CARINHO DE MÃE

O Autor e sua Adorável Mãe - Sebastiana Apparecida de Lima)


Há um velho ditado que diz: "ser mãe e padecer no paraíso." Não sei o quanto concordo com ele, até por quê nunca serei mãe. A maternidade é um ato que torna-se divino simplesmente pela forma que a grande maioria das mães se entregam a ela.
Impressiona-me sobremaneira o poder que estas mulheres tem para gerar e zelar por seus rebentos. Elas fazem de cada dia um dia diferente, um dia em que há algo novo a ser ensinado e praticado.
Hoje, após o nascimento de minha filha e com a observação diária da postura de minha esposa em relação a ela, posso dizer que estou reaprendendo a forma de admirar a maternidade. Ela, minha esposa, me proporciona um espetáculo divino a cada dia, com sua dedicação, carinho e zêlo por nossa pequena. Isto é fabuloso, gera um prazer interno muito profundo e torna-me, a cada novo dia, seu maior admirador.
A propósito, outro dia, tive a oportunidade de ir à formatura de um de meus irmãos, o Tarcísio, mais conhecido como Tarso. Formatura, dizem, é aquela coisa bacana que só interessa aos formandos. Comentei isso, inclusive, com outro irmão. Tive, no entanto, que fazer uma pequena ressalva. Interessa, é verdade, aos formandos mas, interessa mais ainda a seus pais.
Enquanto, na formatura, tudo acontecia (músicas, agradecimentos, homenagens, apresentação do reitor, etc), me concentrei em meu irmão formando, na suave figura de minha mãe e na figura de outras mães que ali se encontravam.
A expressão dessa guerreira, minha mãe, trazia um misto de alegria e serenidade, dando aquela impressão de dever cumprido. Outras mães, da mesma forma aplaudiam seus pupilos e suas pupilas de maneira quase incontrolável, deixando correr livre lágrimas que banhavam suas enrugadas faces.
É certo, alguns filhos não conseguem dimensionar o tamanho do amor de suas mães. Em algumas ocasiões chegam, inclusive, a menosprezar suas demonstrações emotivas pois em suas infantilidades, não compreendem completamente a magnitude deste ato.
Passa o tempo e nossas mães ficam velinhas. Tornam-se indefesas novamente. Parece, não conseguem concatenar bem suas idéias corretamente ou como nós gostaríamos, pois é certo somos adultos, formados e estamos bem à frente de seu tempo. Em nossa inocência não permitimos à nossa memória sequer uma lembrança de quantas noites aquela "figurinha" ficou sem dormir para cuidar de nossa tosse, ou da febre que insistia em desestabilizar nosso pequeno corpo. Consegue lembrar disso? Provavelmente não. Tenho a impressão que há casos em que o filho ou filha poderá, sem pensar, deixar sair um sussurro: "ela não fazia mais do que a obrigação." A esses eu pergunto: será?
Entendo que não seja intencional e acho até, que é uma defesa que encontramos por não compreender aquela terrível mutação. Como que essa pessoa, outro dia uma fortaleza, hoje se atreve a se fragilizar e necessitar de nossa ajuda, como?
Deixe eu te perguntar uma coisa: se ainda tens mãe, quanto tempo faz que você não lhe diz obrigado. Quanto tempo faz que, vencendo suas resistências você deu-lhe um abraço forte e com sentimento de gratidão? Quanto tempo faz que você não lhe olha nos olhos como ela apreciava os seus enquanto lhe amamentava?
Se, por acaso, tua mãe não está mais neste mundo, quanto tempo faz que não lhe emite uma oração, um pensamento de agradecimento?
Fica a minha sugestão - busque isso! Abra, hoje, seu baú de memórias, faça um contato e abra a possibilidade daquela face enrugada tocar seu jovem corpo e lhe diga: mamãe eu te amo.
É difícil?
Pode ser, mas...tente.
Um grande abraço,
Paulo Lima