A INFLUÊNCIA DA ABORDAGEM SKINNERIANA NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

Resumo:

Procura-se analisar como o ensino de Língua Inglesa sofre algumas influências da teoria comportamentalista nas escolas atuais. Essas influências desencadeiam uma deficiência na aprendizagem, pois não se trabalha com as quatros modalidades da língua, chamada pelo PCNs de Língua inglesa como “Habilidades comunicativas”. O artigo mostra também que as teorias construtivistas e humanísticas podem ajudar no desenvolvimento da aprendizagem e no desenvolvimento humano, além de avançar o aluno na aquisição de uma segunda língua.

Palavras-chave: Ensino de Língua Inglesa, Construtivismo, Humanismo. Desenvolvimento Humano.

Num mundo globalizado, onde as tecnologias operam em todas as áreas científicas e educacionais, e as informações são passadas e recebidas em milésimos de segundos, surge à necessidade de aprender uma língua, a qual é considerada por essa globalização uma língua internacional, ou seja, ela é única entre as fronteiras continentais. Surge então uma pergunta: Porque estudar Inglês? Talvez essa resposta seria para tornar-se COMUM com o resto do mundo ou uma melhor resposta: para o desenvolvimento humano. Partindo dá teoria de Piaget que quem aprende não é apenas objeto da ação daquele que ensina, mas sujeitos ativos dos processos de conhecer, podem dizer que a aprendizagem de uma segunda língua é importante para o nosso desenvolvimento como ser humano. Aqui neste ensaio, mostraremos pontos que contribui ou não dentro do ensino de inglês para o desenvolvimento humano.

O ensino de língua inglesa no Brasil iniciou no século 18 com o Decreto de 22 de junho de 1809, assinado pelo Príncipe Regente de Portugal D. João VI, recém chegado ao Brasil, que mandou criar uma escola de língua francesa e outra de língua inglesa, com o único propósito de incrementar e dar prosperidade à instrução pública”, bem como “adestrar” os estudantes a “bem falar e escrever” . Atualmente são encontrados três tipos de escola de língua inglesa no Brasil, que são: Institutos binacionais que centralizam sua metodologia na tradição de se preocupar mais com qualidade e descarta aparentemente o objetivo comercial expansivo, Cursos franqueados, investem fortemente em propagandas, dar ênfase no plano didático, no livro, esse sistema de franquia não apenas negligencia em parte os requisitos de qualidades pessoais do instrutor, como também limita a ação daquele instrutor que queira ser criativo, seu objetivo é o comercial expansivo e Escolas Independentes, estas representam uma probabilidades maiores de proporcionarem um aprendizado eficaz são formadas por pessoas com competência própria, oriundas das escolas de franquias as quais dispensam a forma didática destas escolas.

O atual sistema escolar praticamente é o mesmo desde da introdução da educação pelos jesuítas no Brasil, salvo, a reforma do ensino através da Lei nº 5.692/71 que implantou-se no País a Escola Tecnicista. O Professor Délcio Barros da Silva da UFSM em seu artigo “Ensinar a ler e escrever: compromisso da escola” afirma que esse sistema é de cunho positivista e sobre influência da psicologia skinneriana, behaviorista, científica ou comportamental. Segundo o professor Simão Miranda em seu artigo UM POUCO DOS IDEAIS PEDAGÓGICOS BRASILEIROS, afirma: “não conseguimos criar autênticas raízes, desvencilhando-nos da herança portuguesa e com ela, toda uma cultura fabricada para que se parecesse com a da Europa do século XVI”. Em se tratando do ensino de Língua Inglesa (doravante LI) também não houve grandes mudanças. O ensino de língua inglesa atual carrega vestígios desse ensino tecnicista. Moreira afirma:

Talvez, a mais clara manifestação do comportamentalismo de Skinner no ensino em sala-de-aula tem sido a ênfase na definição operacional de objetivos, típica dos anos setenta . O ensino era organizado a partir de objetivos claramente definidos, precisamente definidos, que explicitavam com exatidão aquilo que o aluno deveria ser capaz de fazer, e sob quais condições, após receber a instrução correspondente. Tais objetivos eram os comportamentos que os alunos deveriam exibir após a instrução...” (Marco 2003, p. 62)

Quanto à metodologia usada no Brasil no ensino de língua inglesa difere das tendências de cada época, os quais podemos resumir três movimentos de metodologia importantes: a) gramática-tradução, b) áudios-orais/audiovisuais e c) Natural ou Aproximações comunicativas. Daremos uma ênfase ao movimento “b” por estar mais centralizado na abordagem skinneriana, pois o objetivo e mostrar a influência da teoria skinneriana no ensino de LI nas escolas, para isso é necessário fazermos algumas comparações com outras teorias, tais como: teoria de Vygotsky, Rogers, Piaget.

