APRENDENDO A APRENDER
Segundo Lévy (1994:135) "... a inteligência ou a cognição são resultados de uma rede complexa,... não sou eu que sou inteligente, mas eu com o grupo humano do qual sou membro. O pretenso sujeito inteligente nada mais é do que um dos micro-atores de uma ecologia cognitiva que o engloba e restringe."
Aprendizagem cooperativa ou colaborativa é um processo onde os membros do grupo ajudam e confiam uns nos outros para atingir um objetivo acordado.
Antes mesmo de procurar as ferramentas para o aprendizado colaborati-vo, seria interessante permear o momento que a sociedade vive hoje. A atuali-dade demonstra um desajuste, que parece estar fora de sua realidade racional.
A moral é uma arte, entretanto, exige além dos conhecimentos teóricos a capacidade de pô-los em prática. Há necessidade de adquirir bons hábitos. Se não se educa um individuo, não lhes dão oportunidades de fazê-los desa-brochar suas capacidades. Isso só pode acontecer num ambiente humano sufi-cientemente estimulante. Estes hábitos fazem parte do processo educativo.
O indivíduo recebe influencia dos instintos, mas não esta predetermina-do por eles. Possui uma inteligência e vontade livre. Há duas naturezas distin-tas atuando, uma delas é a voz de suas próprias necessidades e a outras da-quelas que os rodeiam. Portanto, aprender a aprender é próprio do ser humano através de sua inteligência.
O aprendizado, em primeira instancia surge dentro da primeira célula que o individuo participa, ou seja, a família. Este é o período mais importante para que o aprendizado seja construto. A Aprendizagem Colaborativa recebe seu primeiro papel. A família em si é o primeiro núcleo que ajuda o individuo a tatear seus valores.
Entretanto, a fragilidade da família nos dias de hoje esta acarretando al-guns perigos. A desestruturação familiar acarreta à sociedade um desinteresse profundo para o social e coletivo por seus membros.
A própria falácia da religião trouxe consigo um afastamento individual do homem com Deus. Este fator é predominantemente crucial numa sociedade. A busca por esta origem se faz necessário dia após dia.
A família para ser estruturada precisa de “pais” estruturados e com es-trutura nos níveis sociais e econômicos. Quando não se pode ter um mínimo de dignidade à família, começa-se um processo que culmina na falácia da socie-dade.
A falta de imposição de limites aos filhos pelos pais gera indivíduos des-norteados dentro de um grupo social. Hoje em dia não se pode mais educar como antes. Alguns aspectos dos direitos humanos, ao invés de melhorar, trouxeram consigo pioras à sociedade. Por outro lado, a família que consegue ser participativa, garante indivíduos sadios.
Outra célula de tremenda importância é a escola. Este é o segundo gru-po que o individuo participa na sua vida. Esta é ainda responsável por uma continuidade da aprendizagem trazida da família. Se o individuo vem com boa formação familiar, este tem grandes chances de ser bem sucedido dentro da escola, ou o contrário também pode ser verdadeiro. A sala de aula é um exce-lente lugar para desenvolver as habilidades de criação de um grupo do qual se terá necessidade no futuro.
Partindo-se do pressuposto de que o conhecimento (ou aprendizagem) é construído pelas interações do sujeito com outros indivíduos, estas interações sociais (família, escola, etc) seriam as principais desencadeadoras do aprendi-zado. O processo de mediação se estabelece quando duas ou mais pessoas cooperam em uma atividade (interpessoal), possibilitando uma reelaboração (intrapessoal). O conhecimento compartilhado dentro da escola leva a um uni-verso de conhecimento vasto e multicultural. São prévias das experiências pessoais, da linguagem, culturas que alunos e professores trazem para a ação da aprendizagem. A autoridade é compartilhada e ao mesmo tempo o profes-sor atua como mediador. Neste ambiente há uma valorização das diferenças entre os indivíduos. A democratização das participações nos diferentes espa-ços das atuações é que geram o alcance das metas.
O estado tem grande importância na construção do aprendizado. Este, dependendo de sua forma de atuar na sociedade pode melhorar ou piorar a estrutura das famílias no âmbito cultural, econômico e social.
Hoje, temos mais um responsável estimular a aprendizagem dos indiví-duos. A mídia. Esta, hoje em dia, se apresenta de maneira um pouco deplorá-vel. Com poucas exceções, os programas apresentados em nada podem ser considerados positivos.
Todo e qualquer crescimento cognitivo só ocorre a partir de uma ação, concreta ou abstrata, do sujeito sobre o objeto de seu conhecimento (PIAGET, 1982). A aprendizagem desenvolve e compartilha um objetivo comum, compar-tilha a compreensão do problema, questões, insights e soluções. Responde uns aos outros, e cada um contribui para estas soluções. Um depende do ou-tro.
Quanto às virtudes, perceberemos que os sensos de coletividade e justi-ça, desencadeiam-se a partir do principio áureo, ou seja, respeito mutuo e en-sino a outro das praticas dos bons hábitos. A apredizagem colaborativa é um recurso que consiste em estabelecer um procedimento onde o individuo, ou usuário, em conjunto com os pais ou professores, estabelecem buscas, compreensão e interpreção da informação de assuntos determinados. A cognição do individuo, sua habilidade de aprender e os recursos que se apresentam, facilitam a sua interação.
Parafraseando Josemaría Escrivã, diríamos que não poderemos julgar pequenas ações, pois não saberemos distinguir suas conseqüências futuras.