ARTE E CRIAÇÃO

A arte faz parte da vida do ser humano e é tão antiga quanto a civilização. A pictografia ancestral, como o pendor infantil para a comunicação através da arte, é a prova cabal de que o homem é diferente dos animais. O homem primitivo, além de caçar, comer, dormir e se reproduzir tinha a necessidade de se comunicar através da arte. Pode-se dizer que a comunicação é uma necessidade humana e que arte é algo mais que mero conjunto de regras ou habilidades para se fazer algo.

É interessante observar como pintar, esculpir ou produzir um texto literário é um processo lento. O artista não pode ser impaciente e nem preguiçoso.

Quando vemos um quadro e os esboços feitos previamente pelo artista constatamos, muitas vezes, que a obra final pouco tem a ver com o esboço inicial; que no exercício da criação houve uma alteração dos rumos iniciais.

A arte tem a ver com habilidades mentais e sensíveis que podem ser usadas para o bem ou para o mal, como os conhecimentos. Uma reflexão mais profunda sobre a beleza e a verdade nos levam à conclusão que ambas devam caminhar juntas no processo de criação, que não podem ser excludentes.

Uma forma de arte revolucionária e pouco conhecida é a que vem sendo estudada e aplicada em centros avançados de estudos espalhados pelo mundo — verdadeiras escolas de adiantamento mental — e que consiste na criação do próprio artista, certamente a mais difícil de todas as artes: a arte de criar a si mesmo. É uma arte na qual o artista, o ser humano, cria a si mesmo deixando de ser o que é para chegar a ser algo melhor, maior, aperfeiçoado.

É uma arte difícil por tratar-se de uma recriação pessoal. É uma obra para toda a vida onde o artista é instruído no sentido de reconhecer em si todos os seus defeitos e imperfeições e, inspirado no propósito de evoluir, poderá esculpir um novo ser humano tornando-se artífice de si mesmo.

O cultivo dessa arte exige esforço, constância e observação. O artista deverá ser instruído, educado; e uma das primeiras lições consiste no aprendizado do querer pois “quando se quer com o coração se quer com a vida, mas é necessário educar este querer para que possa manifestar-se sem perigos”, escreveu certa vez o pensador e humanista González Pecotche.

Inspirado na obra maior que é a própria Criação, o ser humano poderá transformar-se no autor e ator de seus próprios dias, dono de seu destino e artífice de seu futuro dando um salto mortal por sobre tudo o que tem estreitado sua visão e endurecido o seu coração.

Nagib Anderáos Neto

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Nagib Anderáos Neto
Enviado por Nagib Anderáos Neto em 10/08/2005
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