Vale lembrar, que este é apenas um texto, com intuito de mostrar nas práticas pedagógicas do ensino de língua inglesa a influência de algumas ações da teoria de Skinner, pois o necessário seria fazer uma pesquisa bibliográfica mais acentuada e talvez uma pesquisa de campo. Outro ponto importante é sabermos que as teorias não são antagônicas, ao contrário, elas podem se completar na ação pedagógica do ensino de LI, com objetivo de desenvolver o ser humano, capacitando-o a viver em sociedade, independentemente se a língua que ele usa é a sua língua materna.

1. A INFLUÊNCIA SKINNERIANA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ATUAL

Para identificarmos traços da teoria skinneriana na prática do ensino de LI atual, faz-se necessário um breve conhecimento da Teoria de Skinner, não aprofundaremos muito nas características da teoria skinneriana, pois partimos do pressuposto que o leitor já tenha alguns conhecimentos sobre ela.

Segundo Moreira (1999, p.49) a principal abordagem da teoria de Skinner é a teoria E – R (estímulo-resposta), parte de que todo comportamento é iniciado por estímulos. Essa abordagem é chamada de teorias conexionistas. Para Skinner o que ocorre na mente do indivíduo no decorrer da aprendizagem não importa, o que interessa é o comportamento, o que está entre o estímulo e a resposta ele não se preocupa. Moreira (1999, p. 50) afirma: “... Ele simplesmente ignora as variáveis intervenientes e concentra-se no controle e predição das relações entre as variáveis de input (estímulos) e de output (respostas)”.

Moreira (1999, p. 58,59) afirma: “Skinner não enfatiza a análise de estímulos. Para ele o importante é não concentrar-se no lado dos estímulos, mas no lado do reforço.” Ou seja, aprendizagem ocorre mediante ao reforço, o estímulo e resposta não levam à aprendizagem”. Por isso a teoria skinneriana é uma teoria behaviorista, de comportamentos, ela visa controlar o comportamento, buscando situações em que as respostas dadas pelo sujeito sejam reforçadas.

Do século XVIII até meado deste século a metodologia predominante no ensino de LI foi o método grammar-translation. A preocupação era estudar a gramática e traduzir texto referente à literatura inglesa.

Dos anos 50 para cá o ensino de língua inglesa no Brasil teve grande influência da teoria behaviorista, neste período os lingüistas passaram a valorizar mais a língua falada. Deixando de lado a gramática e a tradução. Com isso, o estudo de línguas estaria relacionado a reflexos condicionados, e que o ato de imitar, repetir, memorizar e exercitar palavras e frases seria instrumento para se alcançar habilidade comunicativa. Em média as escolas contemporâneas usam esse método no ensino de LI. Segundo Moreira (1999, p. 59) o enfoque skinneriano é as Instruções Programadas, o qual sua base é dividida por cinco fases: 1. pequenas etapas, 2. resposta ativa, 3. verificação imediata, 4. ritmo próprio e 5. teste do programa.

A maioria dos cursos de inglês no Brasil dividem seus conteúdos em número grande de unidades (Moreira 1999, p. 61) O objetivo é levar o aluno a romper etapas por etapas. Nestes cursos são adotados livros, cadernos de exercícios “Workbook,” CD Rom, etc. Seus métodos são baseados em um encontro semanal com um professor ou instrutor, nestes encontros o aluno tira as dúvidas dos exercícios feitos em casa, caso o professor perceba que houve resposta ativa aos conteúdos, isso, numa verificação imediata, se está tendo um ritmo próprio, e ao final há um teste para avaliar se pode passar para uma nova etapa. Segundo Moreira (1999, p. 51) este comportamento é controlado por conseqüências, ou seja, se o aluno consegue uma nota satisfatória ele ganha recompensas se não consegue ele ganha algum tipo de punição. Marco (1999, p. 59) afirma também que o papel do professor no processo instrucional é o de arranjar as contingências de reforço, de modo a possibilitar a probabilidade de que o aprendiz dê a resposta desejável.

