósito era alimentar o poder. Ao mesmo tempo, cultivavam sua própria imagem, seu verdadeiro deus, comprando símbolos que a ornamentassem.
Assim, os homens gastavam suas suas vidas labutando para obter o alimento, convertendo o excedente do que produziam em símbolos que o elevassem na hierarquia do poder. Era o tempo das marcas. Compravam desmesuradamente uma infinidade de coisas, sem qualquer propósito, exceto o de simbolizar sua posição em uma hierarquia social. Compravam muito mais roupas do que podiam vestir, e as jogavam ao lixo ainda novas e sem uso. Compravam carros imensos, dimensionados para o transporte de ungulados, e se deslocavam dentro de suas carcaças enormes, gerando vastíssima e desnecessária poluição, condenada por todos. Também jogavam fora seus carros para comprar outros que simbolizassem seu status assim que um novo modelo fosse lançado.
Dessa maneira, o homem do passado, manipulado pelo poder, tentava galgar degraus em uma estrutura hierárquica definida pelo poder, cuja justificativa última era alimentar o poder, o imenso leviatã. Alienadamente, o homem comprava a esmo uma infinidade de objetos, sem qualquer propósito real, próprio do indivíduo, que justificasse tal ação, mas apenas para alimentar o poder e toda a estrutura que o sustentava.
Ostentando tais símbolos, expondo as marcas dos objetos adquiridos, o homem simbolizava sua posição na hierarquia social, mostrava a todos o degrau atingido na estruturação determinada pelo poder. Assim, comprava sua posição hierárquica ao mesmo tempo em que alimentava o poder voraz. Cabia ao homem adquirir a maior quantidade de símbolos que pudesse ostentar, gastando assim o tempo que lhe restava após a labuta.
Acreditava estar ostentando símbolos de seu poder sobre o semelhante, quando mostrava apenas as marcas de sua submissão ao poder.
Cabe ressaltar que os insubmissos, os que não jogassem o jogo do poder acabavam excluídos por ele. Os que não ostentassem os símbolos de poder não conseguiam cargos bem remunerados. Era imprescindível alimentar o poder, pagar seu tributo ao poder, comprando seus símbolos, para que o poder retribuísse a ação permitindo ao escravo uma boa remuneração. Os sublevados, os que se negavam a jogar o joguinho idiota imposto pelo poder eram marginalizados, excluídos. Era necessário jogar o jogo, adquirir e ostentar os símbolos de poder, sob o risco de se ver excluído do jogo, impossibilitado de labutar, ou recebendo a remuneração mais ínfima destinada aos mais reles na escala hierárquica.
A pena pela insubordinação costumava ser a fome, a inanição decorrente da exclusão da hierarquia do poder.
Os novos tempos, o novo homem
A automação, a construção de máquinas capazes de substituir a labuta do homem permitiu a libertação, primeiramente de uns, depois de todos. As máquinas podiam produzir alimento para todos, sem que o suor precisasse escorrer de muitos rostos. A liberdade tornou-se possível sem a contrapartida da escravidão: abolia-se a necessidade de que um escravo labutasse por um liberto, a máquina podia fazer isso.
Livre da labuta, o homem logo se percebeu liberto também do jugo do poder. Poderia, por assim dizer, chutar o pau da barraca. Não precisava mais ostentar símbolos idiotas para manifestar sua posição hierárquica em uma estrutura vil, descarada. Podia ser ele mesmo. Não precisava mais se mostrar como o possuidor de determinados símbolos, agora podia ser ele mesmo e demonstrar isso a todos. Liberto da estrutura de poder não precisava mais ostentar um imenso veículo que anunciasse:
“eu sou o possuidor desse imenso veículo idiota capaz de transportar cinco vacas. Tenho uma posição hierárquica alta o suficiente para comprar e ostentar esse monumento à estupidez dos nossos tempos!”.
Junto com esse, se viu livre de todos os outros símbolos, aqueles ostentados em roupas e outros mostrados nas quinquilharias eletrônicas. Não precisava, nem cabia mais dizer: “eu sou aquele que ostenta tais símbolos”, passou a poder ostentar sua própria presença como se dissesse, “esse sou eu, não o mero possuidor de um conjunto de símbolos idiotas. Sou uma pessoa”.
