Depois falam em ecologia...

Na Holanda se consegue observar que todas as pessoas que vão ao supermercado levam suas sacolas para carregar as compras. Nos Estados Unidos e em muitos países da Europa utilizam sacos de papel pardo, como usávamos por aqui há trinta anos atrás. Hoje falam em ecologia, mas fazem tudo o que podem para degradar a natureza. Essa degradação tem origem a partir do uso do plástico (sacos, garrafas, etc), talvez por conta do lobby da indústria petroquímica.

A verdade é que o Brasil é definitivamente o paraíso dos sacos plásticos. Todos os supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalam em saquinhos tudo o que passa pela caixa registradora. A gente vai a um supermercado e vem carregado de vinte ou trinta saquinhos de plástico. Depois, em casa não sabe o que fazer com eles, e acabam indo para o lixo, onde uma coleta e uma distribuição errada acabam infestando a natureza, os bueiros, os rios e os lixões, onde esse produto não se degrada. Os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornaram o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de grandes proporções. Feitos de resina sintética, originadas do petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza.

Essa realidade pouco atendida pelos brasileiros, já justificou mudanças importantes na legislação – e na cultura – de vários países europeus. Lá, por exemplo, quem não anda com sua própria sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma multa bem alta pelo uso de sacos plásticos.

Aqui no Brasil criam campanhas contra “a” para favorecer “b”. Sempre foi assim. Implementaram os sacos plásticos porque as embalagens de papel iam destruir as florestas. Ora, sabemos que as florestas se renovam e o papel pode ser reciclado. O terror é que, conforme o parecer de alguns cientistas, por volta de 2040 a vida no planeta será insuportável, e o uso do plástico tem muito e ver com esse desastre.

Ambientalistas são vistos com desconfiança e com o desprezo dedicado aos radicais. Nós brasileiros, que achamos que os maiores problemas são a ditadura, o desemprego, o sucateamento da saúde, deixamos de enxergar um inimigo letal: a degradação da natureza. Nós falamos em ecologia, mas não temos hábitos ecológicos. O aquecimento global é irreversível. A contaminação da água potável é um processo que avança assustadoramente. O que fazemos contra essas ameaças?

Não há desculpas para nós brasileiros sermos tão omissos. É preciso declarar guerra contra a plasticomania e nos rebelarmos contra a ausência de uma legislação, rígida e específica para a gestão dos resíduos sólidos. Há muitos interesses em jogo. Qual é o seu?

Este artigo é baseado numa denúncia do jornalista André Trigueiro, redator da Globonews.

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 19/03/2007
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