Moreira afirma:

Na prática, testos programados contêm pequenas lacunas, de modo a evitar erros, que o aprendiz vai preenchendo com seu próprio ritmo e imediatamente verificando se acertou (o que deve ocorrer se o programa estiver bem feito). A resposta correta está, de alguma maneira, oculta (coberta com um cartão, na página seguinte, no fim etc.), mas facilmente verificável. Ao preencher corretamente uma lacuna, o aluno se sente reforçado e, portanto, estimulado a continuar desenvolvendo o programa. Como os passos são muito pequenos, a instrução programada, geralmente, resulta extensa e, às vezes, aborrecida para o estudante. (2003, p. 60)

Como podemos perceber, Skinner não valoriza a parte cognitiva do ser humano, ora, sabemos que a parte cognitiva do ser humano parte da mente, segundo Dessen & Costa (2005, p. 74) “...o desenvolvimento humano se estabelece de maneira contínua e recíproca, no interjogo entre aspectos biológicos, psicológicos e ambientais...”. Segundo Moreira (1999, p. 50) a abordagem skinneriana é essencialmente periférica. Ela não leva em consideração o que ocorre na mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem. Como a maioria dos projetos pedagógicos das escolas é baseada na teoria comportamentalista os desenvolvimentos cognitivos dos sujeitos em alguns casos são ignorados. Segundo (PCNs Língua Estrangeira – 3º e 4º ciclos, p. 51) na concepção behaviorista a concepção da mente do aluno é entendida como uma tábula rasa que tem de ser moldada, por assim dizer, na aprendizagem de uma nova língua.

Seria muita pretensão dizer que as escolas contemporâneas que aplicam o ensino de língua inglesa não sofressem também influências de abordagens construtivistas, o que difere é a porcentagem delas introduzidas em seus projetos pedagógicos. Vale lembrar que é um erro dizer que o sistema pedagógico aplicado em tal instituição de ensino é baseado unicamente em tal teoria. Como citado antes, elas não são antagônicas, mas podem ser mescladas no ensino aqui proposto.

2. ALGUMAS APLICAÇÕES DAS TEORIAS CONSTRUTIVISTAS E HUMANÍSTICAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ATUAL

Foi descrito no item acima, que as outras teorias devem ser mescladas no ensino de LI, e uma das teorias que é bastante estudada é a cognitivista, pois seu objetivo é a construção do conhecimento, Segundo Moreira (1999, p. 95-96) Piaget é sem dúvida o pioneiro do enfoque construtivista, suas propostas configuram uma teoria do desenvolvimento cognitivo humano. Ele afirma também: “... que a teoria de Piaget é, por definição a teoria construtivista. Mas, não é bem assim, existem outras visões construtivista, mas o enfoque piagetiano é o mais conhecido...”.

Ela se dá através dos períodos de desenvolvimento mental, através de conceitos chaves tais como assimilação, acomodação e equilibração. Este item pretende apenas dar uma pequena visão da teoria piagetiana mostrando a importância do cognitivo na aquisição de uma segunda língua e ao desenvolvimento humano.

Na teoria skinneriana o indivíduo não é considerado como um ser dinâmico, já na teoria piagetiana o indivíduo é considerado como um ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Trazendo esta informação para a aprendizagem da língua inglesa, por exemplo, o sujeito poderá desenvolver seu estudo não só no material didático, mas poderá também se relacionar nesse processo com outros meios, inclusive no relacionar com as pessoas. Nessa teoria, o indivíduo não estará condicionado apenas em mudança de comportamento, se está tendo reforços a cada etapa do seu aprendizado. Ele passa se um ser com autonomia, sendo capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da ação, ou seja, ele não está associado a um condicionamento. Segundo Moreira (1999, p. 51) Skinner acredita que através do condicionamento operante é adquirida a maior parte da conduta humana.

Na teoria piagetiana segundo Moreira (1999, p. 101) a mente é um conjunto de esquemas que se aplicam à realidade. Por isso, devem ser levadas em consideração às realidades de cada aluno, pois o sistema cognitivo se difere de cada indivíduo. Exemplo disso, é que no ensino estruturado na teoria skinneriana o importante é saber se o sujeito está desenvolvendo de acordo com a Instrução Programada . Para Piaget segundo Moreira (1999, p. 103) deve se provocar o desequilíbrio na mente da criança ou sujeito para que ela possa procurar reequilibração, ou seja, se reestrutura cognitivamente e com isso ele aprende, fazendo um círculo vicioso.

Abaixo as implicações do pensamento piagentiano para uma boa aprendizagem :

· Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrado no aluno, partir das atividades do aluno. Também podemos citar Rogers .

· Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.

· Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.

· A aprendizagem é um processo construído internamente.

· A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.

· A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.

· Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.

· A interação social favorece a aprendizagem.

· As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.

O PCNs de Língua Estrangeira aborda a importância da teoria cognitivista ao ensino de língua estrangeira:

“...Uma contribuição importante do enfoque cognitivista foi chamar a atenção para a questão dos diferentes estilos individuais de aprendizagem que as pessoas possuem, ou seja, nem todos os alunos aprendem da mesma forma. Por exemplo, há alunos que se utilizam mais de meios auditivos e outros de meios visuais da mesma forma que alguns têm mais sucesso no usos de estratégias sociointeracionais devido ao fato de serem mais extrovertidos...”. (PCNs 3º e 4º Ciclos de Língua Estrangeira, páginas 57)

Outro teórico que pode contribuir ao desenvolvimento humano e ao ensino de LI, cuja teoria valoriza os pensamentos, sentimentos e ações, os quais estão integrados é Rogers. Antes de comentarmos a importância da teoria rogeriana para o ensino de LI, queremos abordar que atualmente existem escolas de idiomas que não se preocupa com a parte humana e cognitiva, seus métodos pedagógicos têm por objetivo formar o aluno em pouco espaço de tempo, nessa formação, a prática direciona mais à teoria de Skinner, ou seja, condicionamento, repetição. Esses aspectos são fáceis de perceber, basta vermos na mídia, em outdoors e em outros meios de informação e comunicação algumas frases: “APRENDAM INGLÊS EM UM MÊS”, “CURSOS DE INGLÊS EM 18 MESES”, “FALE INGLÊS NO ANO DA COPA”. As escolas usam métodos chamados “intensivão”. Para aprendermos totalmente uma segunda língua é necessário trabalhar as quatro modalidades da língua , em escolas que tem por objetivo o chamado intensivão, não poderá trabalhar as partes cognitivas, humanas com menos de cinco anos, dando ênfase e qualidade no cognitivo e na humanística. Então, os métodos aplicados por essas escolas são baseados em orientações comportamentalista, levando o aluno simplesmente a responder estímulos os quais são apresentados por unidades. Por exemplo: Livro 1, Livro 2.

Trazendo para a teoria humanística, Moreira (1999) salienta que essa teoria busca considerar o aluno como um ser, um ser pensante. Na prática, podemos dizer que o importante é levar o aluno a se auto-avaliar, a se sentir realizado na atividade que está sendo feita. Segundo Moreira (1999, p. 140) “o ensino deve facilitar o crescimento pessoal”. O ensino que não valoriza o ser, não é capaz de entender que o sujeito é livre para escolher o que é necessário para sua vida numa determinada situação, simplesmente impõe comportamentos, ignorando a auto- capacidade de aprender do sujeito, não poderá ser chamado de um ensino satisfatório ou realizável. O ensino de LI deve estar centrado numa abordagem de aprendizagem que valoriza as áreas cognitiva, afetiva e psicomotora do indivíduo, valorizando essas áreas haverá o desenvolvimento do ser humano. Vemos que os cursos de idiomas não podem ver somente a questão capitalista ou mais, o trabalho de duas habilidades, mas o todo. Segundo Rogers (apud Moreira, 1999) “a aprendizagem deve ser centralizada no cliente”.

Então, as idéias básicas de Rogers são: Liberdade para aprender, o ensino centralizado no aluno levando ao crescimento pessoal, ou seja, ao desenvolvimento. Se as escolas de línguas trabalharem com algumas teorias cognitivas e humanísticas, não dando ênfase semente na questão estímulo-resposta, talvez nós não houviremos, a velha frase que os alunos dizem em sala: “NÃO CONSIGO APRENDER INGLÊS”.

O PCNs de Língua Estrangeira aborda a importância da visão sócio-interacional no ensino de língua estrangeira:

“...O que subjaz a esta última visão é a compreensão de que a aprendizagem é de natureza sociointeracional, pois aprender é uma forma de estar no mundo social com alguém, em um contexto histórico, cultural e institucional. Assim, os processos cognitivos são gerados por meio da interação entre um aluno e um participante de uma prática social, que é um parceiro mais competente, para resolver tarefas de construção de significado/conhecimento com as quais esses participantes se deparem. O participante mais competente pode ser entendido como um parceiro adulto em relação a uma criança ou um professor em relação a um aluno ou um aluno em relação a um colega da turma. Na aprendizagem de Língua Estrangeira, os enunciados do parceiro mais competente ajudam a construção do significado, e, portanto, auxiliam a própria aprendizagem do uso da língua. (PCNs 3º e 4º Ciclos de Língua Estrangeira, páginas 57-58)