E desse modo as pessoas voltaram a ter relevância por si, e não pelos símbolos que ostentavam. A imagem estampada nos símbolos dos carros e roupas adquiridas foi substituída por uma mais condizente com o próprio eu, expressa nas redes sociais. Em vez de símbolos de poder, novas hierarquias emergiam, uma hierarquia plural baseada nas ideias expostas, em um quadro da individualidade muito mais fiel ao indivíduo que um conjunto de símbolos adquiridos.
Desse modo o novo homem volta a ter uma cara, uma consciência e uma vida próprias. Liberto da labuta e da estrutura hierárquica do poder, de seus símbolos, o homem pode definir suas próprias metas, seu propósito na vida. Pode também expor sua própria face, não necessitando ostentar os símbolos que os mantinham sob o jugo.
O homem livre da labuta, do poder, de seus símbolos, pode agora gerir seu destino, seus rumos. Liberto, o homem pode agora definir sua própria vida. Pode ser ele mesmo, pode ser verdadeiramente um homem.
Vivamos nossas vidas!
A derrocada da sociedade de consumo
O que parece impensável hoje, o fim da sociedade de consumo, não tardará, e ocorrerá de maneira abrupta.
O consumismo desenfreado, sem sentido, o consumo pelo consumo, se extinguirá pelas seguintes razões: as redes sociais permitirão a exposição da própria pessoa, de suas convicções, suas ideias. O consumismo serve apenas para construir o revestimento aparente das pessoas, a carapaça constituída pelo carro e pelas roupas.
As redes sociais permitirão a exposição das individualidades, do âmago das pessoas que não mais se hierarquizarão com base nas marcas exibidas superficialmente. Eliminada, ou tornada secundária, a hierarquia baseada nas marcas de roupas e carros, o consumo desenfreado se evidenciará inútil. O absurdo constituído pelo consumo desenfreado ficará exposto, evidenciado muito claramente. A patetice consistente no consumo pelo consumo, na compra desbragada de objetos inúteis que imediatamente se transformam em lixo ficará evidente a todos, e se extinguirá.
Outro fator contribuirá ainda com esse esvaziamento do consumo. A libertação propiciada pelas máquinas permitirá o surgimento de homens livres. Esses homens não precisarão se preocupar com a labuta diária, terão seu próprio sustento garantido pela produção pouquíssimo custosa das máquinas. Por essa razão conseguirão se manter livres da rédea do poder, não necessitarão bajular o poder para obter o próprio sustento.
Livres do jugo do poder poderão exercer suas próprias vontades; poderão, de fato, ser eles mesmos, exercer suas próprias individualidades. Na nova era, estarão livres para criar mundos, serão grandes artistas. Libertos do poder e da labuta diária, criarão, não apenas, músicas, pinturas, literatura, e todas as formas tradicionais de arte, mas, livres, desenvolverão novas formas de expressão equivalentes a essas.
Os homens da nova era não engendrarão apenas novas músicas, gerarão novas formas de manifestação artística que maravilharão as pessoas, assim como a invenção da música surpreendeu um dia, os que viveram a alvorada das artes contemporâneas.
Vivemos em um mundo aberto, não há limites para a nossa criação.
Assim, 3 pilares contribuirão para a ascensão de uma nova era:
1) A consciência ecológica crescente, levando à constatação da impossibilidade de manutenção do consumo desenfreado.
2) A automação, permitindo a libertação do homem, o fim da necessidade de labutar diariamente.
3) As redes sociais, expondo uma imagem menos superficial das pessoas que aquela composta pelos símbolos de consumo, e possibilitando a rápida disseminação de novos valores.
Explosão conceitual
Há limites para a produção de todas as coisas. Coisas materiais ocupam espaço, gastam energia quando são produzidas, razões que as tornam, necessariamente limitadas. Considerações ecológicas sempre evidenciarão tal constatação.
Ideias, no entanto, podem crescer indefinidamente. A explosão conceitual é ilimitada. Como vivemos em um mundo aberto, as ideias não se limitarão, mas se reproduzirão explosivamente. Novos mundos serão idealizados, uma multidão deles. Muitos mergulharão nesses novos mundos, e será virtualmente impossível saber em qual deles estamos.
As pessoas estarão mais inteligentes, também mais informadas que agora, além de conectadas à rede de uma maneira apenas vislumbrada hoje.
A palavra de ordem será a criação livre, as novidades surgirão aos borbotões, em ondas. A babelização do conhecimento se estenderá por todas as áreas. A física transbordará englobando todos os campos do conhecimento. A multiplicidade será a norma.
Será a era da criação de mundos.