Delegar é preciso
Durante séculos e séculos o ser humano se massacrou para conquistar o poder.
Foram povos subjugados, humilhados, sangue espalhado, crueldade por todos os lados.
Todos aqueles que possuíam algum poder de decisão, impunham suas medidas mais pela força do que pela excelência que as mesmas possuíam.
Épocas em que o medo ditava as regras da sociedade.
Essa cultura veio sendo transmitida de geração em geração.
Na família, o pai decidia tudo sozinho, bastava um olhar, para todos compreenderem suas ordens.
Na escola, o professor era o único detentor de conhecimentos.
Na empresa, o dono, ou chefe de seção, intimidava a todos com sua austera presença.
Delegar e dialogar não era o forte, o costume do poder centralizado e poucas cabeças decidindo futuros pairava nos mais diversos cantos do globo.
Hoje, porém, as coisas mesmo que timidamente começam a tomar novos rumos.
O pai abre diálogo aos filhos e à esposa.
O professor começa a abrir espaço para a troca de idéias enriquecedora, se colocando na posição de facilitador do aprendizado, e não mais na de detentor da sabedoria absoluta.
O empresário já não mais intimidade seus funcionários, e com freqüência os trata de: clientes internos.
Gradativamente vamos descobrindo a riqueza de delegar atribuições e distribuir o poder de decisão. Óbvio que a depender das situações, existem coisas que são indelegáveis, todavia, é salutar que aprendamos a delegar e reflitamos nos seus inúmeros benefícios, que aqui citaremos apenas três:
1º Delegar nos faz exercitar a humildade. Ao delegar descobrimos que não somos os únicos capazes de realizar. Com isso, aprendemos que não somos o centro do universo, começamos então a perceber que somos apenas parte integrante dessa engrenagem chamada vida. Com essa constatação, certamente a humildade vai gradativamente ganhando espaço no rol de nossas virtudes.
2º Delegar nos proporciona aprender. Ao delegar descobrimos que há pessoas com capacidade igual ou maior que a nossa em resolver situações, e o que é melhor, sendo elas um universo diferente do nosso, trazem consigo seu jeito particular de realizar, freqüentemente diferente de nossa maneira de fazer as coisas, mas que obtém também resultados positivos. Ao delegarmos tarefas, se estivermos atentos, observando o desenrolar das situações, iremos com certeza aprender uma outra forma de realizar, enriquecendo assim nosso cabedal de conhecimentos.
3º Delegar nos estimula ao desprendimento. Ao delegar vamos descobrindo que as situações que vivenciamos no mundo são de caráter transitório, trocamos assim o Ser, pelo Estar, muito mais saudável.
Não somos Presidente, estamos temporariamente como Presidente. Não somos donos de nada, estamos temporariamente donos de alguma coisa. Um dia, cedo ou tarde, a morte bate à porta, e nos chama a outros testemunhos, e querendo ou não, teremos que partir. Muito melhor partirmos sem grandes apegos que poderão nos causar embaraços.
Muitas pessoas sentem-se donas de instituições, cargos, ou mesmo títulos que temporariamente possuem, por medo ou insegurança não delegam nenhuma de suas atribuições, acolhem o mundo e se sobrecarregam desnecessariamente trazendo para si transtornos de todas as ordens. Uma pena... delegar portanto, é excelente exercício para treinar o desprendimento, e preparar caminho para que outros também dêem sua parcela de contribuição no cenário do mundo.
Por isso, caro leitor, delegar é preciso, e, sobretudo, saudável.
Pensemos nisso.