YHWH – O Impronunciável Amor

YHWH – O Impronunciável Amor





YHWH, o Eu Sou que não pode ser falado, mas que sempre está presente.

O palestrante Ivo, cujo sobrenome conheço, mas não sei como se escreve, (sei como se fala), abriu sua temática “Isso não é amor”, em meados de 2009 na rua dos Jornalistas, São Paulo, com a seguinte proposta: você não faz o que eu quero, então não te amo. Daí ele traçou o caminho executando uma bela palestra. Eu, por meu turno, ao me deparar com essa proposta, acabei desenvolvendo idéias para um texto, publicado aqui no RL com o título “Que amor é esse?”. Enquanto redator, fiz o mesmo papel de um músico com uma escala na mão que, a partir dela, tece algumas variantes. Em suma, não passou de um exercício e posso afiançar ser desnecessário um certificado na parede para se exercitar.

Agora, pessoas realmente gabaritadas estão tecendo excelentes vertentes sobre o tema.

Julie Redstone diz bem assim: “Às vezes, um estado mental pode também ser afetado, de modo que não apenas não seja possível sentir o que é mais verdadeiro, mas também acreditar nas idéias anteriormente mantidas. (...) Nestes momentos é mais importante se agarrar ao amor. Quando os pensamentos da realidade espiritual parecem se tornar obscuros, quando sentir alegria, ou confiança, ou esperança, parece um desafio, agarrem-se ao amor”.

Nesse caso, Julie fala do amor dentro de cada um de nós, que é uma expressão de YHWH.

Nosso brother Osho, na questão do amor entre dois seres, expressa da seguinte forma: “amor-deficiência” depende do outro; é o amor imaturo. Na realidade, não é verdadeiro amor - é uma necessidade. Você usa o outro, você usa o outro como um meio. Você explora, manipula, domina. Mas o outro é limitado, o outro é quase destruído”.

Tenho certeza de que você já viu esse filme.

Num palavreado extremamente bem organizado por Lee Carroll, intitulado A HUMANIZAÇÃO DE DEUS, vemos lá pelas tantas o seguinte trecho: “Observem a História por um momento, e vejam o que os seres humanos decidiram sobre Deus e a história de Deus. Deixem-me lhes contar a história que é ensinada hoje. Era uma vez, Deus, o Criador do Universo, e Ele teve um problema. Parecia haver uma guerra acontecendo. De alguma forma, era uma guerra com os anjos envolvidos, e determinados anjos não gostavam do jeito que Deus estava fazendo as coisas. Agora, de imediato, isto parece Deus, ou os homens?

A história continua. Finalmente, porque a guerra estava prosseguindo muito mal, o instigador foi expulso do céu (ou seja como for que o chamem), e caiu na Terra. Ele levou os seus seguidores com ele e passaram à clandestinidade. Agora, ele tem um rabo, chifres e faz fogo. Novamente, isto soa como o Criador do Universo? Isto se assemelha à essência do amor, a fonte multidimensional de tudo o que há?”.

Colocamos esse trecho de Lee Carrol aqui porque justamente o título desse artigo - YHWH, é, na verdade, um dos nomes do Incriado. Repare, Ele não foi criado e seu nome é impronunciável. Não obstante, alguns caminhos de pensamento já concebem a idéia de que Ele é amor.

Noutro trecho, Carrol avisa: Acostumem-se com o conceito de "emaranhamento físico" - termo usado no mundo quântico que descreve um estranho atributo da matéria que parece estar “conectado a tudo o tempo todo.”

E esse filme, você já viu? Ou pelo menos vislumbra?

Vamos inserir mais ingredientes na panela, lembrando sempre que temos dentro de nós algo que não se pronuncia, que não foi criado e, agora, eis o xis da questão: não sabemos direito o que é. Noutras palavras, humanizamos uma coisa que ainda estamos engatinhando para descobrir.

M. L. King disse: “Nadamos como os peixes, voamos como os pássaros, mas ainda somos incapazes de tratar o próximo com um mínimo de decência”. Martin expressou um tantinho diferente disso e ainda bem que ele não é uma voz isolada no meio do tenebroso cântico: “é isso aí, esfola mesmo, agora arranca um olho e joga gasolina em cima”.

Outros antes dele, depois dele, aqui e agora, andam tremendamente dispostos a engrossar o coral do principal atributo de YHWH.

Agora, não custa nada pensar um pouquinho.

Numa excelente entrevista concedida à Veja, master Gikovate, no chamado amor entre dois seres, narra que (dois pontos): “As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação”.

Isso não soa um pouco como o resultado do amor-necessidade, descrito por Osho? Que por sinal, ainda nos diz: “Essa é a batalha que prossegue entre os assim chamados apaixonados. Eles são inimigos íntimos, lutando continuamente. Os maridos e as mulheres — o que estão fazendo? O amor é muito raro; a luta é a regra; o amor, uma exceção”.

Voltemos ao Gikovate (cara, isso poderia ser uma projeção de slides...):

“Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. (...) Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano”.

Voltando ao Osho: “O amor não é uma relação, é um estado”.

No filme “Cidade dos Anjos”, Nicolas Cage, um anjo, se apaixona pela médica Meg Ryan. Há um diálogo entre eles bem revelador desse estado. Meg se surpreende porque é que ela se sente tão bem perto dele. Ele diz que basta isso, basta estarem juntos, presentes, um na presença do outro, e então até o silêncio basta.

Gikovate again – “O amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. (...) Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. (...) Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada”.

Na última e incrível aula do professor Adamus, com palavras outras ele conta que a mente, mente. E acrescenta:

“Se a mente fizer seu joguinho e vocês entrarem nele, que pena pra vocês. Mas há uma coisa, queridos amigos, uma coisa que irá libertá-los: o amor por si próprios.

Perguntou-se outro dia: “Como alguém se ama? Cadê o livro? Quais são as regras? Me diga como posso me amar pra que eu possa sair daqui.”

Amar a si mesmo é a coisa mais difícil que farão. É a aceitação. É a quietude. É não olhar mais pra fora de si. É escutar a pequena voz tranqüila interior”.

Bem, esse artigo não passa de um mero exercício sobre alguns ângulos de uma questão infinita, e se me perguntassem o que diz a voz, eu responderia, literariamente: YHWH.

Encerramos com Osho: “O homem amadurece no momento em que começa a amar em vez de necessitar. Ele começa a transbordar, a partilhar; ele começa a dar”.







 
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 18/03/2013
Reeditado em 30/05/2021
Código do texto: T4194870
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