Queremos abordar que não estamos defendendo que as influências da teoria de Skinner no ensino de língua inglesa nas escolas contemporâneas seja errado, nossa contribuição é fazer uma comparação entre as outras teorias que aqui estão sendo estudadas. E uma teoria que não podemos deixar de falar é a de Vygotsk, direcionada aos signos de linguagem. Segundo Moreira (1999, p. 110) o desenvolvimento cognitivo do ser humano não pode ser entendido sem referência ao meio social. Nessa teoria é importante para o sujeito sua integralização ao meio em que vive, daí, na aprendizagem de uma segunda língua a importância de o aluno ser introduzido no meio social da língua a qual ele está estudando, isso se dá através de intercâmbios culturais, com sujeitos nativos da língua.

Moreira (1999, p. 111) afirma que instrumentos e signos são construções sócio-históricas e culturais; através da apropriação (internalização) destas construções, via interação social, o sujeito se desenvolve cognitivamente. Moreira (1999, p. 113) dá um exemplo importante em relação à interação social, ele afirma: “...para que uma criança internalize determinados signos, é indispensável que o significado desse signo lhe chegue de alguma maneira (tipicamente por meio de outra pessoa)...”. Infelizmente algumas escolas não trabalham com um sistema de intercâmbio, valorizando a língua através de falantes nativos, talvez seja por motivo burocráticos, econômicos, diplomáticos. Claro que não podemos deixar de lembrar as atuais escolas que visam formar os alunos em um ano, dezoito meses, etc., pois essas têm apenas o objetivo capitalista, não o objetivo de formar cidadãos cognitivamente.

Para Vygotsk a aprendizagem é necessária para o desenvolvimento do sujeito (Moreira 1999), daí, parte do pressupostos que qualquer aprendizagem ministrada deve ser levada com responsabilidade, pois se trata de formação do sujeito. E no ensino de língua inglesa, esse sujeito também é um ser pensante, ativo, que necessita de uma interação social. Não se pode negar essa qualidade do ser humano, trabalhar só com métodos comportamentalista não fará com que o aluno se desenvolva, é preciso trabalhar também a parte cognitiva e humanística, um trabalho em conjunto, com uma interdisciplinaridade.

Segundo Moreira (1999, p. 120) “o ensino se consuma quando o aluno e professor compartilham significados”. Moreira (2003) o aluno deve capturar o signo que o professor passou e devolver o significado desse signo, esses signos são signos aceitos socialmente, por exemplo: Língua Inglesa, Geografia, História, etc. E o professor deverá dentro dessa cadeia ver se o significado passado pelo aluno é aceito. Esse compartilhar de significados vai estabelecer o desenvolvimento construtivista do sujeito, pois essa é uma característica da teoria de Vygotsk.

Conclusão

Então, trazendo ao ensino e aprendizagem da Língua Inglesa, as escolas deverão formar alunos reflexivo, capazes de construir. Não somente alunos que aprenderam tais habilidades para ingressarem no atual mercado de trabalho, mas alunos que terão capacidade de se relacionar e comunicar em qualquer lugar do mundo, além de ajudar esses alunos a se desenvolverem como seres humanos.

O grande desafio para os educadores e formadores de professores, é traçar objetivos que possam mudar o modelo tecnicista de educação que opera no Brasil desde do Brasil Colônia e que se estende até aos dias de hoje, para isso, deverá ter mudanças nas políticas educativas, curriculares e principalmente na formação dos professores, pois, esses são indispensáveis para trabalhar com seus alunos os caminhos cognitivos, humanístico e sócio-interacional. De acordo com a teoria rogeriana o ser humano necessita de se relacionar com o meio para desencadear o seu desenvolvimento.

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Sobre o Autor:

Roberto Izidro

Licenciado em Letras e Professor de Língua Estrangeira na Secretaria de Educação do DF, professor de Metodologia Ciêntífica na pós-graduação pela FACEC e mestrando em Ciências da Educação pela Northern Professional University-NPU(Inglaterra), em parceria com o CESCON – Centro de Estudos Contemporâneos.

Roberto Izidro
Enviado por Roberto Izidro em 14/03/2007
Reeditado em 14/03/2007
Código do texto: T412934
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