VÍDEO, TECNOLOGIA MULTIFUNCIONAL

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Clarice Lispector

Apesar de não ter sido criado e desenvolvido para o ensino-aprendizagem apenas em sala de aula, o vídeo, desde o início, despertou interesse de educadores do mundo inteiro. Nesse particular, não foi feita uma pesquisa sistemática prévia, mas alguns dados existentes comprovam isso na prática diário do COFRAG – Colégio Francisco Aguiar, desde a década de 80, e na FAFIL – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, mantida pelo IESPA, situada em Santa Rita - Paraíba, utiliza-se o vídeo desde 1996, nas aulas do curso de formação de professores em Letras. Apesar de pontuais, esses dados apontam para o início da inserção do vídeo no sistema de ensino. A razão dessas experiências pioneiras certamente deveu-se à possibilidade de, com o vídeo, poder mostrar e/ou rever uma experiência. O ingresso efetivo, no entanto, somente aconteceu a partir de 2000, quando o equipamento começou a se tornar mais acessível economicamente. Vale salientar de também a partir de 1996, se tem noticias de que o poder público começou equipar as escolas com televisor, videocassete e antena parabólica, em função do programa TV Escola, foi que essa tecnologia passou a fazer parte do cotidiano também das escolas públicas.

Por isso, a inserção do uso do vídeo em sala de aula impõe-se como um campo novo de pesquisa, tendo em vista que,

[...] a tecnologia do vídeo é multifuncional, pode-se utilizá-la (infra-utilizar-se) para reforçar a pedagogia tradicional, mantendo a escola centrada exclusivamente na transmissão de conhecimentos; entretanto, também pode-se utilizá-la para transformar a comunicação pedagógica. Assumir toda a sua potencialidade expressiva significa assumir esse desafio de transformação da infra-estrutura escolar (FERRÉS, 1996b, p. 32).

A forma autônoma e independente do vídeo como meio de expressão deve-se a características técnicas que permitem que tanto o docente como o discente, sejam não somente consumidores da linguagem audiovisual, mas também produtores. Nesse particular, ele supera a fotografia, o cinema e a televisão, embora seja inferior em outras especificações, como a qualidade da imagem. Para tanto, segundo Ferrés (1996b, p. 31s), faz-se necessária uma formação audiovisual, que envolve a mudança da estrutura pedagógica, do docente, enquanto conhecedor dos processos e mediador crítico das práticas, e dos discentes, como construtores de uma experiência nova. Sem essa educação audiovisual, o vídeo será apenas mais uma tecnologia auxiliar para a reprodução de um ensino tradicional. Como introdutor de novas linguagens desafia o ambiente escolar, provocando-o a adaptá-lo ao modo de fazer da escola e/ou adaptar-se ao modo de fazer do vídeo. Faz-se necessária, então, uma sistematização que ajude a compreender como ele atua e que funções podem desempenhar junto às práticas de sala de aula.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 15/03/2013
Código do texto: T4189531
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.