Ovelhas no meio de lobos

Depois do “desarmamento” da população, algumas idéias começam a rondar a minha cabeça, martirizando meus poucos, mas ativos neurônios. Há em todo o processo muitas mentiras, interesses escusos e ingenuidades.

A primeira mentira refere-se aos números. Das 500 mil armas expectadas foram recolhidas não mais que 250 mil. Retiraram apenas 3% das armas registradas. Já viram como as blitze apreendem armas? O povo não entregou as armas boas, apenas “vendeu” a mixaria. Como o leitor classificaria a Campanha Anti-Pólio do Governo se esta vacinasse apenas 3% das crianças brasileiras?

Outra mentira: ter arma em casa não defende o cidadão da ação dos bandidos. Os aliados dos bandidos ameaçam com cadeia a quem quiser se defender. A revista brasileira Magnum tem uma seção intitulada “Resposta Armada” onde, a cada edição, são mostrados casos documentados de cidadãos que escaparam de assaltos ou coisa pior por terem uma arma à mão. A maioria de sentenças criminais tem sido favorável ao cidadão que mata o ladrão para defender sua vida, sua família e seu patrimônio.

É mentirosa a afirmação que é preciso desarmar os cidadãos de bem para acabarmos com as cem mortes por armas de fogo que ocorrem diariamente. O total de mortes ocorridas - ou seja, aí estão incluídas mortes decorrentes da guerra do tráfico, assaltos, policiais mortos, execuções - o qual não vai sofrer alteração devido ao Estatuto do Desarmamento. A verdade, que todos os antiarmas desesperadamente tratam de ocultar, é que apenas 3,7% das cem mortes diárias são causadas por cidadãos sem passado criminal.

O cidadão de bem não precisa de arma, dizem ingênuos ou mal-intencionados. A função de protegê-lo é da polícia. Esta é uma combinação de mentira com piada de mau-gosto. O tempo de resposta da polícia a um chamado 190 pode chegar até noventa minutos. Isto quando atendem. Os que votaram pelo “sim” têm responsabilidade nesse aumento da violência no Brasil É mentira dizer que países que se empenharam em um programa de desarmamento dos cidadãos obtiveram um retumbante sucesso. Esta é a mais perversa e fascista de todas as mentiras. A velha Inglaterra é hoje um país mergulhado numa violência sem precedentes.

As dificuldades criadas para registro e posse de uma arma são tantas que o cidadão de bem não consegue cumpri-las, seja pelo aspecto burocrático seja pelo custo. O custo para o registro de uma arma de fogo é de R$ 1.100 (300 para o governo, 250 de honorários do despachante, 250 de certidões negativas, 200 do psicotécnico, 100 para aluguel do stand para a prova prática em um clube de tiro).

O caso é que a violência fugiu do controle. As polícias estão mais incapazes do que nunca. O cidadão não pode ter sua arma de defesa, mas os bandidos estão aí, cada vez mais audazes, ostentando armas de última geração.

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 21/03/2007
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