Concreto amor... e dengue

Fala-se tanto em paz, em amor ao próximo... É verdade, é necessário falar, contagiar, pois é mesmo o único caminho da felicidade.

O amor ao próximo, que se estende a toda a coletividade onde vivemos – por extensão a uma cidade, um país, ao planeta, pode e deve ser concretizado de muitas formas. Instituições, campanhas, pessoas e iniciativas, estamos todos envolvidos para construir uma sociedade melhor. Clamamos pela educação, valorizamos esforços, solidarizamo-nos com tudo o que possa melhorar a sociedade.

Mas, ironicamente, estamos nos esquecendo de algo simples... Muito simples.

A epidemia de dengue que se alastra pelo país não é antes uma manifestação de indiferença pela vida e pelo próximo?

As campanhas do governo, o esforço de conscientização nas escolas e a fiscalização pessoal para não permitir água parada em nossas casas, onde o mosquito se reproduz, estão entre as batalhas contra a doença.

E por quê mesmo assim ele se reproduz e continua espalhando a dengue?

Não será por força de nossa indiferença face ao grave problema de saúde pública?

Ah! Poderemos dizer, mas estou fazendo minha parte em casa. Não deixo água parada, fiscalizo os vasos de flor, estou sempre olhando...

Sim, mas apesar disso há muito o que fazer!

Temos que contagiar o vizinho, a família, os amigos...

Em nossas agremiações religiosas, temos que abordar o assunto. Nas empresas conscientizar os funcionários, através de palestras com profissionais de saúde. Com os amigos ventilar o assunto.

Se todos começarmos a falar, acabaremos com isso.

A indiferença à questão concretiza indiferença e desamor ao próximo.

O combate à epidemia concretiza amor ao próximo. Sim, claro. Estaremos evitando dores, mal estar, sofrimentos às pessoas. E colaborando com a saúde pública. Questão de amor ao próximo, de cidadania mesmo.

Já imaginamos o alcance se o pastor, o padre, o expositor espírita, o pregador evangélico abordarem o assunto junto às assembléias religiosas? Que efeito!

Da mesma forma como falamos do perdão, da confiança em Deus, é hora extrema de falarmos do amor ao próximo, também através do combate aos focos de nascedouro do mosquito da dengue.

Ora, o assunto se amplia para clubes de serviços e recreação, professores, escolas e rodas de amigos. É um contágio necessário este. Para nosso próprio bem coletivo.

Os poderes públicos estão trabalhando, não podemos negar. Campanhas, práticas adequadas para eliminar o mosquito, envolvimento na comunidade e atuação nas áreas de saúde e educação. Parece-nos apenas que está faltando uma lei que mexa com o bolso do indiferente à grave questão epidêmica.

Que tal os municípios criarem leis punitivas, em forma de multas, que punam os indiferentes à própria saúde e à saúde coletiva?

A questão é mesmo de conscientização. Mas, mais que conscientização, é uma questão de amor ao próximo. Amor concreto que se realiza no interesse da saúde pública.

Nota do autor: texto inspirado na matéria Amor ao Próximo e a Dengue, autoria de Aylton Paiva, publicado no jornal Correio de Lins, de Lins-SP.

Orson
Enviado por Orson em 28/03/2007
Código do texto: T428766