O sexo e seus extremos.
O sexo sempre viveu sob o estigma de dois extremos.
Na Idade Média, representava a impureza, o pecado, chegava mesmo a macular a figura de quem dele gostasse.
As mulheres, pobres coitadas! Eram as que mais sofriam com a ignorância. Nada de prazer! Sexo somente para a procriação.
Essa mentalidade, porém, se traduz nos dias de hoje com os mais variados bloqueios psicológicos a impedir criaturas de terem uma vida plena em todos sentidos.
Mas continuemos. Os tempos foram gradativamente se modificando. A evolução humana naturalmente impôs a mudança no padrão de pensamento. Surgiu o Enovid – primeira pílula contraceptiva – proporcionando assim uma revolução nos costumes.
O sexo que outrora era motivo de repugnância passou a ser endeusado, antes avacalhado, agora intensamente perseguido.
De um extremo ao outro, do inferno ao céu...
A mídia na sociedade contemporânea faz o papel de propagar uma busca frenética pelo sexo. Onde há pares opostos existe busca insana pelo prazer. O apelo sexual tornou-se produto vendável e de grande rentabilidade. Os corpos bem delineados ganharam status e tornaram-se objetos de perseguição de todos aqueles que querem se enquadrar nos padrões impostos pela sociedade erotizada. Os olhos começaram a se voltar apenas para a superfície, impondo com isso, relacionamentos sem bases de afetividade e afinidade autênticas.
Com o sonho da independência financeira, homens e mulheres comercializam seus dotes físicos. A infidelidade é divulgada sem constrangimentos por programas televisivos com o marketing sutil de que perigo é sinônimo de prazer.
Com isso, a fidelidade conjugal é relegada a segundo plano, abrindo espaço para a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis.
E no meio desse alvoroço, as religiões tentam impor limites a seus fieis, seus líderes manifestam-se de forma a tentar preservar seus pupilos dos desatinos mundanos. Porém, o fazem de forma ingênua se posicionando contra os métodos de prevenção à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Esses apelos não surtirão os efeitos desejados pelos líderes religiosos. Só há uma maneira de equilibrar a situação e dar ao sexo o seu real valor na existência humana: tratá-lo com a seriedade que ele exige.
Os extremos que foram criados em torno do sexo são frutos da ignorância; é necessário desmistificá-lo, tirá-lo da nociva alcunha de tabu, incorporando-o ao cotidiano, porque só assim lhe daremos o justo valor, nem mais, nem menos.
Nesse particular, a tarefa dos pais é de suma importância, pois devem ser eles, através do diálogo franco e aberto, os esclarecedores de seus filhos, debatendo, tirando dúvidas, e, sobretudo, instruindo, a fim de que não cresçam adultos sem conhecimento quanto essas questões existenciais. Muitos são os jovens que por falta de diálogo com os pais se perdem em dúvidas e tormentos que poderiam ser evitados se houvesse uma maior sincronia e amizade entre os familiares. É tudo questão de se estabelecer um elo de confiança entre pais e filhos, proporcionando uma convivência salutar, disposta a abordar qualquer assunto sob a guante da sinceridade.
Os meios de comunicação também podem fazer sua parte, deixando de lado o comércio dos atributos físicos e os apelos sensacionalistas, para debater a questão com maturidade, porque é através de sua influência que muitos desavisados precipitam-se, trocando os pés pelas mãos, enredando-se em teias de difícil solução, que freqüentemente resultam em:
· Filhos indesejados; porta escancarada ao aborto criminoso.
· Doenças sexualmente transmissíveis; clara abreviação da existência.
· Infidelidade conjugal; chamariz de crimes passionais.
· Envolvimento efêmero; futuras dores de cabeça.
o A real importância do sexo em nossa vida.
O sexo é importante em nossa vida? Sim, muito colabora para a melhoria na qualidade de vida, aproxima o casal, transforma o astral, traz bom humor a repercutir em ondas de paz e harmonia por toda a família. É remédio para depressão, é fonte de energia, previne o stress...
Contudo, nem a vida do casal, nem o relacionamento dos seres humanos se reduz ao relacionamento sexual. Se isso ocorre, há uma visão distorcida da realidade, que pode trazer traumas de complicada resolução, onde não raro o sentimento de posse transforma pessoas em objeto.
Tratando o assunto concernente ao sexo com seriedade, desmistificando-o e posicionado- o como força criadora que é, só teremos a ganhar:
· A infidelidade e as doenças sexualmente transmissíveis não mais terão lugar, porque o sexo será praticado com amor e responsabilidade.
· Nada de processos obsessivos, onde há vampirização efetuada por algozes do além, que se aproveitam da invigilância daqueles que pensam somente “naquilo”.
· Extinção do aborto criminoso, porquanto o sexo aliado ao amor irá gerar uma amada criatura.
Nada de extremos, de visões enceguecidas pelo fanatismo obscuro, a energia sexual faz parte da natureza humana, é essência divina a concorrer para nosso progresso e felicidade, portanto, deve ser tratada como tal, sem exageros, nem desprezos.
"O sexo, portanto, como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmico em todos os círculos evolutivos."
(André Luiz)
Pensemos nisso.