O VÍDEO INFORMATIVO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Transportar os discentes no tempo e no espaço é o que o vídeo consegue fazer de forma muito especial. Esse levar e trazer informações permite que agreguemos ao nosso mundo um pouco daquilo que não está ao nosso alcance imediato. Dessa forma, pode trazer o mundo externo para a sala de aula, levar a imaginação tanto para o infinito das galáxias como para o mundo microscópico. O passado, o presente e o futuro são apenas tempos de verbos.

O vídeo se torna um meio de transporte universal que permite docentes e discentes se deslocar para outras realidades no momento desejado. A função informativa do vídeo aparece quando o docente apenas quer mostrar algo sem estar preocupado com a reflexão e/ou os conhecimentos que poderão ser construídos a partir daí:

Tudo que o docente muitas vezes não faz em aulas práticas e ou teóricas, pode fazer passando um vídeo que trate do tema. (Professor de Educação Física das turmas séries pesquisadas/COFRAG).

O mesmo docente, em seguida, abre um questionamento interessante já que ele mesmo não se conforma em apenas conhecer, para ele tem que vivenciar na prática, e este desejo, segundo ele, não se desperta apenas com o vídeo:

Desperta a curiosidade dos discente, mas não desperta o interesse de aprender. É um problema sério colocar na cabeça de que tal assunto eles jamais irão aprender isso ou aquilo... (Professor Educação Física das turmas séries pesquisadas/COFRAG).

Ao contrário de minha infância, muito limitada em representações icônicas, atualmente vivemos num mundo de imagens, as informações visuais se multiplicam por todos os lados a ponto de até a Geografia sentir este impacto:

Verifiquei que os alunos precisavam de algo visual, em termos de mapas, rios, monumentos, meios de transportes, tendo em vista que o tema está ligado geograficamente aos meios de comunicação. E nos dias atuais os meios de comunicação estão sendo mais visuais. E preciso usar o vídeo porque senão as aulas assim ficam muito abstratas, tendo em vista que os alunos devem se reportarem para a época, para o lugar, o espaço geográfico, os costumes e assim por diante... (Professor de Geografia das turmas/séries pesquisadas/COFRAG).

Na Geografia e/ou na História essa informação vem através dos filmes de época que ajudam a reconstruir os caminhos, os espaços físicos e as histórias na cabeça de cada um. O docente, portanto, observa que o vídeo ajuda muito principalmente aqueles que não cultivam o hábito diário da leitura:

O maior problema dos alunos é justamente a falta de leituras diárias dos textos que envolvem e explicam os temas estudados. Assim sendo, quando os alunos olham vídeo, por exemplo, visualizam e a partir daí, sabem descrever melhor o que viu e ouviu, assim justifico a grande importância do uso do vídeo em sala de aula. (Professores de Geografia e de História das turmas séries pesquisadas/COFRAG).

Mais uma vez se evidencia que está mudando a forma de aprender, a leitura está sendo substituída pelo ver, e alguns docentes estão realmente percebendo isso. Quando o vídeo é trazido como uma fonte de informações a ação do docente é muito mais perceptível. O docente põe o mundo aos pés dos discentes, como se fosse in-loco, e/ou melhor, aos olhos deles, com o vídeo e apresenta a sua maneira de vê-lo e senti-lo tal como ele é. É importante relatar que em alguns casos observados o docente que traz a informação em vídeo, já traz a sua visão de mundo e sua posição juntas. Fora da escola à busca da informação cientifica não é uma prática muito comum, mesmo sabendo que os alunos e os professores, em quase cem por cento tem televisor em casa, mas, mesmo assim a finalidade é no sentido de,

Os alunos mesmo na hora de fazer seus trabalhos escolares, ligam a televisão para assistirem novelas, esportes e outros seriados voltados para a juventude, um mero momento de lazer. Porém, na hora de assistir o jornal nacional, por exemplo, desligam a televisão ou então vão tomar banho. Gostam mesmo é de assistir novelas... (Professor da disciplina Língua Portuguesa das turmas séries pesquisadas/COFRAG).

Nem todos os docentes percebem que os seus discentes permanecem mais tempo com a televisão do que em sala de aula, se não buscam informações na televisão pelo menos estão absorvendo uma cultura de massa, um modo de fazer próprio de uma vida de substituição onde a experiência é substituída por uma representação.

Ao trazer informações em vídeo para a sala de aula, de assuntos relacionados à sua disciplina, o professor de Educação Física procura despertar interesses em outras modalidades de esportes (função motivadora), em outras competições até mesmo quer despertar neles o sonho mesmo percebendo um acomodamento. “Eu não sei por que os discentes botam na cabeça que não tem condições que isso não dá... muitas vezes já ouvi alguém afirmar: “que adianta eu nunca vou fazer isso e/ou aquilo...” mas eu nunca vou conseguir realmente fazer isso” (Professor de Educação Física das turmas/séries pesquisadas/COFRAG). Também o docente de Ciências Físicas e Biológicas tem observado que “os meninos e as meninas acomodadas é uma dificuldade até na hora da prova porque eles deixam tudo sempre pela metade” (Professor de Ciências das turmas/séries pesquisadas/COFRAG). Estes dois depoimentos que enfatizam este acomodamento são indícios dessa experiência mediada pela lógica da televisão, como meio de comunicação e informação das massas, onde se pontuam algumas coisas e não se argumenta nada, prevalece o censo comum e/ou alienação social.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 24/03/2013
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