A regra maior

Conhecido trecho de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (no capítulo VI, item 5, último parágrafo) indica bem a receita ou a regra maior para o entendimento e vivência da Doutrina Espírita. Trata-se da orientação trazida pelo o ESPÍRITO DE VERDADE em 1860: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo". Na verdade, além da profundidade do convite advertência, aí está também a fórmula ideal para funcionamento da atividade espírita, especialmente quando os espíritas organizam núcleos de estudo, divulgação e trabalho, onde a fraternidade no relacionamento e a coerência doutrinária devem estar presentes. Amor e instrução, eis o segredo!

Na própria introdução de O LIVRO DOS MÉDIUNS, há a citação nas primeiras linhas de que "A experiência nos confirma todos os dias, nesta opinião, que as dificuldades e as decepções que se encontram na prática do Espiritismo, têm sua fonte na ignorância dos princípios desta ciência, e estamos felizes por termos constatado que o trabalho que fizemos, para premunir os adeptos contra os escolhos do noviciado, produziu seus frutos, e que muitos deveram à leitura atenta desta obra por ter podido evitá-los."

Trazemos estas considerações iniciais para comentar com os leitores duas situações do cotidiano:

Em conversa com pessoa de nosso relacionamento, leitora iniciante de livros espíritas, esta referiu-se a determinada personagem de televisão que se apresenta como espiritualista e comentadora de fenômenos mediúnicos. Impressionada com relato apresentado pela protagonista do programa, veio dizer-me de sua surpresa e conclusão em virtude de comparação mental que efetuou, com as leituras que tem feito de livros espíritas. E nós lhe explicamos sobre a diferença entre mediunidade e Doutrina Espírita, ao que ela rebateu: "Mas não é a mesma coisa?"

E após ligeiras explicações, ficamos a pensar no entendimento das pessoas sobre o que é a Mediunidade, o que é o Espiritismo e a relação entre ambos.

Num segundo momento, o programa GLOBO REPÓRTER da sexta 12/05/2000, felizmente trazendo entrevistas de lúcidos companheiros do Movimento Espírita Nacional, apresentou a Doutrina como algo místico, misturando-a a fenômenos, simplesmente, sem aproveitar a oportunidade de aprofundar o assunto e esclarecer os telespectadores.

Fica clara a necessidade da distinção sobre fenômeno e Doutrina. Saber separá-los para conhecimento de ambos.

Infelizmente, ainda há confusão nesta área. Todo fenômeno é relacionado ou entendido como Espiritismo ou a Doutrina é apresentada como fenômeno, normalmente com características místicas bem distantes dos objetivos do Espiritismo. Vejam a atualidade do pensamento de Kardec na introdução de O LIVRO DOS MÉDIUNS, acima transcrito.

Neste ponto, somente o estudo doutrinário é capaz de superar estas diferenças e levar à verdadeira compreensão. Daí também a atualidade do convite advertência de O ESPIRITO DE VERDADE, também acima citado. Mas o mesmo convite antecipa outro item, colocando-o em primeiro lugar: "amai-vos".É que somente este tem o poder de criar ambientes de fraternidade e amizade, para favorecer a instrução necessária. Onde há hostilidades, o segundo sofre enorme prejuízo.

Portanto, esforcemo-nos para sermos leais amigos uns dos outros, convivendo em ambientes sadios onde haja o favorecimento do estudo, que levará o esclarecimento coletivo. Não tenhamos preocupação de esclarecer o mundo, mas estejamos esclarecidos onde estejamos, pois havendo esta consciência coletiva, o Espiritismo será conhecido e entendido de maneira correta, evitando tantos desvios e distorções, frutos da ignorância doutrinária.

No caso dos dois exemplos citados, vemos a confusão. Porém há um aspecto interessante a observar:

Em ambos, vemos a curiosidade abrindo caminhos, como aconteceu na época das mesas girantes. Embora apresentado de maneira confusa e desvirtuada, não está a Doutrina na mídia abrindo caminhos? Hoje, interpretada como mística e ligada a fenômenos, mas realmente despertando consciência e mantendo o assunto no ar, mas amanhã compreendida corretamente, como a partir dos fenômenos observados a partir de 1848.

São caminhos utilizados pela Espiritualidade. A nós, espíritas e grupos espíritas, fica o dever de estudar continuamente para apresentar a Doutrina como ela é, principalmente para atender aos que chegarão, despertos pela mídia ou ansiosos para conhecer... Mas também, para estarmos internamente harmonizados no objetivo proposto pelo Espírito de Verdade.

Orson
Enviado por Orson em 26/03/2007
Código do texto: T426340