Collor foi injustiçado?

Há dias a nação assistiu o pronunciamento do Senador Collor de Mello, no qual ele se diz vítima de uma conspiração política para afastá-lo da Presidência da República. Para começo de conversa informo que não votei em Collor, e não votaria nele no futuro. Votei no Brizola no primeiro-turno e no Lula no segundo. Eu até vesti preto nas passeatas pelo impeachment.

No entanto, passado o tempo, constata-se que as denúncias contra ele jamais foram provadas. A história política brasileira é pródiga desse denuncismo. Desde Vargas, cada Presidente recebeu sua parcela de denúncias. O processo da CPI de Collor foi remetido à Justiça que, não vendo culpa, o absolveu. Havia o PC, dito desonesto; a Zélia vista como desastrada, mas contra FC nada foi provado.

No Brasil as elites não gostam de mudanças. Todas as revoluções e quarteladas que sofremos, ocorreram para impedir mudanças. Collor fazia um gênero de político moderno, e isso para as raposas conservadoras era um acinte.

O sistema sóciopolitico nacional não estava (nem está) preparado para um estadista. Gostamos de políticos populistas, adesistas ao sistema, conservadores, como FHC, Serra e Geraldo. Até Lula fez acordo com o FMI e com a oposição. Os antolhos de nossa classe política, empresarial, latifundiária não lhes permite enxergar a necessidade de mudança.

As elites defendem as mudança com a mesma intensidade com que as repelem. O país não está preparado para as atitudes radicais, para reformas, venham elas das esquerdas ou de onde vierem.

A patuléia gosta de doutores, de discursos desligados da realidades. Pode falar bem, mas não mexa no bolso nem nos benefícios. Essa turma gosta de pompa e “nhê-nhê-nhê”. Colllor foi vítima de um linchamento político. Perdeu o mandato, acusado por deputados de moral discutível, sem ter sido condenado pelo Judiciário. Nesse particular, a política é sempre tendenciosa. O melhor foro para julgar a história é o tempo.

Na semana passada (16/03/2007) a interativa de uma rádio de Porto Alegre, registrou: 48% (foi injustiçado) e 52% (não). Empate técnico!

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 20/03/2007
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