HEBA, PALESTINA DE 12 ANOS ESCREVE PARA BARACK OBAMA - E A MORTE DE RACHEL CORRIE ATIVISTA NORTE AMERICANA
Caro Presidente Barack Obama,
Meu nome é (Heba). Eu sou uma menina (12 anos) da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Eu sou uma palestina. Eu amo o meu povo, e eu me importo profundamente sobre todo o mundo inteiro.
Sr. Presidente, a minha cidade está sofrendo. Meu povo está sofrendo. Desde o dia em que tomei conhecimento do lugar onde eu moro, e das pessoas ao meu redor, vivi pouco de paz. Há tanta dor aqui. Eu cresci sob cerco de Israel. Minha mãe sempre me dizia que não havia nada, mas o cerco em Gaza sempre existiu, mesmo antes de eu nascer. Minha família traça a sua história de dor e desde 1948, quando Israel se estabeleceu sobre as ruínas das casas dos meus antepassados. Foi então que se tornaram refugiados desde aquela época. Nós ainda somos refugiados. As coisas, pelo o que vejo ainda,ficarão piores para nós, já que continuamos a sofrer em uma guerra desigualdade que parece não ter fim , e este bloqueio imposto por Israel que nos faz mais pobres do que nunca e sem chão de liberdade.
Na guerra de 2008, eu me lembro como todos nós estávamos com medo quando o exército israelense matou e feriu milhares de meu povo. Mais de 350 dos mortos eram crianças, assim como eu. Minha mãe nos segurava apertados e cantava para nós a noite toda, enquanto as bombas caíam ao redor de nós. Esses tempos tão assustadores foram repetidos vezes e ainda estão, mas eu não tenho medo. A coragem do meu povo me contagiou e me ensinou a ser forte e orgulhosa.
Há dez anos, uma bela garota americana chegou em nossa cidade. Ela foi acompanhada por vários de seus amigos que vieram solidarizar com a gente e falar para o mundo sobre o sofrimento e a bravura dos palestinos. Aqueles que a conheceram falaram com muito carinho dela, de como ela tentou praticar a língua Árabe de maneira engraçada, e as meninas que seguraram sua mão e caminharam com ela orgulhosamente em torno da cidade. Já faz dez anos , Sr. Presidente, que a menina, Rachel Corrie foi atropelado por uma escavadeira militar israelense, que foi fabricada nos Estados Unidos e paga pelo governo americano. O motorista passou por cima dela sem piedade, mais de uma vez. A bela Rachel morreu, senhor, quando ela estava protestando contra a demolição de nossas pobres casas. Esse ato de assassinato não foi o primeiro nem será o último cometido contra aqueles que vieram para ficar com a gente. E como você sabe, muitos milhares de nossa gente foram mortos de muitos modos e eu posso narrar todos com todos os detalhes. Como Rachel, eles eram inocentes.
Quando eu te vi na televisão, ouvi você falar de valores como igualdade, democracia e liberdade. Mas quando os nossos vizinhos falam sobre o governo dos EUA, eles falam do dinheiro e das armas que são regularmente enviadas pelo seu governo e são utilizados para a realização das guerras horríveis contra o meu povo. Quando isso vai parar? Quando você vai transformar suas palavras em ação? Como você se sentiria se as suas duas meninas encantadoras vivessem em Rafah, Sr. Presidente? Você ainda vai enviará dinheiro e armas para aqueles que estão atormentando o povo desta cidade? Nós aspiramos atingir aos mesmos valores que você sempre fala, mas, para as nossas aspirações isso, pelo jeito nunca se realizará. Por favor, pare de enviar armas para Israel. As crianças vão continuar a morrer se você não fizer a coisa certa.
Sr. Presidente, o meu povo precisa de sua atenção especial hoje, mais do que qualquer outro momento no passado. Esta atenção é tão importante para nós, desde a nossa divisão que fortaleceu aqueles que maltratam-nos, e que ocuparam e cercaram-nos por tanto tempo. No entanto, todas as tentativas de conciliação foram obstruídas pelo seu governo, que insiste em manter-nos fracos e divididos. É hora de deixar-nos encontrarmos nosso terreno comum para que possamos falar em uma só voz e ter uma liderança que represente verdadeiramente o nosso povo.
O povo de Rafah, em Gaza, na verdade, todos os palestinos,nunca, esquecerão Rachel. Em nossa cidade, nós a chamamos de mártir e nós temos pinturas e fotos dela em muitas das nossas paredes em decomposição. Ela era a prova de que os americanos não odeiam Rafah. Rachel morreu por nós.
