Atividade Profissional e Fatores excludentes

Este ano comemoraremos 25 anos de colação de grau e estaremos reunidos colegas, alguns dos quais separados por décadas. Será um momento especial. De registro na OAB completarei 27 anos, posto que minha primeira inscrição foi como Estagiário , pois estou no meio jurídico desde o distante ano de 1984. Uma vida, literalmente ... uma existência .

Neste meio tempo exerci paralelamente outra atividade , da que também disponho registro profissional – a de Jornalista. Em três jornais de duas diferentes cidades ficaram registradas para a história crônicas e artigos de minha autoria, além de inúmeros trabalhos anônimos veiculados “sem crédito” – algo comum no meio nos tempos de outrora .

Mas o viés deste artigo de hoje é a abordagem de um ponto comum a essas duas atividades, ou seja, à advocacia e o jornalismo, conquanto em ambas coexistem fatores excludentes de relacionamentos sociais . Traduzindo para uma linguagem mais direta e objetiva, as duas atividades trazem intrinsecamente a capacidade de gerar antipatias. Em alguns casos até mais que isso – inimigos mesmo !

No caso do exercício da advocacia a situação é bem mais aguda e, parece mentira , o advogado quanto mais dedicado e competente, mais coleciona desafetos – é impossível obter o reconhecimento de qualidade profissional sem confessar que isso custou um rol muito grande de antipatias ou inimizades . Uma derrota judicial por vezes até acaba em reconciliação entre as próprias partes, mas com “mágoas” contra o advogado. É incrível , mas verdadeiro e os colegam que lerem este artigo, por certo irão assinar concordando .

No jornalismo não é diferente e lembro de pelo menos um caso em que recebi um telefonema em estado de “fúria” de uma pessoa que se sentiu atingida pelo livre arbítrio manifestado em uma crônica minha no antigo jornal diário de circulação matutina “Folha Popular” de Santana do Livramento-RS. Em outra situação no Jornal “A Palavra” de São Sepé um artigo veiculado nos anos 90 e que foi elogiado pela enorme maioria da população me rendeu uma antipatia que persiste aos dias de hoje.

É óbvio que o assunto jamais se esgotaria neste artigo que concebo aqui no anoitecer de um sábado monótono. Nem teria essa pretensão ... sabemos que quando as letras se voltam para enunciar juízos de valor , sempre haverá o confronto de interesses e nisso, a inevitável provocação de efeitos colaterais decorrentes de fatores excludentes que são, como antes dito, ínsitos às duas atividades.

Como iniciei este artigo falando da comemoração dos vinte e cinco anos de colação de grau, encerro dizendo que faz parte dessa celebração, também a análise diferente aqui feita e que mostra esse “outro lado” , muitas vezes desconhecido ou mitigado por quem “olha de fora” e não imagina essa faceta que deixa o legado da exclusão e do isolamento aos profissionais do direito e do jornalismo. As mesmas palavras que atraem o aplauso também invocam ódios.