1- Estou caminhando numa boa, surge uma criança (quatro a seis anos), acompanhada da mãe, que, no momento em que passa ao meu lado, me dá um tapinha.
Essa cena, que ocorre muito comigo, é o tema do meu artigo.
Eu peço licença para desabafar um pouco sobre esse “inocente” ataque.
2- Alguém dirá que estou exagerando, que a criança apenas quis me cumprimentar.
Não é bem assim!
Ela ostensivamente me deu um tapinha.
Inclusive, algumas delas dão o tapinha e ainda me encaram com cara de zangado.
Parece que a intenção é dizer “Viu, otário?” “Vai encarar?”.
Há um detalhe especial nessa ação rápida dos meninos (somente os meninos dão tapinhas) me dando o tal tapinha.
O alvo do tapinha é o bumbum.
Fica evidente, então, que o objetivo da ação é tirar o maior sarro possível.
3- Faço um esforço, porém jamais consigo evitar a investida.
Tento mudar o lado quando percebo a aproximação do sapeca, porém, na hora H, ele encontra um jeito de largar a mão da mãe, chega perto e executa o tapinha, exatamente no bumbum!
A maioria das vezes a mãe não percebe nada, mas há instantes que ela flagra o ato.
Nesse instante o perfil do provocador vem à tona.
4- Um determinado grupo age como se nada tivesse feito.
Esse é o sonso.
O garoto não tem coragem de assumir a traquinagem infantil.
Talvez, no porvir, ele se torne um adulto dengoso e inseguro.
O outro grupo, composto por crianças que dispensarão mais tarde a ajuda psicológica, olha para a mãe e dá risada.
Essa galerinha me deixa chateado pra caramba.
Confesso que eu me seguro evitando perder o equilíbrio.
O pimentinha dá um tapinha no meu bumbum e ainda acha engraçado!
Assim já é demais!
E a coisa ainda costuma piorar.
Às vezes noto a mãe disfarçando a risada solidária.
Pode?
5- Apesar do enorme constrangimento, a boa educação manda a gente suportar a terrível situação caladinho.
Não ficaria bem tirar satisfação!
Também viajando sereno nos ônibus, os meninos e as meninas costumam curtir com a minha cara.
Sentadas no colo da mãe ao meu lado, quando a mãe está distraída (as mães sempre ficam distraídas), elas, as crianças, encontram um jeito de esticar as pernas em cima de mim.
Não tem jeito!
A mãe vê, puxa a perna, no entanto, na distração seguinte, elas voltam a esticar as pernas em cima de mim.
6- Só pode ser uma grande perseguição mirim.
Não há outra explicação.
Eu olho meio enfezado.
Um grupo olha pra mim e dá risada.
Eu começo a achar engraçado.
Outra equipe ousa me mostrar a língua.
É óbvio que, nesse caso, eu não acho nada engraçado.
Eu fico P da vida, mas não posso fazer nada.
Se fosse uma provocação de um adulto, de um rapaz valentão, um saradão que gosta de brigar na rua...
Se fosse um desses, eu não pensava duas vezes, dava um jeito de disfarçar o incômodo e procurava ficar bem quieto (eu sou um cara totalmente pacífico).
Ela é apenas uma criança!
Não sei o que fazer.
Mostrar a língua eu acho uma afronta.
Impotente fico sem saber como agir.
Termino engolindo tudo calado.
7- A solução é aguardar a oportunidade da revanche e saber aproveitar a ocasião.
Já percebi que nos supermercados e nas lojas as crianças curtem demais correr sem qualquer prevenção.
Os pais deixam os filhos apostarem tais corridas à vontade.
Nesse contexto eu consigo finalmente tirar minha onda com as crianças. É a minha revanche!
Como assim, Ilmar?
8- A criança vem correndo e não olha pra lado algum.
Ela não quer saber quem veio, quem vem ou quem virá.
Não existe prudência nenhuma!
O que eu faço?
Quando ela vem na minha direção, eu simplesmente paro.
É tiro e queda! Logo ela esbarra em mim, mas o impacto fica muito reduzido, dá tempo dela frear.
Se eu não parasse, adivinhem o que ocorreria?
9- Ela esbarraria em mim, a força natural do meu movimento causaria um forte impacto no choque.
Ela poderia, batendo em mim, cair ou sair machucada.
Certamente iniciaria um berro, despertando a atenção dos pais e de todos ao redor.
Eu seria acusado de ter sido violento com uma criança.
Eu estaria inocente, mas o berro da criança (ela não hesitaria em berrar cada vez mais alto) impediria essa conclusão e me deixaria em péssimos lençóis.
Mas eu sou mais esperto!
Eu paro, a criança se aproxima, tem um leve impacto no meu corpo, olha pra mim frustrada (No fundo, bem lá no fundinho, ela desejava inconscientemente um impacto o qual pudesse me comprometer).
Depois disso, eu sigo adiante, tranqüilo, assobiando, satisfeito por ter driblado os planos “secretos” da criança.
Começo a repetir mentalmente “Boboca, boboquinha, vai pra casa tomar papinha!”, “Não caí no seu lero, dei um a zero!”.
10- Como vocês podem perceber, é preciso ter bastante sabedoria para encarar as crianças modernas.
Elas, respaldadas na proteção maternal e na doce inocência (inocência?) que a natureza lhes oferta, gostam de ver os rapazes simpáticos e bigodudos chateados.
Elas tentam de maneiras variadas incomodar.
Concordo que elas não fazem isso estimuladas pela maldade (Ah! As crianças são tão fofinhas! Sinto vontade de dar um gut, gut!), mas fazem.
Elas pirraçam, tiram sarro, abusam e provocam (Na verdade elas merecem receber um cascudogut).
