Lágrimas de Santa Maria
Por: josafá bonfim
A tragédia que vitimou centenas de jovens neste final de semana na festa da boate Kiss na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, não obstante a fatalidade humana, deixou claro o descaso e a inobservância com que são tratadas as normas técnicas de segurança no Brasil.
Não é concebível que um estabelecimento com a estrutura da casa noturna, não atente para requisitos básicos para um funcionamento seguro, como: extintores em condições de uso e quantidade suficiente; portas de emergência disponibilizadas; revestimento acústico antichamas etc. Não é razoável se jogar a culpa à inteira responsabilidade dos promotores do evento e proprietários da casa, se outros agentes possam ter concorrido para a tragédia. Comprovadas essas irregularidades que a imprensa noticia, não resta dúvida a omissão dos órgãos públicos encarregados pelo controle e vigilância desse tipo de estabelecimento. Alguém prevaricou, pra não se dizer coisa mais grave. Como permitir o funcionamento da boate sem o competente alvará, ou ainda: expedi-lo sem atentar para os requisitos que o fundamentam?
Agora sim... Políticos e governantes de matizes variados se prontificam com manifesto de mais profundo pesar, e até derramam lágrimas, que poderiam ser poupadas se os organismos a que comandam, cumprissem suas atribuições.
Fato consumado: convocam-se brigadas; providencie-se o translado; equipes médicas; hospitais especializados e tudo mais está de prontidão. Fácil, assim, não?
Agora, sim, postam-se autoridades afetas ao assunto a tomar providencias cobrando o maior rigor na apuração. Ou seja: “Tudo como antes, no velho quartel de Abrantes”. Depois da casa arrombada, arregimentem-se todas as providências que impossibilitem o arrombamento. Esse é o retrato “scaneado” e ampliado do “País de faz de conta”.
...Enquanto são ceifadas milhares de vidas de jovens promissores, que apenas se divertiam, sonhando em concluir seus estudos e assim poderem ingressar no competitivo campo de trabalho. Ou seja, serem úteis ao país, gratos à familia e felizes com a profissão que escolheram. Não deixaram o sonho realizar-se; para o infortúnio de milhares de almas entristecidas. Uma lástima...
-Roguemos à gloriosa Santa que deu nome a cidade, que conforte a todos nessas horas de angústia e de sofrimento.
São Luís/MA, 28 de janeiro de 2013