Universo, universo, Poesia, poesia

Folheio a Folha do último sábado, dia 16. Dou de cara com a coluna do Marcelo Gleiser, físico que admiro muito, não sei por escrever tão bem, traduzindo para uma linguagem mais humana as termosas questões fadadas ao tecnicismo científico, ou talvez porque o cara pareça bom mesmo naquilo que faz.

O texto, "Universo ou universo?", de sua autoria, traz uma discussão um tanto sem sabor. Por que determinadas pessoas (jornalistas, por exemplo), escrevem às vezes com "U" maiúsculo e, em outras tantas, em minúsculo? A explicação do Gleiser é pertinente e interessante (ainda que eu pense - um pouco - "ao contrário"), mas chamou-me a atenção a ideia de universos (mais de um, muitos, vários, infinitos e dispersos, só pra forçar uma rima básica aqui), que ele, poeticamente, chamou de multiversos.

O texto ganhou-me aí. Uma simples palavra que delineou um campo imagético para o qual dou suspiros a torto e a direito: a poesia.

Penso, aliás, que a poesia, tal como a entendemos, muitas das vezes a poesia não é poesia em si. Calma, calma, calma, que explico melhor: a poesia, no meu rude entendimento, às vezes está numa única palavra, num único flagrante, num mergulho inédito e exlusivo. Acho que esse talvez seja o grande débito de "poetas" do mundo contemporâneo com a fatura da poesia em si: entender que Poesia é uma sublimação não contida, uma fruição que não se interrompe, uma efêmera visão do Paraíso, uma gota da mais inebriante das bebidas jamais desgutadas em qualquer tempo e sob qualquer circunstância.

Penso mais: que a Poesia já está contida, de cara, na própria palavra "poesia": sonora, incontinenti, rítimica, alegre, vivaz...

A palavra Poesia é, sozinha, pura poesia.

Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1231779-universo-ou-universo.shtml