Vale a pena prevenir e não deixar que elas vençam!
Um abraço!
Essa cena, que ocorre muito comigo, é o tema do meu artigo.
Eu peço licença para desabafar um pouco sobre esse “inocente” ataque.
2- Alguém dirá que estou exagerando, que a criança apenas quis me cumprimentar.
Não é bem assim!
Ela ostensivamente me deu um tapinha.
Inclusive, algumas delas dão o tapinha e ainda me encaram com cara de zangado.
Parece que a intenção é dizer “Viu, otário?” “Vai encarar?”.
Há um detalhe especial nessa ação rápida dos meninos (somente os meninos dão tapinhas) me dando o tal tapinha.
O alvo do tapinha é o bumbum.
Fica evidente, então, que o objetivo da ação é tirar o maior sarro possível.
3- Faço um esforço, porém jamais consigo evitar a investida.
Tento mudar o lado quando percebo a aproximação do sapeca, porém, na hora H, ele encontra um jeito de largar a mão da mãe, chega perto e executa o tapinha, exatamente no bumbum!
A maioria das vezes a mãe não percebe nada, mas há instantes que ela flagra o ato.
Nesse instante o perfil do provocador vem à tona.
4- Um determinado grupo age como se nada tivesse feito.
Esse é o sonso.
O garoto não tem coragem de assumir a traquinagem infantil.
Talvez, no porvir, ele se torne um adulto dengoso e inseguro.
O outro grupo, composto por crianças que dispensarão mais tarde a ajuda psicológica, olha para a mãe e dá risada.
Essa galerinha me deixa chateado pra caramba.
Confesso que eu me seguro evitando perder o equilíbrio.
O pimentinha dá um tapinha no meu bumbum e ainda acha engraçado!
Assim já é demais!
E a coisa ainda costuma piorar.
Às vezes noto a mãe disfarçando a risada solidária.
Pode?
5- Apesar do enorme constrangimento, a boa educação manda a gente suportar a terrível situação caladinho.
Não ficaria bem tirar satisfação!
Também viajando sereno nos ônibus, os meninos e as meninas costumam curtir com a minha cara.
Sentadas no colo da mãe ao meu lado, quando a mãe está distraída (as mães sempre ficam distraídas), elas, as crianças, encontram um jeito de esticar as pernas em cima de mim.
Não tem jeito!
A mãe vê, puxa a perna, no entanto, na distração seguinte, elas voltam a esticar as pernas em cima de mim.
6- Só pode ser uma grande perseguição mirim.
Não há outra explicação.
Eu olho meio enfezado.
Um grupo olha pra mim e dá risada.
Eu começo a achar engraçado.
Outra equipe ousa me mostrar a língua.
É óbvio que, nesse caso, eu não acho nada engraçado.
Eu fico P da vida, mas não posso fazer nada.
Se fosse uma provocação de um adulto, de um rapaz valentão, um saradão que gosta de brigar na rua...
Se fosse um desses, eu não pensava duas vezes, dava um jeito de disfarçar o incômodo e procurava ficar bem quieto (eu sou um cara totalmente pacífico).
Ela é apenas uma criança!
Não sei o que fazer.
Mostrar a língua eu acho uma afronta.
Impotente fico sem saber como agir.
Termino engolindo tudo calado.
7- A solução é aguardar a oportunidade da revanche e saber aproveitar a ocasião.
Já percebi que nos supermercados e nas lojas as crianças curtem demais correr sem qualquer prevenção.
Os pais deixam os filhos apostarem tais corridas à vontade.
Nesse contexto eu consigo finalmente tirar minha onda com as crianças. É a minha revanche!
Como assim, Ilmar?
8- A criança vem correndo e não olha pra lado algum.
Ela não quer saber quem veio, quem vem ou quem virá.
Não existe prudência nenhuma!
O que eu faço?
Quando ela vem na minha direção, eu simplesmente paro.
É tiro e queda! Logo ela esbarra em mim, mas o impacto fica muito reduzido, dá tempo dela frear.
Se eu não parasse, adivinhem o que ocorreria?
9- Ela esbarraria em mim, a força natural do meu movimento causaria um forte impacto no choque.
Ela poderia, batendo em mim, cair ou sair machucada.
Certamente iniciaria um berro, despertando a atenção dos pais e de todos ao redor.
Eu seria acusado de ter sido violento com uma criança.
Eu estaria inocente, mas o berro da criança (ela não hesitaria em berrar cada vez mais alto) impediria essa conclusão e me deixaria em péssimos lençóis.
Mas eu sou mais esperto!
Eu paro, a criança se aproxima, tem um leve impacto no meu corpo, olha pra mim frustrada (No fundo, bem lá no fundinho, ela desejava inconscientemente um impacto o qual pudesse me comprometer).
Depois disso, eu sigo adiante, tranqüilo, assobiando, satisfeito por ter driblado os planos “secretos” da criança.
Começo a repetir mentalmente “Boboca, boboquinha, vai pra casa tomar papinha!”, “Não caí no seu lero, dei um a zero!”.
10- Como vocês podem perceber, é preciso ter bastante sabedoria para encarar as crianças modernas.
Elas, respaldadas na proteção maternal e na doce inocência (inocência?) que a natureza lhes oferta, gostam de ver os rapazes simpáticos e bigodudos chateados.
Elas tentam de maneiras variadas incomodar.
Concordo que elas não fazem isso estimuladas pela maldade (Ah! As crianças são tão fofinhas! Sinto vontade de dar um gut, gut!), mas fazem.
Elas pirraçam, tiram sarro, abusam e provocam (Na verdade elas merecem receber um cascudogut).
Vale a pena prevenir e não deixar que elas vençam!
Um abraço!