Justiça e força
“É justo que o que é justo seja seguido. É necessário que o que é mais forte seja seguido.
A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica.
A justiça sem a força será contestada, porque há sempre maus; a força sem a justiça será acusada. É preciso, pois, reunir a justiça e a força; e, dessa forma com que é justo seja forte, e o que é forte seja justo.
A justiça é sujeita a disputas: a força é muito reconhecível, e sem a disputa. Assim, não se pôde dar a força à justiça, porque a força contradisse a justiça, dizendo que esta era injusta, e que ela é que era justa. Fez-se com que é forte fosse justo.”
(Pascal. Pensamentos, aforismo 298. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.117)
Achei esse aforismo bem interessante. Mostra a relação entre justiça e poder. O que é justo deve ser seguido, infelizmente não é isso que cresce na nossa sociedade. Vemos é que, onde é melhor que é seguido, as pessoas não se importam se é justo ou não. O exemplo de quem fura a fila é seguido, de quem faz coisa errada e quem tem os caminhos de espinhos pensando que vai ter diamantes no fim dessa jornada, que, na verdade o fim é o fogo do que já era seco.
Mesmo que seja penoso, não seja o caminho mais fácil, que demore mais, o justo que deve ser seguido. Nós devemos fazer que a justiça seja forte, e isso depende de cada um. Se seguimos a injustiça, ela será forte, será que o fim a injustiça é bom? Do que serve a justiça sem nossa força?
A força sem a justiça é tirânica, isso significa que isso é o mesmo que silêncio do ser humano como cidadão. Isso resulta em ditaduras, sofrimentos e falta de liberdade. A justiça sem força será contestada, acho que isso se resume em Brasil, o que adiante ter justiça se ela não tem força? As pessoas contesta isso, vemos isso todos os dias. Vemos reportagens ou ficamos sabendo de políticos corruptos que não acontecem nada com eles, pessoas que mata, rouba e desonra e continuam a fazer as coisas diariamente sem a mínima interferência porque sabem que não tem um poder maior que vá impedi-las. Começa por nós, devemos fazer que o nosso contestamento dê energia, poder à justiça!
Fazer justiça pelas próprias mãos não é correto, pois esta atitude é acusada e acusada e “suga” a força da justiça. Sempre vai haver disputas, muitas vezes pela força, mas se for sem a força as coisas são mais civilizadas. Não podemos vencer a justiça a força porque isso não faz parte do que é justo. Fez-se com que é forte fosse justo, esta frase é bem marcante porque mostra a inversão de valores da sociedade, hoje quem tem poder, quem pode pagar, quem dá benefícios mesmo prejudicando o outro que tem a “justiça”, enquanto o que é realmente bom é deixado de lado porque é o caminho mais longo e ajuda mais o outro do que eu. Para minimizar estas situações devemos fazer as seguintes perguntas:
– Eu faço algo apenas para me beneficiar?
– Eu penso no outro?
– Fico do lado do que é justo ou mais vantajoso para mim?
– Sempre digo a verdade?
– Tenho ética? (Não furar fila, saber a minha vez, atravessar na faixa, saber respeitar...)
– Ficando julgando as coisas sem saber todos os lados do assunto?
– Peço perdão e desculpas?
– Deixo meu orgulho de lado para me acertar?
É sempre bom refletir se fazemos a justiça a nossa força ou fazemos com o que é forte que seja artificialmente justo.