Preconceito e mal entendido

No dia de ontem em um jornal da rede Globo foi exibida uma reportagem em que um casal ao tentar comprar um veículo BMW em uma loja de veículos importados teria sido objeto de racismo, em relação ao seu filho adotivo de cor negra.

Segundo a reportagem, o vendedor se dirigiu ao filho do casal dizendo que ali não era lugar para ele, o que causou extremo constrangimento ao casal que ao pedir esclarecimentos, teve como resposta o fato de que ocorrera um mal entendido.

O slogan da campanha lançada na internet pelo casal é: “Preconceito racial não é mal-entendido”

Oras, diariamente crianças cujos pais de baixa renda deixam caminhar livremente pelas ruas pedindo esmolas acabam adentrando em lojas e estabelecimentos de todo tipo.

Não se afirma no presente texto que não há nada de anormal em se retirar uma criança pedinte ou não de um estabelecimento comercial, mas daí para se dizer que se trata de racismo é, no mínimo, apelativo. Racismo é um crime grave, insusceptível de fiança e imprescritível, condenado em todo o mundo pelas entidades de proteção aos direitos humanos, preconceito racial não reside em situações cotidianas que ocorrem no dia a dia, mas sim de desvios propositais em direção a determinados grupos ou etnias, não é algo para ser difundido por todos os meios de comunicação ao bel prazer daqueles que se dizem ofendidos, trata-se de acusação grave que deve ser apurada pelos meios legais.

Nâo há que se falar neste caso em preconceito racial no sentido do que determina a lei, em nosso entendimento.

Parece-nos que no presente caso, o vendedor em questão associou a cor do garotinho ao ato de pedir esmolas, portanto sua repreensão foi em relação ao ato em si de pedir esmolas e adentrar em uma loja de veículos, e não em relação à cor ou raça ou etnia ou religião.

A reportagem (constante no site: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-mal-entendido-em-uma-concessionaria-bmw) diz que:

O casal contou como foi a conversa com o gerente. "Ele disse: 'Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja. Eles pedem dinheiro e incomodam os clientes'", contou a professora Priscilla, lembrando que o gerente não havia se dado conta de que o menino era filho do casal.

Com certeza muitas outras crianças já foram retiradas da loja em questão, independentemente de sua cor. Bastaria que os pais esclarecessem que a criança estava em sua companhia, e resolver-se-ia o mal entendido.

Esta idéia de se colocar os afro-descendentes, incondicionalmente como povo maltratado e vítima sempre, esta beirando o absurdo, em especial quando surgem estas situações.

Se o vendedor disse que ali, uma loja de veículos, não era lugar para ele - o garotinho, isto não quer dizer que houve racismo, pois a advertência poderia ser em relação a qualquer criança que não estivesse acompanhada dos pais e adentrasse no recinto pedindo esmolas ou assumindo algum ato que não fosse apropriado ao ambiente - vendendo balas, distribuindo panfletos, etc..., fazendo crer que não possuía uma devida intenção e os cuidados inerentes a sua idade.

A lei 7716/89 que pune os crimes de racismo no território nacional versa que:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Este diploma legal não se dirige a qualquer tipo de situação corriqueira - como no caso do casal na loja de carros, mas de situação específica de crença em supremacia racial, o que não ocorreu no presente caso.

Por mais que tenham se sentido ofendidos - os pais da criança, o ato em si não atingiu a gravidade do crime de racismo, pois não fora dirigido a nenhum grupo, etnia, ou religião.

Este tipo de criminalização de atitudes não criminalizáveis, pode no futuro vir a gerar um engessamento social que gerará dificuldade em até mesmo olhar para os lados, tudo que saia do que é conceito de "normal".

Mesmo que não tenha ocorrido o racismo no presente caso, é de se apontar casos graves de racismo com ocorrência frequente no pais, e que merecem menção.

Diferentemente do que ocorrera no presente caso, existem fatos que denotam a real ocorrência de racismo e que realmente se enquadram no que versa a lei, em sua essência e razão de ser.

Um exemplo disto é o que consta no livro do campeão de luta , UFC - Anderson Silva.

O grande lutador, campeão, exemplo de vida e superação relata em seu livro que quando jovem, trabalhara em uma rede fast food; em certa ocasião, fora interpelado por um senhor no balcão exigindo que ele - Anderson, chamasse o gerente para que este chamasse o gerente, Anderson então perguntou qual seria o motivo deste pedido, ao que foi respondido pelo senhor que tinha o direito de não ser atendido por um negro, e queria que o gerente lhe designasse outro atendente.

O campeão atual que já estava acostumado com lutas e desafios sentiu-se ofendido mas não prosseguiu nenhum tipo de discussão, preferindo agir com altruísmo. Este foi o caso.

Neste caso, tem-se exemplo claro e indiscutível de racismo em sua forma mais deplorável e condenável.

Assim, tem-se dois casos diferentes, e, se a população não consegue notar a diferença entre o que é o racismo real e um mal entendido, a situação é preocupante pois o diálogo se perde nesta luta entre vítima e algo que acaba sendo criada e passa a nos permear com se fosse um animal pronto para atacar a qualquer hora.

Podemos estar ingressando em uma ditadura do diferente, do menos favorecido, da concordância com tudo o que venha de quem se diz vítima e então pode tudo, assim, acusar alguém em rede nacional de crime de racismo sem que haja uma sólida e consistente prova é algo que chega a ser normal em virtude do "culto á vítima" que tem se instalado na nação.

Estamos a mercê de entrar em uma ditadura do “politicamente correto”, e ter que aplaudir estas criações fantasiosas em que tudo que se reveste do termo “justiça social” é aceito sem uma analise crítica apenas por se tratar de um apelo social de uma suposta vítima.

Todos estes espetáculos de criminalização de fatos sem qualquer relevante significado legal e moral - como no caso da loja de carros, servem apenas para aumentar as arestas entre as pessoas, e agravar, ainda mais, os mesmos conflitos que os difusores deste tipo de informações declaram estar querendo pacificar.

Peço desculpas aos "lutadores dos direitos humanos" de plantão, esclarecendo que o presente texto é meramente uma opinião, que não procura ofender ou depreciar qualquer pensamento ou filosofia, tão somente busca a discussão de idéias e reflexões mais aprofundadas sobre o que se nos apresenta no dia-a-dia.

Isaias João
Enviado por Isaias João em 25/01/2013
Reeditado em 25/01/2013
Código do texto: T4104220
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.