Sr. Presidente, eu ainda estou esperançoso de que, sinceramente, de que sejas uma voz forte contra a ocupação militar para exigir o fim do cerco, e não enviar mais armas para Israel, e não se à nossa unidade. Por favor, não dê mais forças àqueles que atormentam eu e meu povo por tanto tempo.
Nós nunca desisitiremos da luta pela nossa liberdade, e vamos sempre honrar o legado dos nossos heróis - Rachel Corrie, James Miller, Tom Hurndal, Vittorio Arrigoni, Mohammed al-Durra, Iman Hajjo, Fares Odeh, Arafat Jaradat, e milhares dos nossos heróis e heroínas que continuarão a inspirar-nos, até o dia em que aproveitar a nossa liberdade.
Tradução e adaptação Jota Kameral
Rachel Corrie
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rachel Aliene Corrie (Olympia, 10 de abril de 1979 – Rafah, 16 de março de 2003) foi uma estudante e voluntária americana, membro do International Solidarity Movement [1] (ISM).
Aluna do Evergreen State College, ela decidira interromper seus estudos para passar um ano na Faixa de Gaza. Nesse período, juntou-se a outros ativistas americanos e europeus tentaram impedir as quase diárias demolições de casas de palestinos, pelas forças de ocupação israelenses. Durante a Intifada de Al-Aqsa, Rachel e seus companheiros tentavam impedir mais uma dessas demolições, na cidade de Rafah, perto da fronteira de Gaza com o Egito, quando Rachel acabou morrendo esmagada por uma escavadeira das Forças Armadas de Israel.
... esmagada pela escavadeira.
Dias antes de morrer, Rachel escrevera a um amigo: "Destroem as casas mesmo com gente dentro, não têm respeito por nada nem por ninguém."[2][3]
O Tzahal alegou que a morte da jovem foi acidental, pois o condutor da máquina (uma Caterpillar D9) não poderia tê-la visto.[4][5] Entretanto, outros ativistas contestam a versão oficial. "Nós gritamos e agitamos os braços para o condutor. Até tínhamos um megafone. Mas a escavadeira continuou em marcha até passar por cima dela", disse uma das testemunhas, o britânico Tom Dale. Nas semanas que se seguiram à morte de Rachel Corrie, as Forças de Defesa de Israel acusaram os integrantes do International Solidarity Movement de agir de maneira "ilegal, irresponsável e perigosa".[6
Caterpillar D9R blindada, utilizada pelo Tzahal, semelhante à que causou a morte de Rachel Corrie.
O exército de Israel informou que a demolição tinha como objetivo encontrar túneis clandestinos que serviriam ao transporte de armas provenientes do Egito.[7][8].
A Anistia Internacional exigiu uma investigação independente sobre as circunstâncias da morte de Rachel Corrie, lembrando que "o exército israelense destruiu mais de 3.000 lares palestinos nos territórios ocupados, além de extensas áreas de plantações, propriedades públicas e privadas e infraestrutura de abastecimento de água e eletricidade em zonas urbanas e rurais. As motoniveladoras usadas para as demolições mataram civis palestinos, mas até agora nenhuma investigação cuidadosa foi feita".[9] Somente no mês de agosto de 2012, o estado de Israel promoveu a destruição de 12 comunidades palestinas, e 1.500 pessoas perderam suas casas.[2]
Em 28 de agosto de 2012, em Haifa, um tribunal israelense isentou o exército do país de qualquer responsabilidade na morte de Rachel. Seus pais, que moram no Estado de Washington, nos Estados Unidos, pretendem recorrer da decisão, segundo informações do seu advogado, Hussein Abu Hussein. Segundo ele, o veredito "legitima agressões a pessoas inocentes e violações de direitos humanos básicos em Israel." Apesar de a jovem ativista estar, no momento em que foi atropelada, sobre um monte de entulhos de outras casas e de terra, a Corte israelense considerou que "o campo de visão de uma escavadeira é limitado e o motorista não a viu", de modo que a morte da jovem foi classificada como um "acidente". Ademais, a Corte ponderou que o local é uma zona de conflito e, portanto, a morte da jovem teria sido o resultado de uma "ação em tempo de guerra." [2]
Em memória de Rachel, um dos barcos da coalizão de ONGs Free Gaza foi denominado MV Rachel Corrie.[10] Esse barco deveria ter liderado a Flotilha da Liberdade, interceptada pelas forças israelenses, em 31 de maio de 2010, mas atrasou-se por problemas .