Você viu Noé por aí?
Há sete anos comemoramos 500 anos de existência cheios de entusiasmo, assim como um adolescente que completa maioridade e acredita que a partir deste momento tornou-se independente e apto a dar rumo à sua vida, por sua própria conta.
Chegamos a imaginar que em 2002 e 2006, finalmente votamos certo. Acreditamos que nem as urnas eletrônicas manipuláveis conseguiram reverter o rumo que nosso país deveria trilhar a partir de agora. Menosprezamos Regina Duarte pela sua mensagem pessimista contra o novo governo, dito da esperança. Parece que foi da esperteza.
E depois de 7 anos, começamos a perceber que o processo de empobrecimento (financeiro e moral) do povo segue firme a favor do enriquecimento das contas bancárias dos abutres que por séculos nos envolvem com seus tentáculos sangrentos.
A tristeza pela decepção é maior por vermos que o comandante máximo da nação, sucumbiu aos encantos da posição que galgou sem mesmo ter feito um estágio como Governador, Ministro ou Senador. Não pedimos que ele pudesse resolver com um passe de mágica, problemas de 100 anos em 6 meses. Nem em 4 anos. Mas pelo menos que olhasse na direção da solução. Que reduzisse a falta de esperança em pelo menos 20%!
Infelizmente, depois da euforia da festa, percebemos os destroços de nossa dignidade aumentando com rapidez. Nosso piloto navega (num caro avião) sem bússola pelo universo da miséria usando os atalhos dourados dos gabinetes. Ficou deslumbrado com os serviços a bordo nas constantes viagens realizadas e finge não perceber que a cada “acordo” com presidentes estrangeiros cedemos mais um pedaço da nossa dignidade esgarçada pelas botas dos vorazes abutres.
Abandonou a arca nas mãos dos que permitiram que ele chegasse ao topo de seu sonho em detrimento do futuro de seus compatriotas desiludidos. Boiando a esmo, rezamos para abalroar a embarcação onde esteja Noé, para que este tente nos salvar, pobre gado rumo ao matadouro.