* Há frases que sugerem uma reflexão interessante.
 
“Fulano se meteu numa briga e apanhou feio!”
 
A expressão apanhou feio permite supor que alguém pode apanhar bonito.
 
Tentemos imaginar como seria uma situação do cotidiano em que uma pessoa apanhou bonito.
 
Um garoto chega em casa com a cara quebrada.
A mãe pergunta:
_ Por que você não pára com essa mania de briga, meu filho?
_ Mamãe, o menino me provocou, porém dessa vez eu apanhei bonito.
_ Por que você diz que apanhou bonito?
_ Porque eu resisti, peguei uma pedra e arrebentei o nariz dele. Ele me bateu mais forte, mas jamais chorei. Fui valente demais, mãe! A senhora precisa ter orgulho de mim!
 
A mãe deve concordar que o filho apanhou bonito?
 
* Eu recordo que, antes de começar a quinta série do antigo Ginásio, escutei de minha mãe:
_ Ilmar, se algum menino te bater, revide, pois se você não fizer assim, ele vai ficar acostumado a te bater sempre, você vai virar um saco de pancada bastante fofinho.
 
Não deu outra! No primeiro dia de aula, um menino, sem existir um motivo justificável, me bateu.
Eu revidei.
Nunca mais ele me tocou.
 
Aliás, ocorreu um fato curioso nesses primeiros dias de aula!
Esse colega mais uns dois garotos do mesmo “time” simplesmente cismaram comigo.
Ninguém me batia, porém faziam questão de mostrar que não gostavam de mim.
Passou um tempinho, formei, por determinação da professora, uma dupla com um dos meninos.
No final da atividade ele me disse:
_ Você é um cara legal, eu cismei contigo à toa!
Ficamos, então, amiguinhos.
Depois os companheiros dele passaram a gostar de mim também.
 
Eu nunca compreendi bem essa mudança repentina.
Será que o fato de eu ter ficado encarregado de escrever as respostas da dupla o agradou?
Será que o menino, o meu fiel camarada, teve medo de mostrar a caligrafia sofrível dele?
Afinal de contas, o que teria anulado a antipatia gratuita?
 
* Continuando, voltemos à expressão apanhar feio.
 
Na verdade tanto faz se a pessoa apanhou feio ou bonito.
O bacana mesmo é não apanhar.
 
Percebam que a ocorrência descrita acima apresenta uma situação na qual, porque segui a orientação preciosa de minha mãe, pude curtir o meu Ginásio sem jamais apanhar.
 
Isso não implica que o bom é bater nem que existe o bater bonito ou bater feio.
Não façam confusão!
 
O importante e prudente, nos dias atuais, é não brigar.
 
Vale a pena ressaltar que a aventura narrada aconteceu no iniciozinho dos anos oitenta.
Nesse período os garotos brigavam, batiam ou apanhavam, porém, mais tarde, na fase adulta, viravam ótimos amigos.
 
Um dia desses reencontrei o menino de outrora o qual trocou a antipatia pela simpatia tão repentinamente.
Ele hoje é um pequeno empresário.
Não indaguei se o rapaz melhorou a caligrafia nem discutimos o passado, porém o clima do reencontro foi agradável.
 
* Para encerrar, sugiro que evitemos brigas, exercitando o diálogo respeitoso e imitando Batman mais Coringa quando combinaram realizar uma conciliação inteligente.
 
Num mundo violento pra caramba, com certeza apanhar ou bater não instiga qualquer espécie de graça.
Atualmente a loucura chegou a um ponto que ninguém briga impunemente.
O derrotado, quem apanhou, costuma buscar o tempo todo uma vingança capaz de provocar uma tragédia.
Eu recordei uma época em que ainda éramos civilizados!
 
Escrevi este texto pretendendo brincar um pouco com a expressão “apanhar feio”, relembrando uma bela fase de minha vida, entretanto nunca será demais repetir a urgente necessidade de formar cidadãos pacíficos através dos nossos conselhos e exemplos.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 04/03/2013
Reeditado em 04/03/2013
Código do texto: T4170380
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