Comentários I
CAMARADA NENGA
Por: josafá bonfim
Sempre que me avisto com o modesto conterrâneo, fortes lembranças me transpõem à realidade de outrora; por ter sido um colega dos primeiros ensaios para o duro enfrentamento da vida. Mas o Destino caminheiro pregou-lhe uma peça, naquele dia nublado de prática esportiva no antigo Nazaré Ramos, onde suas vistas quase lhe faltaram para sempre. O desânimo e o trauma minaram sua fragilidade, deixando-lhe para trás, retido nos degraus que o levaria ao alcance da meta traçada, logo nos primeiros ensaios.
A turma seguiu o itinerário e, por mérito, seus integrantes conquistaram o espaço pretendido, com bom desempenho na atividade galgada, alguns até, auferindo títulos e notoriedade. Porém, o predestinado amigo, não...; embora sem oficio definido, radicado no seu pequenino universo, no convívio dos seus, não lhe falte o mínimo para uma sobrevivência digna.
- - Mas..., vem cá! Pensando bem: no fundo, no fundo, será que esta análise estaria perfeitamente correta? --Teria mesmo nosso personagem perdido tanto em não ter evoluído na tão sonhada escalada da vida, quanto se imagina? Considere-se que o mesmo não se submete ao desgaste do “politicamente correto”. Vive o amigo livre como um pássaro, na sua “ilha de conformismo”, sem compromissos inadiáveis, sem hora marcada pra tudo, donde sequer o sonho de consumo o consome.
Enquanto os que triunfaram na meta alcançada, enfrentam duras diretrizes profissionais. Encaram as mazelas dos centros desenvolvidos, tendo que “matar um leão por dia”, num corre-corre alucinante, para poder colocar o pão na mesa, gozar o mínimo de conforto. Some-se a isto, ter que guardar alguns vinténs para manter o padrão e suprir vexames.
Observe-se que: a visão limitada de mundo, a carência de instrução e o estanque da evolução patrimonial, distanciam o nosso personagem do quadrante da modernidade e da inserção no status social. Da mesma forma, não lhe cobram tributo por viver uma vida modesta, de regras fáceis, sem metas definidas ou perspectivas frustradas.
Cá pra nós..., numa avaliação franca, sem meneios, destituída de rotulações: quem será capaz de duvidar, que, afora as materialidades da vida e num contexto racional, o amigo Nenga esteja em posição melhor privilegiada que os demais?...
São Luis/MA, 08 de abril de 2013
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Por: josafá bonfim
Analistas políticos da grande imprensa ditos independentes, que não se alinham ao Planalto, criticam a postura antiética dos senadores em eleger Renan Calheiros para mais um biênio na presidência do senado federal, com anuencia do governo e tudo mais.
Taxado de ficha suja, o senador teve que pedir renuncia no mandato anterior para fugir de uma iminente cassação em face às denuncias por peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Renunciou e se deu bem: escapou ileso.
Desta feita, Renan não só voltou a se eleger senador, como acaba de ser eleito à presidência da Casa mais uma vez, com apoio escancarado de colegas de diversas colorações partidárias, obtendo maioria esmagadora dos votos. E ai soma-se apoio inclusive de membros da dita oposição, que teriam assim feito em retribuição a favores prestados pelo novo presidente, com tal finalidade. Elegeu-se falando em transparência e modernização, para um plenário esvaziado que o felicitava. Ocorre que, junto à sua posse eclode contra si outra série de denuncias, feitas pelo Ministerio Publico Federal. E agora?
Ora, senhores analistas: o que há de se esperar dos pares do senador senão uma postura como essa, por mais absurda? Afinal não é de hoje que o fisiologismo, a falta de transparência e o favorecimento ilícito são pratos diários no congresso; haja vista o desfile de CPIs., como Cachoeira, Mensalão etc. A bem da verdade, as artimanhas de Renan Calheiros, não são exclusividades suas. Elas retratam em cores vivas, uma prática usual entre a grande maioria dos seus colegas de senado, e de resto a classe parlamentar do país.
Irrefutavelmente igualitários, e pela conduta pretérita que carregam, não tem porque se esperar outro procedimento dessa classe cujo corporativismo é pratica às escâncaras.
O MPF, mesmo tardiamente, fez sua parte. Veremos o que o STF tem a fazer.
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Pasmem... , o pobre e sulapado Maranhão, desponta como o estado da federação com maior numero de procedimentos instaurados para apurar crimes de corrupção. Dados da Policia Federal dão conta que são mais de 600 processos que correm nas diversas instancias judiciais envolvendo principalmente prefeitos, ex-prefeitos e diversos gestores públicos na seara criminosa.
Os dados não assustam os maranhenses, por serem sabedore que depois da inapetência administrativa, esta é a razão principal do estado figurar nos piores índices de desenvolvimento humano no país; com uma legião de municípios vivendo aos pandarecos. O que na verdade encuca o povo do estado, é o fato de apesar desta constatação, não se ver forças tarefas, nem operações conjuntas, promovidas pelas instituições pra colocar detrás das grades os figurões usurpadores do dinheiro público. Parece ter uma mão avessa do além desviando no ar a rota que desencadeia os desfiles de pulseiras de aço nos pulsos, com capus sobre a vergonha, nas ditas “prisões pirotécnicas”, que acontecem a milhas daqui.
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A camara distrital de Brasilia serviu de palco para mais uma cantilena promovida pelo ex-ministro Zé Dirceu, que agonizante como um naufrago, tenta a todo custo trazer mais adeptos a sua defesa, contra a decisão do STF que o condenou por práticas criminosas no escândalo do Mensalão.
O alarido, alem de figuras de proa da PTelança, ainda contou com a participação do embaixador venezuelano no Brasil. Sanchez escantilhou as diretrizes diplomáticas e foi se solidarizar com o amigo e parceiro ideológico.
Aos poucos o ex-ministro vai tentando a todo custo, trazer diversos seguimentos sociais e figuras de vulto a se arregimentarem em sua defesa. Alguém precisa conter a gana dos instintos inconfessáveis de Dirceu; e se Dilma na condição de sua superiora, não tomar posição enérgica, vai terminar vendo o seu próprio governo arrastado pra dentro do redemoinho que tragou o ex-guerrilheiro, sem ter como justificar.
No mais, é patente que o assunto diz repeito às questões internas do país, não sendo correto o envolvimento de lideres estrangeiros, em demandas que somente nos interessa.
Está, portanto, passando da hora, desse senhor, que se julga diferenciado dos demais, recalcitrante quanto acatar decisões da corte maior de justiça que o condenou, receber corretiva reprimenda. E, como dito, se a presidenta não tomar a atitude, passará em breve por um constrangimento, daqueles. Pois, se bem conhecemos o humor do ministro Joaquim Barbosa, não será novidade ele mesmo se encarregar de fazê-lo. É aguardar pra ver.