O tempo e o poder
Ninguém pode recuperar o tempo perdido e nem restituir o tempo que tirou de alguém.
É prudente que estejamos atentos, o tempo todo, para as ciladas da vida, pois tanto os que se acham sagazes quanto os simples, deixam-se apanhar em algum momento por sua ganância tola. Qualquer um que queira ter uma vida segura deve evitar caminhos que possam ter essas armadilhas, podendo ser fisgados por elas quando no primeiro descuido.
Tanto um teto de palha como um teto majestoso tem como função principal abrigar e proteger. Não despreza nenhuma oportunidade que lhe possa ser oferecida e pensa que nada é extraordinário a não ser a alma - e para uma alma grande, nada é grande.
Algumas vezes estaremos diante de quem aparentemente tem pouca importância; no entanto, este poderá ser quem faz as maiores coisas, por estar cuidando das coisas simples, portanto das coisas que são divinas.
O que o torna grandioso? Conseguir a façanha de uma fortuna na bolsa de valores ou cuidar de um jardim, educar uma criança ou plantar a colheita?
Se estiver preso dentro de um cofre com toda sua fortuna em segundos sua vida ceifaria, porém se estiver em um campo aberto desprovido de qualquer bagagem, seria necessário apenas olhar ao seu redor e toda a natureza lhe ofereceria a vida.
Ficará em seu poder tudo que arrecadar no ímpeto dos dias, porém será sempre seu como alimento divino só o que cultivar no seu coração.
Não fuja do trabalho, mas abandona as atividades que possam causar desconforto na hora do sono. Faça o que for digno.
Não seja impelido pela ambição. O pouco salário pode até parecer insuficiente, mas a algibeira cheia sem honestidade, pode conduzir à miséria.
Ninguém morre diferente de como nasceu., e dependendo de como vivemos, podemos morrer em pior situação.
Alguns geram filhos sem desejos, tem amigos por interesses, não são capazes de ceder a um amor, seu tempo é pouco para colher uma flor, brincar com uma criança é improvável e tempo para uma oração, isto é coisa para tolos.
A serenidade pode ser um fantasma para muitos que vivem desprovidos do bem, desperdiçam a vida e se arriscam em aventuras.
Jogam a vida fora por não se preocupar em viver com qualidade e nem fazer o bem, mas apenas em viver intensamente - não importa por quanto tempo, nem como.
Toda essa agitação é em vão. Fogem do quê? No fundo fogem de si mesmos e do peso da alma atordoada. Nenhum lugar agradará e tudo que conseguir será sempre pouco. É como a carga em um navio. Se ela ficar imóvel pesará menos e o navio seguirá seu destino, porém se o mar se agitar a carga se moverá de um lugar a outro, trazendo insegurança e desestabilizando todo o navio, fazendo afundar o flanco que mais pesa e logo consumirá toda a embarcação.
O trabalho honrado nutre os espíritos generosos, promove a paz e a justiça
O dia resplandece a verdade porque é impregnado pela luz já o que é obscuro é impregnado pelas trevas .
Assim, as coisas honestas resplandecem com toda a clareza que a luz se estabelece enquanto que as coisas torpes se avultam por espaços sórdidos propiciando enganos, mentiras e vícios
Viver de maneira aberta traz o entendimento. Quando se vive a esconder os bens e as falcatruas, cada ruído é um sobressalto, pois os arrombadores desprezam o que está à mostra, preferem as coisas seladas porque sabem que lá é onde se esconde o que pode ser furtado.
Muitas pessoas têm conhecimento de seus próprios males.
Para alguns, o ócio e a preguiça os deixam enferrujados no tempo; outros se reúnem em festas e orgias liberando seu lado funesto; outros a língua os domina e os arrasta para o abismo da maledicência, alguns vivem embriagados e se tornam farrapos de si mesmos.
Porém, o pior dos males está naqueles que estão encarcerados em seu egoísmo, pois alimentam esse câncer que os consomem a cada dia e, em sendo ególatras, perdem a oportunidade de aprender a amar seu semelhante que, ao final, seria o que iria curá-los desse mal arrasador.
Só teremos passado pela vida realmente se encontrarmos a felicidade no que é simples, justo e verdadeiro.
Os tesouros não são parte de nós. Todos esses bens dos quais nos intitulamos possuidores, estão conosco mas não são nossos.
Todos os bens dos mortais são mortais. Só é nosso o que couber no coração ou seja, o amor.