Qual é a cara de Gerald Thomas ?
Romeu Prisco
Diante da minha mensagem de desagrado ao artigo intitulado "São Paulo é a cara de Seul", de autoria de Gerald Thomas, publicado na última edição do Direto da Redação, Eliakim Araujo colocou-me à disposição o seu Espaço Livre, para respondê-lo, porém, "só com argumentos e sem agressões pessoais", tarefa que considero difícil.
Explico-me: para usar "só argumentos", teria que, necessariamente, aderir à velha e surrada polêmica entre paulistas e cariocas, o que me levaria, instintiva e involuntariamente, a praticar agressões pessoais, matéria esta que sobejou no artigo de Gerald Thomas. Nele, todos os paulistas, indistinta e gratuitamente, foram agredidos. Aliás, tanto quanto me lembro, paulistas e cariocas se rivalizavam mais em torno de glórias futebolísticas e musicais. Todavia, Gerald Thomas não deixou barato e foi muito além, chegando a estabelecer comparações ridículas e absurdas, até que, numa delas, pretendeu demonstrar que carioca é mais brasileiro que paulista !
Pois bem, não vou e nem quero agredir os cariocas, seja porque não é o caso, seja porque se afirmasse, ainda que em tom de brincadeira, que paulista leva a vida muito a sério, só trabalhando, enquanto carioca leva a vida mais na flauta, só na praia, estaria partindo para a mesma baixaria ora desagravada. O que seria, então, se entrasse "de sola" no mérito da questão, como levianamente fez Gerald Thomas no seu desastrado artigo ?
A dificuldade inicialmente por mim referida se torna ainda maior, diante do autor do indigitado texto, porque, no frigir dos ovos, carioca, ou não, é ele quem merece ser alvo daquilo que, em direito penal, se chama "retorção", ou seja, situação que se dá com as vítimas de calúnia, injúria e difamação, que não podem ser acusadas da prática dos mesmos delitos, quando a estes respondem em idêntico nível.
Mais do que aos bons cariocas, que não tiveram culpa da palhaçada do seu conterrâneo (?), Gerald Thomas prestou um desserviço a si próprio e ao prestigioso "newsletter", do qual, desafortunadamente, é colaborador. Para quem, como eu, não o conhecia, em que pese o seu currículo, melhor seria se esse encontro jamais tivesse ocorrido, mormente através do Direto da Redação, cuja imagem, para mim, saiu arranhada.
Se devesse enviar um recadinho àquele colunista, que, certamente, lhe causaria grande desconforto, diria que são pessoas como ele que mais precisam de São Paulo, onde tudo acontece, porque, com o devido respeito aos demais brasileiros, se não acontecer em São Paulo, não acontece no Brasil.
Finalmente, deixo no ar uma indagação, embora já antecipando resposta: qual é a cara de Gerald Thomas ? Se depender do que escreve, só pode ser de quem sofre da síndrome de asnice.
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N.A.: O "Direto da Redação" publicou a minha resposta, porém, modificou o título e efetuou alguns cortes. Todavia, basicamente, os textos são os mesmos.
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