Pequena Aula de Corrupção para Destruir Hospitais.
Meus queridos canalhas que escondem dinheiro nas cuecas, sustentam amantes com dinheiro público, compram deputados e assassinam prefeitos, hoje o tio Milton vai conversar com vocês: gestores da saúde pública... Vamos abordar este difícil tema que são os hospitais brasileiros que atendem pelo SUS, tá? Procuraremos discutir como acabar com estas “pragas” que são estas instituições (os hospitais) e discutir o que fazer quando surgem os escândalos que atrapalham nossa carreira política. Aviso que semana que vem vai haver prova! A bibliografia que recomendo é Mao Tse Tung – Sobre a justa solução das contradições no seio do Povo (Livro Vermelho, 1957).
Vamos começar? Pois bem, a primeira e mais importante lição a gravar logo de saída é a seguinte: se queremos de fato acabar com a rede hospitalar brasileira não devemos jamais (em hipótese alguma) dizer isso a ninguém! Este é um princípio fundamental. O segundo passo importante é elegermos como responsável pelo que está acontecendo uma determinada classe profissional..Imaginem quem? Isso mesmo! Os médicos! Os médicos são muitos, brigam entre si o tempo inteiro e a população já não gosta deles de qualquer forma, né? Então está combinado: os médicos vão ser responsáveis pela crise do atendimento na saúde pública como um todo, mas principalmente dentro dos hospitais. Agora entramos nos aspectos mais complicados meus alunos..Não podemos ter pressa no nosso programa. A guerra deve ser contínua. Precisamos ser amigos da imprensa e noticiar (e muito) que existem médicos violentando pacientes ou desligando aparelhos na UTI, tá? Bom, isto esclarecido vamos para outros detalhes importantes. O tio Milton sabe, e vocês também, que de cada 10 reais que gastamos ( “nós” prefeitos e secretários da saúde) com atendimento hospitalar a gente só vai ver de volta cerca de 6,50 ou 7,00, né? Vocês já fizeram aula de matemática e sabem portanto que abrir hospitais é “jogar dinheiro fora”, queridos. Não podemos, por outro lado, simplesmente fechar os hospitais, né? Esses chatos (chamados eleitores, quero dizer, pacientes pobres ..rss..desculpem, eu sempre troco) e suas famílias que estão lá dentro protestariam e isso pode ficar mal para nossa imagem. Aí que entra a sabedoria do tio Milton para ensinar vocês. Prestem atenção: não precisamos fechar hospitais. Basta levá-los a uma crise sem saída! Pronto! Querem ver como? Eu explico: a parte mais importante (e por onde devemos começar) chama-se “democratizar a gestão” do hospital público. Podemos fazer isso de várias maneiras, mas a melhor delas é criando um clima de guerra entre as pessoas que trabalham nos hospitais. As enfermeiras precisam sentir raiva dos médicos e apreender que ganham pouco por que eles ganham mais. Psiquiatras precisam brigar com psicólogos – basta acusar os primeiros de querer “dar choques” nas pessoas que são doentes mentais. Técnicos de enfermagem precisam sentir raiva das enfermeiras e ter a sensação que são perseguidos por elas. Tudo isto é fundamental! Quando a briga estiver grande, o que vai acontecer? Ninguém sabe,né? O tio Milton responde: nenhuma destas pessoas vai querer ocupar cargos em que se tomam decisões sobre a saúde financeira do hospital! E daí o que acontece? Sobra pra nossa “cumpanherada”, meus alunos! Vocês não conseguem ver que grande oportunidade? Quando a gente conseguir controlar toda rede hospitalar brasileira aí a coisa fica diferente. Quantas licitações para a nossa corja participar hein? Quantos programas de combate ao crack e a AIDS para drenar dinheiro do governo central? Quantos militantes nossos (disfarçados de assistentes sociais) nas vilas recebendo dinheiro público para falar sobre “discriminação sexual” em favelas onde existem granadas e fuzis AR-15? Já pensaram? A TV fala disso todo dia! Afinal quem quer saber de doenças cardiovasculares e provocadas pela fumo ? Quem quer falar sobre essa bobagem de alcoolismo no Brasil, né? Com relação a “tal de tuberculose” então nem me falem em mencionar uma doença assim na TV! Esta doença lembra as pessoas pobres que elas são de fato pobres. AIDS é uma coisa mais “democrática” e todo mundo pode pegar,né?? Dizer que essas doenças são importantes é coisa da ditadura militar, pô! Assim não temos condições de receber “nosso” dinheirinho. Outra coisa: é preciso sempre insistir que as pessoas doentes devem ser “vistas como um todo” (seja lá o que isso queira dizer) e salientar sempre que precisamos de mais postos de saúde! Não sejam burros de pensar que a imprensa vai dedicar tempo para fiscalizar a construção de um simples postinho,né? Mas já pensaram na “dificuldade” da gente em “tirar a nossa parte” na hora de construir um grande hospital ?? Pois é, meus alunos, tudo isso precisa ser levado em conta, tá? A aula de hoje era essa! Na semana que vem, ou depois, o tio Milton vai abordar outro tema – como um grande hospital pode escapar do imposto de renda fingindo que ajuda um “hospitalzinho” menor – mas este é outro assunto. Estudem sempre para tornarem-se bandidos cada vez melhores! O tio (e o Brasil inteiro) confia em vocês...
27 de fevereiro de 2013
cardiopires@gmail.com