Desenho de Diego da Silva Freire

Rennê Senna - Uma história do faz de conta



"Era uma vez, uma Cidade de Rio Bonito, interior do Estado do Rio de Janeiro. Morava nesta Cidade um cidadão brasileiro, comum, desses que trafegam diariamente nas ruas, diante de nós e nem nos damos conta. Era açougueiro e por uma infelicidade do destino teve que amputar as pernas, em função de complicações com o diabetes. Este fato forçou este cidadão a se aposentar precocemente e, a partir daí, passou viver à míngua, praticamente na miséria, vendendo flores às margens da BR 101, para sobreviver. Como diz o ditado: "miséria pouca é besteira", sua mulher o abandonou levando consigo a única filha do casal.
Neste mundo do faz de conta, nosso cidadão estava entregue às moscas. Sem esposa, filha e outros parentes para auxiliar, resistia do jeito que podia e entre uma cerveja e outra, vendia uma flor para se alimentar.
Num certo dia de julho de 2005, nosso amigo, como certamente fazia em outras ocasiões, foi até uma das casas lotéricas de Rio Bonito e sacou uma sequência de números e colocou no bilhete. Mega-sena acumulada, quem sabe a sorte lhe sorri...e assim foi, resultado do concurso 679 da mega-sena em julho de 2005, Renne Senna, senhor de 54 anos, morador de Rio Bonito era o mais recente milionário do país. O prêmio de R$ 51.890.452,61 foi-lhe entregue e com ele, uma sentença de morte.
Como é natural numa situação desta, todos aqueles que sequer tinham visto ou falado com Rennê nos últimos meses, apareceram reclamando sua amizade. Todos tinham motivos para estar próximos.
Neste nosso mundo do faz de conta, Rennê, agora belo, encontrou uma outra mulher que o aceitava, apesar de continuar aleijado e de ter o hábito de se embriagar. Contratou seguranças, comprou uma fazenda, comprou carros e manteve um velho hábito, tomar cerveja, duas ou três vezes por semana, pela manhã, num bar como outro qualquer. Ali, em janeiro de 2007, sem um aparente motivo recebeu, na cabeça 5 tiros. Sem nenhuma chance, morreu.
Entram em cena, mesmo antes do enterro, os parentes reclamando a herança até que surge uma suspeita, Adriana, sua namorada, pode ter participação na morte de Rennê. Aos poucos surgem novas informações. A moça, parece, tinha não um mas dois amantes, que podem também ter participado do crime. E, certamente, não acaba por aí...essa história irá longe"
Esse mundo do faz de conta existe. Esta aí estampado nas páginas de jornal e na internet. Essa história é real e pode ser considerado como um retrato da nossa sociedade. Um retrato quase fiel, se considerarmos a ação e o vale tudo do cenário político que observamos nos últimos anos. Sem falar no modelo adotado por este e outros governos, dar dinheiro em lugar de educação, fortalecendo a idéias de que valores e princípios são baseados no quanto de dinheiro que se tem.
Cabe a reflexão e, nosso julgamento! 

Julgamento? Será?