Refletindo sobre uma frase
Inúmeras vezes ouvi da minha mãe: "Minha filha, a vida é uma ilusão". Inicialmente achava aquilo uma frase oca, sem sentido, pois a vida me aparecia tão real em seu colorido e multifacetamento. Mais adiante comecei a considerar algum significado na afirmação sobre a condição ilusória da vida. Atualmente encontro nela toda a lógica. Interessante como tudo muda, tudo se altera, tudo pode ser ou deixar de ser.
Com essas considerações iniciais não entenda o leitor, a leitora uma atitude pessimista. Absolutamente. Trata-se mesmo de uma observação dos fatos, da cotidianidade, de tanto que tenho visto e de tudo aquilo de que me desvisto. Isto é uma reflexão de quem vê um filme algumas vezes e, assim, pode captar-lhe outros detalhes que a emoção da primeira vez escondeu.
Isto parece triste? Nostálgico? Devastador? Desenganador? Pois é, partindo do mesmo raciocínio, aceito que cada um terá uma opinião e o que me vem disto é o enriquecimento de minha reflexão que continua e continuará. Verei mais detalhes, aprenderei mais e, quem sabe, até possa, um dia, concluir que a vida é mesmo uma ilusão, mas que, também, a ilusão é algo real. Sim, a ilusão é real.
A ilusão é real no instante em que existe em mim, em você. Até mesmo a ciência com todo o aparato e método é uma ilusão: a ilusão do conhecimento. Essa ilusão de conhecer é a poesia do investigador científico, este vive o mesmo drama dos poetas: a mesma angústia e busca incessante de algo pleno de que, antecipadamente, está ciente, nunca conhecerá.
Então, pensemos juntos, certo? E se essa ir(real) ilusão nos faltasse? Tanto ao poeta quanto ao cientista? Aí sim, é possível considerar a indispensabilidade da ilusão, ela nos mantém iludidos e proativos. Estamos todos iludidos e isto é muito bom.
Quando avistei a morte nos olhos de minha mãe, aquela frase ficou ainda mais viva em minha mente: "MINHA FILHA, A VIDA É UMA ILUSÃO".
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Vejo, no texto que produzi, uma série de características sutis que ora o fazem assemelhar-se à crônica, ora a um breve texto de reflexão e contendo passagens dissertativo-argumentativas. Esta questão da tipologia textual é altamente complexa e ainda longe de encontrar um ponto final, especialmente com a movimentação natural da língua e as novas nuances que adquire sendo veiculada em meios da moderna tecnologia. Continuo convicta da extrema liberdade que caracteriza a língua, a linguagem.
"ISENBERG (1987), por considerar que a maior parte das tipologias
existentes se mostra insuficiente para descrever tipológico e textualmente os textos concretos (os que circulam na sociedade), pelo fato de se sustentarem em critérios ambíguos ou limitados, afirma que
'(...)no sabemos casi nada sobre cómo ha de constituirse um
sistema complejo de clasificación de textos, (mas acrescenta que
esse sistema) es um presupuesto necesario para poder describir
textos de una manera exhaustiva”.(p.128). In SILVA, 1995, p. 41.
Referência
SILVA, Jane Quintiliano Guimarães. TIPOLOGIAS TEXTUAIS E A PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ESCOLA. Disponível em <http://www.ich.pucminas.br/posletras/21.pdf> Acesso em 21 de março de 2013.