Até o último gole.

Chegou como sempre chegava, tateando pelos cômodos mesmo não havendo escuridão, lá fora o carro ainda continuava de porta aberta e o motor ligado. Vasculhou as panelas vazias sobre o frio fogão, abriu a geladeira e olhou a fartura das coisas que não havia, arriscou um passo a mais e quase se esborrachou no chão.

Aos tropeços se dirigiu para o quarto, mas ia contando os passos como que pra não perder a direção, sua mente envolta em nuvens daquele álcool que havia ingerido o mantinha tão confuso e ao mesmo tempo desperto ao ponto de levá-lo a momentos de compreensão, pois algo de imediato deveria ser feito, pois caso contrario iria perder quem sabe não só a vida como também até a própria família que já há muito tempo não via pois o mal cheiro que havia nas cobertas, nas fronhas do seu próprio travesseiro já de muito tempo isto lhe dizia, isto sem contar com os vários pedidos tanto da sua mulher como dos próprios filhos, e jogando seu corpo sobre aquela cama jurou pra si mesmo que amanha mesmo acordaria um outro homem, e juntando as últimas forças que lhe restava retirou do bolso da camisa aquele maldito maço de cigarros e o esmagou com violência jogando-o fora. Pronto, disse pra si mesmo sorrindo e antes que sua mente exalasse de vez completou ironicamente: Agora pelo ao menos não irei morrer sozinho.

DIASMONTE
Enviado por DIASMONTE em 15/04/2013
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