FASCINADO PELA VIDA
 
Em seu romance pioneiro da ficção científica, “Guerra dos Mundos”, o escritor inglês H.G. Wells, descreve uma guerra interplanetária, na qual os marcianos invadem a terra e começam a destruir a raça humana com suas terríveis armas. Nem com bombas atômicas os terrestres conseguem confrontá-los, pois tecnicamente, os invasores marcianos estão milhares de anos mais avançados do que nós. A humanidade parece estar em vias de extinção, sua população dizimada, suas grandes cidades destruídas, nada parece capaz de deter os invasores. Quando tudo parece perdido, os horríveis monstros de Marte começam a aparecer mortos em diversos lugares do mundo. De repente, e em poucos dias, os belicosos invasores estavam todos mortos e suas terríveis armas e máquinas paralisadas. Analisadas as causas da morte, constatou-se que eles haviam sido contaminados por bactérias, as quais causaram mortais infecções em seus organismos. Assim, o menor organismo existente na terra, aos quais o organismo humano já aprendeu a ser imune há muito tempo, acabou liquidando os invencíveis marcianos.

A única coisa no mundo que merece a nossa fascinação de verdade é a vida. Deus já a construiu com suas próprias armas de defesa. Por mais que a nossa insensatez procure inventar armas cada vez mais poderosas para destruí-la, ela sempre se defenderá, e sobreviverá, malgrado os ataques mais cruéis, mais devastadores que contra ela sejam dirigidos, seja por quem for, até por nós mesmos.
A vida é realmente fascinante. Se ela fosse uma mulher seria a mais bela e interessante das mulheres; se fosse um homem seria o mais cativante e irresistível deles. Ela é, ao mesmo tempo, a mais simples das estruturas que Deus pôs no mundo e também a mais complexa. Ela é tão simples que todo o seu conteúdo físico cabe numa minúscula célula, o zigoto, e tão complexa que até hoje sua estrutura não foi mapeada a contento, malgrado todo o avanço da ciência humana.

Com a descoberta das propriedades do DNA podemos dizer hoje que todos nós somos herdeiros do primeiro homem que apareceu sobre a face da terra. E que nesse núcleo essencial que está na estrutura do nosso organismo carregamos a informação genética acumulada pela humanidade em todo o seu tempo de existência. Então, se foi Deus quem fez o primeiro homem, e se esse primeiro homem herdou de Deus a existência, então podemos dizer que somos todos herdeiros de Deus. Não devíamos ter motivo para dúvidas, nem para angústias, nem para estresses de qualquer tipo, porque, segundo o chiste popular, podemos não ser donos do mundo, mas somos filhos do dono.
É na idéia da busca de uma existência melhor, ou seja, uma crescente felicidade dos sentidos e um perfeito equilíbrio do espírito que se assenta o conceito de evolução. Evolução das nossas capacidades físicas pela conquista de um organismo cada vez mais forte e saudável, e das nossas capacidades mentais pela educação e pela descoberta das leis que regem a vida e pela progressiva espiritualização dos nossos conceitos de humanidade e seu destino escatológico. Essa é a finalidade da nossa busca e a meta do nosso esforço enquanto seres humanos.  Por isso é que o nosso sistema neurológico (mente+ órgãos sensoriais) foi construído com uma ingente necessidade de pesquisar, de descobrir, de saber.    
A vida é como uma casa com muitas portas. Ao nascer recebemos todas as chaves para abri-las. Mas nem sempre conseguimos usá-las todas, às vezes por medo, outras vezes por não saber manejá-las, ou por não conseguir identificar quais chaves abrem quais portas. E no mais das vezes porque não temos certeza se queremos abri-las ou não. Mas seja qual for o motivo, se nos quedarmos frente a uma porta fechada com um molho de chaves na mão e não tentarmos abri-la, jamais saberemos o que existe na casa. Que experiências nos reserva. Que tesouros escondem.
Manter uma atitude de mística fascinação perante a vida é a única conduta que realmente impulsiona o ser humano em seu processo evolutivo.  Essa postura exige a atenção de uma mente adulta, consciente de que está presenciando o desenvolvimento de um processo de infinita complexidade e o espírito de uma criança, perplexa perante o mistério que se desenrola perante os seus olhos, mas de modo algum assustada com ele. Essa é lição que nos deu Jesus ao dizer que se não nos tornássemos meninos não entraríamos no reino dos céus.


João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/02/2013
Reeditado em 12/02/2013
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