A INFORMAÇÃO COMO PRODUÇÃO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Em suas pesquisas, o educador e pesquisador da USP, Moran (1995), sobre a informação a partir da produção, menciona que a análise também pode partir de uma dinâmica que utiliza a produção de um jornal pelo grupo utilizando o mesmo material informativo prévio. O coordenador grava um ou dois telejornais da mesma noite e adquire alguns exemplares de dois ou três jornais impressos do dia seguinte. Os grupos recebem os mesmos jornais impressos. Cada grupo elaborará um noticiário radiofônico, de cinco minutos, a partir dos jornais, seguindo a ordem que achar mais conveniente.

Cada grupo grava o seu noticiário ou o lê como se fosse ao vivo. Pede-se a alguns participantes que anotem a seqüência das notícias, a sua duração e as palavras-chave de cada notícia. Colocam-se esses dados em público num quadro negro ou cartolina.

Discute-se no plenário as coincidências e diferenças de cada grupo na seleção e tratamento do mesmo material informativo inicial.

Numa segunda etapa os alunos relatam acontecimentos que presenciaram pessoalmente ou que conhecem bem - e os comparam a como apareceram nos jornais e na televisão.

Esta técnica enriquece a análise com o processo de seleção de cada grupo. Exemplifica os mecanismos envolvidos no tratamento da informação mais claramente porque são percebidos na análise da própria produção. De outro lado, as interferências ideológicas no

processo de escolha também se mostram mais evidentes. De qualquer forma, mais que a análise de um programa, o importante é tornar a pessoa mais atenta a todo o processo informativo, às mediações conjunturais e do processo de produção da indústria cultural que interferem nos resultados informativos.

Os alunos também podem fazer um pequeno jornal impresso ou em vídeo, com notícias das aulas e da vida deles. Depois, “o professor discute com os alunos como foi o processo de seleção das notícias e de produção do jornal ou telejornal” (MORAN, 27/35 – jan/abr/1995) .

É notória a preocupação com esse objeto estranho, o vídeo, que invade o espaço escolar com uma linguagem diferente, não escrita.

Em várias entrevistas observei a preocupação de trazer para a sala de aula as questões e os problemas da sociedade local e do seu entorno.

Uma preocupação com a falta de material relativo ao que está acontecendo ao redor da escola, na vida de cada um dos alunos e de seus familiares, os problemas do bairro, poluição, lixo, desemprego, entre outros. Por vezes deixaram transparecer que ao lado de problemas técnicos esta é uma das razões pelas quais, a programação da TV Escola não é usada. O professor de Ciências tem feito algumas tentativas para produzir algo, mas confessou ter esbarrado na falta de conhecimento teórico e prático de produção.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 23/03/2013
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