dialética, relativismo cultural e concepção da verdade

Um caminho de contraposições de ideias, permeado pela ilusão de uma verdade, pelo rumo de uma busca por essa idealização da verdade. Dialética.

O ser humano perguntou, não soube responder, arranjou uma lenda. O outro veio com um teorema, cuja demonstração outro alguém refutou. Alguém orou por uma resposta, outro fez um poema a respeito. E cada homem que andar pela Terra vai querer encontrar, na satisfação de si mesmo, a versão que lhe permita a sombra da resposta que não existe em sua originalidade. A dialética na conversa de bar, no curso da História. A gente entra em discussão, estuda História e Filosofia, produz memória… Pra se expor à argumentação do mundo, pra responder a si mesmo a pergunta do carinha lá de trás.

As escolas literárias andaram revezando Apolo e Dionísio, com qualquer “Mata dos Cocais” intercalada pra dar alívio na transição, e eu sou dessas que acredita na arte pra contar a História – vista do que saiu de dentro de quem tava lá, dá pra confiar mais. Vai ver não dá pra aguentar tempo demais de cabeça, nem de coração. Apesar da dialética, não existe a ideia de caminho evolutivo – a gente sente isso de evolução quando olha pra trás, mas anacronismo é trapaça. A humanidade substitui mitos, religiões, ciência – ou o acervo explicativo seja lá de qual for o cunho – olhando pro que quer descartar e se afundando no que vai ser descartado futuramente. Acontece que a gente trapaceou julgando outras realidades e agora ficou confuso com mais de uma verdade ou com a ausência dela. Mais do que isso: a gente caiu em globalização e desrespeito. Se for pra conhecer a cultura, o credo e a teoria alheia, que seja não com a intenção de julgamento e intervenção, mas no simples intuito de desfrutar do que esse conhecimento pode render como experiência. O romantismo sempre vai voltar, com qualquer apelido contemporâneo, e o realismo vem atrás, também com sua nova versão.

Hoje é a vez do mérito, da utilidade, do pragmatismo. Poesia e fé andam mal das pernas. O cretino (hahah respeito) me olha pro poema e pergunta: o que o poeta quis dizer? Quis dizer nada não! Tava só de chamego…

Adriana Campos K
Enviado por Adriana Campos K em 23/03/2013
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